ARAUJO, Heraclides Cesar de Souza. A Lepra: modernos estudos sobre o seu tratamento e prophilaxia. Belém, PA: Typ. do Instituto Lauro Sodré, 1923. 102 p.
- 75- ex1st1ram na Europa milhares de leprosarias e essa medida pro– phylactica fez desapparecer .ª lepra, quasi por completo, em todo o continente. Sendo a lepra transmissível por contagio, de individuo a individuo, e não havendo no Brasil prophylaxia nem isola– mento, pôde essa doença avassalar todos os pontos do nosso v::!sto paiz. Sobre isso disse o nosso sabia mestre dr. Oswaldo Cruz ( I 9 r 3) : «A lepra entre nós está a merecer cuidados es– reciaes. A filha mais velha da Morte, como é confirmada r:o livro de Job, tem tomado aqui incremento que está pe– din do guc se lhe anteponha paradei ro ... A fab de prophylaxia_ especifica não é razão bastante para qne fiquemos a moda dos musulmanos : hraços cruzados di:rnte do fl.agello, gue, aos poucos, se expande e se alastra. O gue é positirn é gue a molestia se transmi tte. Como, não o sabemos. Mas o leproc:o é, ao menos, um dos depositas do víru s. Isto está provadc. Dahi a 11e.:essidade de isolai-o da communidaden. O dr. Os,ya]do diz gue : a !>equestração do morphetico só é pratica guarido feita en, «colonias de lepro– SOSll e, apresentando a idéa do isolamento na Ilha Grande, conclue : «E' uma idéa a estudar que poded ser modificada, melho,rada e mesmo alterada, desde que o seu <<suustractum)> - o isolamento dos ];;prosas em colo11ias--- permaneça de pén. Sabendo-se que o uuico recurso de defrsa ac tual é a segrega– ção, porque não se crearn tantas lcprosarias quantas forem necessarias, para salvaguardar o futuro d:i raça ? A segregação dos doentes será comple tada com a separa– ção dos seus filhos, ao nascer, o que garantirá a extincção do mal em urna unica geração. Diz Blanguie;- qué esta medida pare– cerá á primeira vista rlraconiana, mas o facto de deixar-se com a mãe uma creança sã, sabendo-se que s::-rá fatalmente contami– nada por ella, e a condemnar assim a tornar- se leprosa, não constitue um verdadeiro cri111e? Muito embora esteja provada a efficacia dessas medidas, os nossos Estados não dispõem siguer de uma leprosaria onde os desgraçados leprosos possam se re– colher e ahi passar tranquillos os ultimas dias da sua misera existencia. No Rio e em São Paulo existem hospitaes para leprosos, mas isto não melhora a situação porque o leproso não é um doen te hospitalisavel, senão em casos de molestia intercorren– te ou de complicações da lepr~. Disse o dr. O . Cruz : «A hospitalização do leproso não é coisa exequível como medida pro2hylactica. A lepra é mo– lestia de longa duração, mata lentame1 :te, mutilando aos pou– cos o individuo, deformando-o, e isto em decurso moroso de r a 4 decennios.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0