Penna, D. S. Ferreira. A ilha de Marajó: relatório apresentado ao Exm° Snr. Dr. Francisco Maria Corrêa de Sá e Benevides. Pará: Typographia do Diário do Gram Pará, 1875. 81 p.

A ILHA DE MARARAJÓ . Estas ultimas palavras do • fioado presidéote do Pará tem sido frequent'3mente repetidas, talvez mais como belleza de estylo do que como resultado de êstudos sobre tam importan . te assumpto; pois é certo qur, o mesmo presidente que as es– creveu, enganou-se. O furto de gados em l\Jarajó não é uma industria, como elle pc'nsou; é cousa bem cliffcnnte : é um ha– bito gue.tem pa s-saLlo inalteravelmente de ta tara vós á tataranetos, de geração em geração, e qu e. tem tillo a sancção de mais de um secul!1, Em outros termos: o furto de gado em Marajá é um costume, e êostume tradicional. , · J,iÍ em outro Jogar ficou provado pela_estatist.ica e é de pri– meira iotuição que D numero de gado vaccum· em l\'farajó di– minue sensivplmente, e eu indiquei algumas das causas que se assignala como concorrendo para es te facto que não póde en– capar aos olt:os de qualq1~er obsenador; vou recapitn!al-as ou melhor, retocal-a s para chegar ao por.to .capital, à causa mais importante qne é a designada na epigraphe-Furto de gado. , Enteodem uns que uma das causas é o espirito de rotina - • que se implantou e se tem arraigado na Ilha, repellindo toda a sorte de melhoramentos . Outros entendem que a causa do mal está na excessiva– exportação, para consumo, c!e gado proprio para a reproduc– ção, corno são as vaccas oov:Js, n0vilhas etc. E, emfirn, como causas mais poderosas, os grandes inver– nos , fam repetidos n'estes · ullimos annos e tam prolongados. ·como não ba memoria n:dlh~, mergnlhando 2 metros e as ve– zes um poHco mais, Jogares otitr'ora reputados seguros logra– douros n'estas estações invernosas . e que, cumo em 1872 e 1875 , quando menos prejuizos causem aos ctiadores, extin– guem-lhes a producção elo armo . • Não ha duvidá que caja pma cl'estas causas, conjuncta ou sêparadamente; deve ter 'influído mais ou menos fortemente para o facto que se vê: diminuição e,-mais que diminuição, - tendencia pronuncinda pará a ex tincção da criação de gado~ p:ira reconhecei-a basta ver-se quão deserfas estão hoje cam– pinas extensa~:, nas qn;1es ainda se descobre vestigios cio gran– de numero de g,idO que outr'ora con ti veram. Mas, dominando, superando tod:i :;,. essas caüsas, está o furto de gado com .te-d a a sua malefica influenci a. Esse furto é um elemento destruidor, geral e perrnaneo te, em todas as estações: assim como em tod::is as localidades . Todos os fazemleiros criari:1m mais ou menos e sempre, ,. com proveito, porque as oondições da Ilha favorecem ·sobre-– maneira á industria criadora. Os_grandes invernos e a expor-' tação excessiva de gado de producção, que são, sem duvida,. um grande mal. ·oão arre~_!3ntam:' _todavia, o.~aracter de ge-

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