Penna, D. S. Ferreira. A ilha de Marajó: relatório apresentado ao Exm° Snr. Dr. Francisco Maria Corrêa de Sá e Benevides. Pará: Typographia do Diário do Gram Pará, 1875. 81 p.
t6 A ILHA DE. MARAJÓ., Não tenho observações ségÍ)idas ou regulare~ para fornecer dados seguros e exactos sóbre a sua trmperatura média; posso apenas assegurar que durante os mezes de outubro a dezem– bro passados na costa-norte e nos campos das fazendâs proxi– mas á costa, nunca -notei menos de 25. º centigradas de man– han até 8 horas, nem mais de 32.º do meio dia ás 3 horas da tarde. Na secção das mattas não observei . o thermometro senão raras vezes e estas mesmas sômente nas horas ' mais quentes do dia, oscillando a temperatura entre 31.º e 3::-2º, 78. Esta secção que em tudo contrasta com a dos campos, excepto · na temperatura, é as·vezes demasiadamente calida durante o verão. As mattas são mais · frequentementr, pantanosas; os igapôs são numerosos e é ordinariamente · n'elles (fue se encontra os. _mais•ricos siringaes e onde o fabricante de borracha passa ·as– primeiras quatro ou cinco horas da manhan golpeando as ar– vores e colhendo a seiva para ir preparar aquelle producto den– tro cl'uma barraca. Semelhantes ,terrenos não podiam déixav· de ser e effectivamente não são sinão outros tantos fôco~ de febres intermittentes e_palustres . que tem dizimado mi_lhares de pess9as.. , O gehero de alimento de que se servem os siringueiros não concorre pouco para aggravar o estado dos que inferma n: o pirarucú secco, o peixe do matto, as vezes alguma caça e a fàrinha são os unicos alimentos de que se nutrem os que .estão de saude 'C os que adoecem, e á muitosJattam frequentemente todos esses recursos, ou apenas acham um pouco de farinha ··que os· alimenta, tomando-a misturada com agua, e outros re~orrem a bacaba e ao assahy, eín falta de melhor alimento, Ao passo que n'estes lugares o homem vê-se, como que . 1 • abafado dentro J de um ·circulo, quasi por toda a parte mu– rado pela espessura das florestas que o rodeam, constrangido a aspirar os efiluvios ' pestiferos das mattas e igapôs sombrios, o habitante da região dos campos, sorvendo o. ar ,puro que lhe· trazem do oceano os ventos g@raes, bem nutrido, alegre e vigo– roso, percorre as campinas a galope sobre bons cavallos, ro– dei/mdo o gado, e condusindo-o .aos curraes. Quasi se poderia. dizer: Aqui é o homem livre, alli escravo. · Mas, sj nos campos da costa-norte e mesmo nos da orien– tal, não r,stá o homem tam sujeito ~s molestias que maltratam o habitante das mattas, nã_o succede o mesmo no centro da Ilha, mormente nas margens do Arary. As febres n'esta parte dos campos affiigem ·muito -aos habitantes nos primeiros dous mezes do inverno; •más estão .longe de produzirem ahi os mesmos effeitos, frequentemente funestos, que ellas produzem na secçljo das mattas.
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