ARAUJO, Heraclides Cesar de Souza. A Lepra: modernos estudos sobre o seu tratamento e prophilaxia. Belém, PA: Typ. do Instituto Lauro Sodré, 1923. 102 p.

- 80 - !lâo ter sido a sua copstrucção ás propedeuticas do serviço scientifico dirigido pelo dr. Souza Araujo. E para que o leitor fi(}ue sabendo do motivo por que la– mentamos, vamos explanal-o aqui mesmo:-logo nos pri.mei– ros mezes de serviço, o dr. Heraclides dissera, em artigos, que então publicára sobre lepra, duvidar que Belem tivesse Soo leprosos, e accrescentou:-ffMais do que isso, que já represen– ta 6 leprosos por mil habitantes, seria motivo de urgentes me· <lidas prophylacticas sem se olhar a sacrificio>l. Nós, então, que sabíamos com certeza que Belem possuía, como possue, de leprosos, mais de Soo multiplicado por 3, achamos do no:so dewr demonstrar-lh'o, o que fizemos em 2 de Agosto de 192 r, pelas columnas deste orgão, que gentil– mente, agora, dá publicidade a este arrazoado, em defeza dos que ainda possam livrar-se da contaminação hanseniana, que, na actualidade, com o seu «virus>l, ameaça a todos,-reunindo dados que o evidenciaram. E em nome da população sã, pedíamos ao digno chefe da Prophylaxia que, se fosse possível, fizesse preceder ás demais a prophyh:xia da lepra, porque víamos, como vemos, que esta seria, e é, a de maior vulto em beneficies á população que tudo ignorava, como ainda hoje ignora tudo o que diz respeito á lepra: transmissão, prophylaxia e tratamento; contrariame::it_e ao que se dá com as outras endemias, para as quaes ha medi– camentos de absoluta efficacia, e o povo sabe, mais oa menos, tratar-se, já por si só, já por intermedio de um clinico, a quem recorre, quasi sempre com exito: o que se não dá com a lepra, que marcha progressivamente e desobediente a tudo, por assim dizer. . Só agora, entretanto, é que se vae resolver o problema da edificação da leprosaria. «Antes tarde do que nunca>l .. . Ao passo que, se ella tivesse sido construida e viesse a funccionar desde Janeiro de r922, se teria poupado de infecção leprosa, no mínimo, uns 500 sf'res, que se contaminaram, certamente, nesse período, e que só agora do sabendo á me– dida que se examinam, estar contaminados de lepra. Para a corroboração dessa asserção, bem podi~mos enu– merar urna porção de casos novos, que examinámos recente– mente, cuja explosão do mal não tem mais do que meia <lu– zia de mezes; mas acharnol-o desnecessario. Eis abi a razão do nosso lamento pelo retardawento da leprosaria. Pela grande quantidade de leprosos existentes em Belem, os quaes computamos em 3.000, pouco mais ou menos, infe– re-se que, em dóse minirna, 3 pessôas são diaciarnente infec– cionadas de lepra, seja por contacto directo, seja por meio de vebiculadores. Isto quer dizer que, em um mez que hoje se

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