A Estrela do Norte 1869
A ESTRELLA DO NORTE . 7 Um dos mais ricos proprietarios d'Austra– lia, 1\1. Powell , partiu para' a caç_a com muitos seus amigos . Tinham as senhoras de r eunir– se aos caçadores na hora do almoço á mar– gem do l'io Huon , não longe de uma catarata , um dos mais li ndos sitios dos arredores· de Hobart- Tow, principal cidade d'aquella ri ca terra . O almoço começou a se r servido e alegres dictos entraram a circular com os melhores vinhos de Fran ça . . De repente é attr ahid a a attenção dos con– Yivas por uma ave de rapina levando um obj ecto cuj a forma dispcrta para logo dolo– roso assombro . A. Sr• Powell que o seguia com olhar desvairado , lança up:1 g-rito despe– daçador e cahe para traz desmaiada . Tinha reconhecido o filho de idade de 3 mezes, que a ama tinha deixado a uma cente– na de passos cm um chale amarrado aos r a– mos de copada arvor e . A ag·uia (que esta era a ave) fugia com s a preza na direcção de uma montanha á d as milhas de distancia . Antes que os convivas tor nassem a s· do espanto tinham duos creadospretos par · o a toda pressa em procura do cruel passai' Apenas passaram- se 20 minutos, ejá, com intrepidez que tocava áraiva e ú vc:rtigem, subiam cllesa escarpada montanha . Emfirn, depois d'inaudiLos esforços, chegaram ao cu– me, sem f'o lego, com as mftos ensanguenta– das . .l\las lá reconhecem com pasmo que o ni– nho d'aguia se achava n'uma concavidade ínaccessi\'el da penedia; mas o tempo urge, um se sacrifica, e tomando a mft0 do camara– da, agarrando- se com aoutran'uma ponta da rocha, pula atravez do abismo, e procura um lugar onde firmar o pé . Neste instante supremo, suspenso por uma mão no precipício, cahc sobre ellc impetuosa a aguia, dando- lhe bic&clas e batendo-o com as u.zas. ~m taes apuros, nfto ha recuar ; as forças, alem disso, se lhe iam esvaindo e vui já largar a mfto que o s.usLenta. De reponte foz-se ouvir um tiro d'espin– garda, e seu tcrri vel inimigo ferido mortal– mente <lcsce agitando cm balde as azas aLé o baixo da montanha. Um quarto de hora depois desta commo– vente scena, o menino era tras ·doá familia cm um estado horrível. A ag-uia quebráro,-Iho o craneo, para dar os miolos aos filhos. -~- \ l[J.aDaa °'a r t a du..~gitl1n- a Deus• Em uma dessas estre itas ruas, contiguas ao mercado de S. Honora to , no ultimo quar– to de uma casa muito Yelh a, vivia uma fami – lia de operar ios, que acaba de ser accommet– tida por uma destas desgraças que fazem es– trern ecer . A esposa , joYen ainda, jazia enferma e de cama, e o marido, uni co apoio de sua fami– lia, soffreu um tcrri vel golpe que o privou de caminhar . N'es ta situação, que havia de fazer? Como <leriam alimen tar-se aguelles infelizes ? En tr e os cin co filho s da familia, havia uma enina de olhos azu es , mui desembaraçada , que todos os di as recebia lições em uma e::,cola gratuitamente . O d ia que mais afíli– ctos estavam ficaya em casa para attender no que podesse a seus pais enfermos . A desgraça de seu pai lhe causava muita pena, porque t razia em r esultado a fome . Assim pois, a mesma innocencia lhe mos– trou um meio de vencer as difficuldades com que luctavam . «Quando es ti\ ermos atribul ados devemos ◄ dirigir-nos a Deus >J nos diz a professora to– dos os dias . Pois bem, vou faze l- o; vou es– crever- lhe uma carta igual a que minha mãi me fez escrever para minha madrinha. Dito e fe ito . Assim que seu pai e sua mãi dormiam o pesado somno de febre, escreveu mal ou bem uma carta cheia de tristeza, na qual pedia a Deus saúde para os que lhe deram o sei' e pão parn si e para seus irmãos . Em seguida sah iu de casa, fo i á. igreja de S. Roque, e procurou occultarnente deposi– tar seu p~queno bilhete em um dos altares. Uma respeitavel senhora que a observava pegou- lhe ligeiramente pelo braço e lhe disse: -Que fazes, menina? A innocentc atcrrorisada começou a cho– rar, e como a senhora continuasse a intcrro– gal-a, contou-lhe ingenuamente ocaso . Enternecida a boa senhora, consolou a menina e tomando a carta lhe disso: - Eu me encarrego de fazel-a chegar a seu destino. • E acrescentou: - Escrevestes aqui o nu– mero de tua casa? -Nú.o, senhora; me disseram q'4,e Deus tu<lo sabe. - E' yerdade, minha filha; 12or6m talvez não o saiba quem se encarregaf de dar-te a resposta. Então a menina lhe disse onde moravam seus pais, o cheia de alegria voltou á sua po• brc habitação.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0