ARAUJO, Heraclides Cesar de Souza. A Lepra: modernos estudos sobre o seu tratamento e prophilaxia. Belém, PA: Typ. do Instituto Lauro Sodré, 1923. 102 p.
- 17 - ataxia e incoordenacão dos movimentos corno se verificam nas myelites. Com a at/ophia dos braços, dos musculos das regiões thenar, hypothenar e in:erosseos dá-se a flexão dos dedos, to– mando as mãos o aspecto de garras ou de mão de macaco. Os membros inferiores tambem soffrem graves alterações de modo a prejudic~,rern a marcha do leproso. Mais tarde vem a atrophia dos musculos do tronco, com phases de insensibilidade. Na face tambem ha atrophias com grandes alterações phy– sionomicas; pela atrophia muscular as palbebras não se fe– charão mais e os olhos se tornarão immoveis, dando :10 indi– viduo um aspecto aggressivo, a que os gregos denominaram de satyriasis. -Depois de forte lacrimejamento, a conj ..rnctiva conges– tiona -se e endurece, a cornea se ulcéra ou tonu-se leucoma– tosa, e dá-se a perda total da vista. O nariz sofft-e deformações indenticas ás descriptas na lepra tuberosa. Ha tamoem para– lysia dos labios, acompanhada de constante fliminação salivar; a lingu:t e a mucosa buccal pódem ser atacadas de ancsthesias com paralysias dos musculos mastigadores, o que impede o doente de falar e comer. As unhas se deformam; rompem ulceras nos pés e mãos, as quaes pódem atacar as articulaçôes d-os dedos e as desorga– nizar, produzindo a quéda àelles. Em certos casos observa-se uma _eSFfCie de g-rngrena secca, que amputa os ded0s sem sangue e sem dôr, á qual os francezes chamam de panaricio analgesico. Noutros casos h:i urna absorpção intersticial de um.t ou mais phalanges, conser– vando-se a unha, que parece nascer da articulação metacarpo– phalangiana. No Instituto de Prophylaxia matricularam-se alguns le– prosos com este curioso syrnptoma. A deformação dos gran– des artelhos ou conservação destes e desapparecimento dos ar– telhos medianos é relativamente frequente nos leprosos do Pará. Em outro artigo já foliei tambem sobre a frequencia da ulcera perfurante plantar nos rnorpheticos desta cidade; essa ulcera póde localizar-se na plant1 do pé, do calcanhar ou do grand': artelho. A's vezes este symptoma é unico num caso de lepra ner– vosa. A evolução da lepra nervosa é mais lenta que a da lepra tuberculosa, sendo esta em média de 10 annos e aquella de 20. Registra entretanto a litteratura medica casos que duraràm 30 e 40 annos ! Como p:ira a ou~ra f6m:a clinica a morte se dá quasi sempre por urna das complicações da propria infecção, predo· minando as pulmonares ou nephriticas. De lepra nervosa já vi alguns doentes atacados das facul-
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