ARAUJO, Heraclides Cesar de Souza. A Lepra: modernos estudos sobre o seu tratamento e prophilaxia. Belém, PA: Typ. do Instituto Lauro Sodré, 1923. 102 p.

-4- Desde que o papa Damasio II creou a ordem de São La– zaro, no anno de ro-1-8, a qual subsistiu até ! 2 53, e cujo Grão Mestre dc\·ia ser sempre um leproso, tornou-se habito chamar– se a lepra de «Mal de Lazaro)J. Na litteratura é commum \·êr-s:: a confus;"i.o que faz::rn os escriptores profanos entre mal de Laz:iro e mal de Job. Vargas Villas no seu empolgante livro «El Huerto dei Si– lencio)) descreve lindamente a v·ida :itroz de um leproso, e logo noutro livro «La de·1iencia de Joo», em que faz interessrntes observaçõt:s soci,1e'.; e religiosas, considera o seu leproso ataca– cado do mal de Job. O prill,ciro destes linos é em todos os sentidos melhor que o segundo. Entre leigo, não é de admirar que se faça cJnfusão da le· pr;, com a lues, quando medicas que se dizem especialistas af– firmarn serem a Lepra, a Mo rp hé.1 e a Elephantiase (dos fTe– gos) doenças distinctas. Entretanto apregoam corno especifi:o seguro para todas as Ires um unico medicamento. Após a éra bacteriologica é muito usual designar-se a le– pra por Mal de Hansen, ou b:icillose de Hansen, em hornena· gern ao descobridor de · seu bacillo, o dr. Armauer Hansen, eminente leprologo norneguez. Esta descoberta foi realizada em r874, e orientou Rob~rto Koch quanto ao achado do bacillo da tuberculose, que é do mesmo grupo, e que só te,·e log1r no an no de r88 r. Sympto111atologia.--Todos sabem que a lepra é urna der– matose chronin, de evolução muito lenta, produzida por um bacilio acido e alcool resistente, C\LGtndo geralmente a morte. Ha, entretanto, casos de cura espontanea e muitos de cura medicamentosa. A ;;cquisição do mal pode-se dar por con– tagio directo, a mais frequente, ou por transmissão por um wctor animal, provavelmente hernatophago. Modernamente está em fóco a theoria da transmis.;ão culicidiana. O meu sa– bio mestre de Manguinhos, dr. Adolpho Lutz, affirma que dois mosquitos, muito espalhados no Bras:1, o C11lcx Jatigans e o Culex pipiens são o, principaes transmissores da lepra. Diz elle que durante o accesso febril, que cada leproso tem uma ou mais vezes em cada anno, o bacillo de I-fansen passa para a circulação peripherica, sendo então facilmente transmittido do leproso p:ira um individuo são, pela picada de um d:iquelles hematophagos . Opportunarnente voltarei a este assumpto quando tratar da prophylaxia da lepra. Os symptomas da lepra são rnultirnodos, por isso ·existem della varias fórmas clinicas . Para facilitar a sua rapida descri– pção vou dividir a sua evolução en, pericdos, lembrando sem– pre, como faz Patrick Manson, que esta divisão é em grande pane artificial, porque em muitos dos casos esta separação

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