ARAUJO, Heraclides Cesar de Souza. A Lepra: modernos estudos sobre o seu tratamento e prophilaxia. Belém, PA: Typ. do Instituto Lauro Sodré, 1923. 102 p.
-·77 - Será base fundamental do nosso prograrnma o isolamento obri– gatorio de todos os leprosos existen:es no Estado, qua 1 quer que seja a phase de evolução da doença. Os leprosos indi– gentes e vagabundos serão isolados em colonias agrícolas, es– pecialmente installadas para esse fim, corno aconselham a So– cieté de . Pathologie Exotique de Paris, Oswaldo Cruz, Jean– selme, Laveran e muitos outros hygienistas e leprologos mo– dernos . Os leprosos ricos ou abastados serão obrigados a se isolar ;l domicilio, quando não se quizerem sujeitar ao inter– namento nas leprosarias officiaes . Hansen provou qrn~ o isola– mento a domicilio, sendo rigorosamente fiscalizado pelo corpo medico do governo, dá tambem bons resultados. Na Europa cnde o povo é de regra mais ou menos illustrado e sobretudo disciplinado, o isolamento a domicilio póde ser uma realidade; mas entre nós duvidamos muito ... Em alguns pai zes fazrn1-se os isolan:entos dos morpheticos em hospitaes, com o que não. concordamos em absoluto . Contra esse methodo de isolamen · to se oppõe Oswaldo Cruz. Somos do parecer de Jeanselme, quando aco:iselhava : «L'isolément idéa l serait réalisé par une colonie agricole établie sur une ile plus ou moins voisine du !ittoral. » Osw,d<lo Cruz tarnbem já aconselhou, em 1913, aos Po– dere:s Publicas, o isolamento de leprosos na Ilha Grande. Ainda não conhecemos as ilhas adquiridas pelo governo do Paraná, mas se ellas offerecerem as condições que estipulámos, st:rão utilizadas immediatamente para a construcção de urna lepro– saria modelo, não diremos com todos os requisitos de hygiene e conforto que offerece a de Culion, nas Philippinas, com a qual os americanos dispenderam milhões de dollars, mas offe– recerá aos leprosos que nel la fo rem isolados, na medida dos nossos modestos recursos, condições de hyg iene, fartura e bem e~tar, sufficiente para torna i-os relativamente feli zes. Se os leprosos habitando o Paraná excederem ao numero de 500, será necessario construir, além <las leprosarias maríti mas, uma ou duas leprosarias no continente, proximas aos maiores fócos , e de preferencia urna proxima á fronteira com o Estado de S. Paulo e outra com a do Paraguay. Os leprosos são de duas classes, validos ou invalidos, segundo o seu estado physico, isto é, segundo a phase de desenvolvimento das lesões. Essas duas classes de leprosos se subdividem, segundo a sua situação ma– terial, em ricos ou abastados e pobres . Já dissemos atraz que o isolamento será obrigatorio para qualquer classe de leproso. Como todo o individuo indi– gente e enfermo tern direito á assistencia completa em toda a sociedade civilisada ou bem constituída, assim o leproso que deve ~er segregado para segnranqa <la collectividade, deve sei- o,
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