Penna, D. S. Ferreira. A ilha de Marajó: relatório apresentado ao Exm° Snr. Dr. Francisco Maria Corrêa de Sá e Benevides. Pará: Typographia do Diário do Gram Pará, 1875. 81 p.
A ILHA DE l\fARAJÓ. Nem uma d'estas condições foi satisfeita até hoje; mas a despeito d'issó, ou por isso mesmo, mal ioi decretada a lei, a freguezia começou logo a funccionar, mandando-se provisoria– mente para ella o vigario collado .de Macapá e indo parochiar a esta um dos conegos da Sé. . A freguezia não tem ainda igreja alguma, a missa e todos os mais actos religiosos eram celebrados, até f87i, em um quartinho do trapiche dos srs. Monteiro & C.ª Em frente dess-e quartinho-matriz ondé algumas vezes _seria mister expôr o sa– cramento e onde se deYia celebrar actos de tanto respeito e magnitude, como são os religiosos, depositavam os freguezes do trapiche seus saccos de farinha, barris de manteiga, feixes de piramcú, molhos dé t:::baco, cambadas de borracha, azeite, carne secca etc. com taes cargas que as canôas e vapores alli depositavam, ficava o logar litteralmente tarn entupido que era impossível abrir a porta d'aquella singular matriz e muito me– nos celebrar o viga rio a sua missa no meio ele semelhante basar. Hoje esse. quartinho deixou felizmente de ser a matriz. A casinha que agora serve de igreja, nada tem de melhor; mas já · se não vê o escandalo ou profanação qne notei e que foi de– vido á precipitação com que em clespr3so da lei provincial se tratou de installar a freg11ezia, illudindo-se, com informações inexactas. a boa fé do rvd. Bispo que não conhecia a localidade. Tinha o povo levantado esteios e traves para uma igreja, e isto foi. provavelmente o que fez crer que esta já existia; mas essa armação não foi adiante, desde que se obteve o fim principal que se tinha em vista. . ' O vigario provisorio mora em uma cásinha cuja coberta e paredes são de palha. · No estado deploravel em que desde alguns annos vae ra– pidamente cahindo o espírito religioso da província, penso que seria de muita utilidade e conveniencia construir-se alli um.!l igreja, concedendo o governo para isso algum auxilio pecunia– rio aos habitantes ou ao menos concorrer com tijolos, telhas e e.ai, como pedem as mais dignas e respeitaveis p~ssoas da fre~ guezia. Na povoação ha 2 escolas primarias e uma particular sen– do esta ultima parJ o sexo femenino frequentada por iO alumnas. A borracha é o genero que dá vida a esta povoação para a qual attrae um commercio activo ·e importante. Todas as mattas da freguezia são ricas de arvores que fornecem este producto. Notei, p·orém, na minha ultima visita a esta povoa– ção que .ella marchava visivelmente para a decadencia, e este juiso foi corroborado por pessoas muito praticas do Iogar, que attribuem esse principio de decadrncia adiversas causas e prin– cipalmente ao facto de subirem os vapores hoje até Luciana e
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