ARAUJO, Heraclides Cesar de Souza. A Lepra: modernos estudos sobre o seu tratamento e prophilaxia. Belém, PA: Typ. do Instituto Lauro Sodré, 1923. 102 p.

- 65 - Hutchinson acreditava ser a lepra adquirida pela ingestão de peixes e existe ainda a velha theoria brasileira d2 transmissão da lepra pela carne de rorco. São numerosíssimas as observações de tra'.lsmissão incontestavel de um doente a um individuo são. Mais consideravel é ainda o numero de in6ividuos que fi– cam indemnes, muito embora tivessem repetidas occasiões de contagio. Por isso acredita-se numa predisposição particular para acquisição do mal. Como factores predominantes Jo contagio, H:111sen refere a cohabitação prolongada ou relações de intimidade e falta de hygienc. D'ahi o considerar-se a lepra uma molcstia da rnise– ria, com o grande acervo de causas de depauperamento org,mi– co, colloqndo o individuo em estado de menor resistencia e determinando as pred(sposições la!entes, estigmas residuaes do ata\·ismo, que constituem o que chamam os pathologistas- potencial pathogenico constitucional. . Chantemesse e Moriez publicaram inkressantes observa– ções de contagio directo, no fóco-endemico dos Alpes-Maríti– mos da Franca. Interess;ntissimas são tambem as observacões de Hawel Benson, em Dubl_in e \Volff, err. Straburgo, e ~s seis casos de Léloir communicados á Academia de Paris, em r89 3. Está far– tamente verificada a transmissão da lepra em regiões indemnes desse m1\. Sobre esse grande perigo disse a commiss:io da Aca– demia de Medicina de Paris, em r 9 r 4 : «Vemos que em plena metropole podem-se declarar caws isolados de lepra, seja após uma cohabitação ind,scutivel com um leproso manifesto, sej·1 fóra de toda relação manifesta com um doente. Si estes casos de lepra êontrahida em França fica– rem espalhados, não se póde afastar a possibilidade da creação de novos fócos.» Para a propagação da lepra concorreram poderosamente a religião e a pc,litica intern1ciona\. A pretexto religioso organiza– ram-se as celebres cruzadas que espalharam a lepra por toda a parte. Er:1 tão grande a sua epid::mia nessa épocha, que os go– vernos ficaram sériamente alarmados e para interceptar a mar– cha avassaladora do terrível mal, construiram nos di\·ersos pai– zes christãos do Occidente, 1J.1ais de 20.000 leprosarias, e crea– ram outras medidas coercitiYas impostas com rnaxima severi– dade, conseguindo dessa fórrna reduúr o mal a cifras infimas. Napoleão, com as suas terrivêis invasões e guerras intermina– veis, foi tambem um gr;Jnde responsavel pela propagação da tepra na Europa . Por egual crime na Amcrica do Sul, são os principaes responsaveis ns hespanhoes e portuguezes, com– merciantes de escravos !. .. Virchow admittia a realie.fade da lepra pré-columbiana.

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