A Estrela do Norte 1869

, 104 A ESTRELLA DO NORTE. tras vezes diante de uma Imagem de Nossa lá se achasse um lacaio para livrai-o da chi– Senbora. cara de chá. Era justamente a Imperatriz , Quando hia a caça e se achava em>ma ílo- que se .achava atraz delle, e sorrindo-se to– resta, ponha a Imagem de Nossa ,Senhora di- mou ella a.chicara das suas mãos, contendo ante de si, e ajoelhava-se para dizer a Salve com um olh ar imperioso aos cortezfos, que Raúiha, em quant0 a sua comitiva estava queriam advertir o pianista da sua distracção caçando. por es ta vez um pouco forte. Conta-se do rei Roberto o seguinte caso, O conde tocava; á uma peça, seguia- se que não deixa de ter seu interesse : uma outra, á segnnda uma terceira, e a lm- Estava um dia orando em uma Igreja o pcraLriz scmp1·e conservava di strahida cm Rei Roberto .! Um homem da corte, mas um sua müo a chicara do mclomano. chefe de ladrões, lhe cortou um 1 pedaço de Sohl'eveiu Nicoli'LO.-Qne ira vossa mao-es– seu vestido real, e preparava--se já para cor- fade descatTega1· por um instante a chic:1ra ele taro outro, finjindo assim querer alliviar o Wilihoursky? Começo a me sentir cançada, Hei de um grande pezo; quando o piedozo <lisse a I rnpcratriz ao ouvido do autocrata . . 'i– principe, não querendo punir o delinquente, col.'to compl'chl'ndeu logo do que se trataYa. lhe disse cm voz baixa, para não perturbar prel:iLou-se de boa vonladc á brincade ira . o silencio do templo: ctDeixai, meu amigo , o Uurnntc uma longa hora , o conde tDcarn, vosso intento; con tentai- vos com o pl'imeiro e a Irnpcrafriz e o Imperador passavam e re– pedaço; alguem terá necessidad_e do outr:o; pa~:_avam- so um ,~o ~utro a c.;hicat·a de chá. não leveis tudo . » Oculp· do queria estar dts-J hnalmentc o pw.mst~ levantou -se . tante á cem lcgoas n'aquella hora; porém -Tomal' a vos.-a ch1cara, caro conde ; a não lhe aconteceu mal algum; a bondade minha müo está como adormecida, 'dissc-l11c do Rei perdoou-lhe o crime . a lrnpuraLr iz. Imagine-se a perplexidádc uo A França perdeu este príncipe no armo conde e o jubilo da sociedade reunida. 103 1, no dia 20 de Jul ho , segundo alguns chroni stas . Deos, por intercessão de Nossa Senhora concedeu ao piedoso Rei Roherto a graça de urna bôa morte; pot'que este cysne real nüo cessava de cantar os psalmos de David, e tendo vivido chorando .os seus peccados, não podia morrer senão cantando os lou– vores de Oeos, e o feliz estado de sua alma. Foi solemnemente transportado ú Pariz de Pariz ú S. Diniz. Parecia enterrar-se com ell e a felicidade da França e o braço direitlJ da Igreja de Deos. Os quatro elementos ~o seu coração eram: a humanidade, a mize– ricordia, a devoção e a caridade. Toda a Fran('a. cobrio-se de lu(jto; e as lagrii11mi <la ,iação teslemuohaYam o ::;eu amôr pelo pie– tlozo H~i Roberto. Ei,. a' morte de um filho de, Maria! ~ A.11..c«lotns D.\ CORTE DE S, l'ETII ESBURGO. O conde :\lichael \'t.ilihoursky, era um ve– lho gentilhornem, de um espiri~o e~can~a– dor, pianista incomparavel, poren~ lao d1s– trahido que as imas tlistra(jçõos trnham-s(' tornado proved)iaes na corte do Imperador :icoláo. A Imperatriz o rstimava muito, e un~ dia 11'uma das suas reuniões intimas o convidou para tocar unltt certa cor-nposiç;iio. O conde, tendo uma chícara de d1ú na mão, se levan– ta, se assenta ao piano, e absorvido pelas mc:lodias que lhe galopurn111 pela cabeça, estendeu instinctivamcnte o braço, como•se Os roubos que se comettlam na casa do Imperadôr, e para assim dizer, na sua algi– beira mesmo, eram exurbitantes . Um dia , a Imperatr iz Cathari na soffrendo d'u1n forte defluxo, o seu medi co lhe acon– selhou fricções com cebo de Hollanda so– bre o nariz . Mand ou-se buscar este remeclio na Cidade: A Imperatriz afomentou o ·seu augusto nariz com cebo; e passou. Isto acon– teceu no anno Ju graça 1790. Em 1850, o irupcJ'ador Nicolúo, percorren– do com um olhar distraido o livrn de contas do ministro ~a ca~a imperial, leu a verba sc/:_iUi nlo: « Para a ema do defluxo de Sua .Ma:,-estado Imperiai,cebodeHollanda: 10ru– bles. ,:, > Lembrando-se perfeitamente de nüo h,wet' pn.dccidq· de se:uelhnnto mo lcstüt nos dias pas:ados, e cheirando alguma ladroeira, o Imperador c.·a.minou com attcnçfto todo o livro do principio até o fim. Faça-Re idéa ela sua estupef'ac,iLO ! Cada dia trazia es:;a rncn– çü.o invariavel: « Para a cura do defluxo de Sua l\lagcstade, cebo de Hollanda : 1O rubles .» Nicol.í.o, encole1'izado exige uma expli– cação desta despeza extraordinaria. Toman– do informa(iõcs, se dr.:;cobl'io, que, desde o defluxo da Imperatriz Catharina, isto é, desde mais d'um meio seculo, n~reinado de trcz <liffrrentes Imperadores, as contas da ca– sa imperial achavam-se toe/os o e/ias carrega– das, com dez t'uble~, preço do cebo destina– do ao nariz imperial, que aliús n'io sentia nenhuma necessidade de tal rcmcdio ! • Um ruhle 2:üUO réi;. --Pn~A.-Typogr1~ph:-ia-;<l:--a-;E;-',r=11-::-:EL~tA-:-:-DO:--;;;-No_11_n-,--18-6(-J,- •

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