Penna, D. S. Ferreira. A ilha de Marajó: relatório apresentado ao Exm° Snr. Dr. Francisco Maria Corrêa de Sá e Benevides. Pará: Typographia do Diário do Gram Pará, 1875. 81 p.
A ILHA DE MARAJÓ. recebem em pagamento dos gcn~ros~ porque em nada lhes e isso ·necessario. Si os patrões e senhore~ fürtam por esta fórma, está claro que os vaqneiros das fazendas não hão de deixar ele imitar taes exemplos, tanto mais que d'isso · lhes resulta grande' pro- veito. . · . Mas o furto de gado não pára ·n'isto; o fazendeiro furta tambem·para augmentar a sua fazenda, como já observei. A principal arma com que joga n'estc ca·so é a corrupção dos vaqueiros das fazendas 'Visiohas, ora para fecharem os olhos, ora para tambem roubarem por sua Yez. Este genero de furto consiste na assignalação de gados que ainda não foram assignalàclos por seus donos e no vidamento dos sjgoaes de gados já assignalados. Favorece ao ftwto feito por esta fórma o abuso qne se tem feito ele signaes, pois é raro o fazendeiro que, além do signal para o qual tem titulo, não uze de dous, quatro ou seis. ,• Por causa cl'este abuso, hoje tam geralmente introduzido-,. , o signal não serve de garantia alguma ao fazendeiro. Quem conhece o vaqueiro ele M:irajó não tem a menor clif.. ficuldacle em comprehender que corrompei-o é a cousa mais '. facil do mundo; basta s::iber que por urrrfrasco de cachaça o vaqueir;o assignala um bezerro. Mas, quáodo não vá âs~igna-– .lar em pessoa, consente q.t1e o v1sinho, que o corrompeu, as- signale, deixando-se elle ficar em casa ou indo para rumo di- verso. , Por estes e ontros meios, tam indignos de hop.1ens que se– presam, ao passo que umas fazendas se elevam, outras deca– hem. Em todas r,llas reina mais ou menos este costume de furtó ele gado; e todas s:'ío victimas d'esse crime, d'e~se furto do qua\ -qde.ve resultar e resulta (como disse o capitão gene– ral Souza Coutinho no Iogar citado) a continuada desordem de· «que todos murmuram e se queixam, sem verem que ella pro– «cede cio mesmo systell)aque praticarp. » , E' o caso de dizer.-se : Todos gritam e nenhum. tem ra-– zãq! ((No dia em que o fazendeiro · convencer-se de que não deve furtar gados (disse um illustre cavalheiro, respeitavel e– abastado fazendeiro),)) e que nem é de sua conveniencia fur– tar, pócle-se asseverar que o furto de gado tem desappare– cido da ilha. E accrescentou : «O fazendeiro que se resolver a. criar o seu gado, apro– veitando os iecurios que a cri!lção offerece e regulando as suas– despesas segundo os ,principios de uma ·san ·economia,~esS&
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