ARAUJO, Heraclides Cesar de Souza. A Lepra: modernos estudos sobre o seu tratamento e prophilaxia. Belém, PA: Typ. do Instituto Lauro Sodré, 1923. 102 p.
76 · Nó' hospital, o leproso ficá entregue á sua faralidade, tra– tado como doenté, improductivo, tend_o como preoccupação exclusiva a molestia que o infelicita e os governos ver-se-iam sobrécafregados de colossal despesa>i. Da these que defendi perante o Primeiro Congresso Me'. dico Paulista, em dezembro de 1916, vou tr:mscre\·er alguns trechos do programma de propbylaxia da lepra por mim apre– sentado. Nada se havia feito sobre o assumpto e::n nosso paiz, no ponto de visto pratico, por isso cabia-me uma grande res– ponsabilidade na organização de tal serviço, que me havia sido commettido pelo governo do Estalto do Paraná, pelo que eu me tinha decidido a imitar o que se tem feito modernamente noutros paizes, tirando de cada um dos systhemas de isola– mento adaptados, o que havia de melhor e apoiado na expe– riencia dos outros, iria procurando adaptar ao nosso meio as medidas que nos parecessem mais acertadas e mais efficazcs, não deixando de '11odifical-as cu melhorai-as sempre que as .::ircumstancias o permittissem ou exigissem. O meu programma daquella épocha é o mesmo de hoje, salvo pequen:is determinações regulamentares que serão leva– das na devida cunta. Desse programma transcrevo o que se segue: «Como está fartamente provado que a lepra se trans– mitte por contagio, de homem a homem, embora seja desco– nhecido até hoje, na sua intimidade, o modo pelo qual se dá esse contagio; sabendo-se mais que lhe é indispensavel um ccntacto prolongado e intimo, sabemlo-se mais que a lepra não é uma molestia do animal e que o seu bacillo não se multiplica fóra do organismo vivo: sendo o leproso, portanto, a cultura ambulante do bacillo de Hanse:l,--o portador do germen infectante,--só ha uma prophylaxia para a lepra e esta se resume no isolamento do doente . Esta noção do contagio Ja lepra é tão remota que até Moysés pôz em pratica o isolamento dos doentes, para evitar a disseminação do grande mal. Modernamente o isolamento dos leprosos tem dado ex– cellente resultado na Noruega, na Allemanha, na Islandia, no Archipelago de Sanq_w ich, na Nova Caledonia, na Africa Oriental Allemã e nas- Phil ippi nas. E essa prophylaxia tem sido tão efficien te, que em algu ns paizes a lepra está qu.!si extincta : por isso é hoje crença geral, que o simples isola– mento dos leprosos bast;i., não só para estancar a corrente di ssem inadora Jo grande flage!lo, mas para extinguil-o por completo! Não ca recemos insistir nesse ponto e nem offerecer-vos provas detalhadas das vantagens do isolamento, pois todos vós conheceis a \·astissim:1 documentação irrefutavel, existente .
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