A Estrela do Norte 1863
• 1, A ES'l'RELLA l)l) .J: orrrE. 69 mim , Pro\·íde11cí1:1 é cousa q::e não existe. P a dre. - Que dill';~Ís , filliu '2 Que blasphemia pr ft'ri-.tes ! Artista . - Dis ·e e dirti que não ha Pro·videncía ; ao 111e11os r.ira mim : e se não, queira V . Revma. ouri r_ me : - Eu sou marceneiro. TenhJ mulher e tre;,, tillws. Todos trabalhamos , tudos no~ portamos com h ·J nra , -.em off't•nder a ninguern . No nosso bairro todo~ me conheccni , e sabem que tra– ba lho cu111 o suor du meu rosto pa rasusti:ntH ª 111i11!ia l"a 111il ia. Pa~Jre. - De m~·tu l.>0111 grndn o cre10 , mas que t.,, ,n ttdlJ i~to com a t> ruv ;denc ia? Porq11e so i~ desgraç,,d· mente in credulo · :seu re:-peitu? Artista . - 'ranto r11e devo q 1e i xar da Pruvide11eia, qne estou de animo a dt'itar-1ne a i:tfugar. Padre. - Que loucura met1 ' filho! Não Ítl<;uis tal; veJe que < 0 :11 isto nãu perdeis ,'() a vida do corpn, per<l,,is t- 111l,c111 a da alma. Que motivo po J~s ter para cornrnetter semelli.lnte er :,ne lÜo lwrron.,1-.0 ? Artista. -Meu Padre, eu acab > de suffrer umn pe da eo11-.ide. a– ,;el pelo fallecimento· de u 111 1 • meus devedores; esperando ern ~eus pagamento~, eontrahi clivid ·:s , assignei letras; estl\u a venl'.er _ st' , e pela primeira ven e111 mi– li lta vida não tenho rorn que . s ::.ntisfi zer: nõ.o lia nuis q 1c111 me ernµresle; 1.1eu-s parentes ~ã" wdos pol;re:s: estou re:solvi<lu " t\Ío:,?;a r-mc- Padre. - E vossa mulher? E vossos li lho. .:? O rpw scrfl ch.11 s, se vós faltarJe._? A e;Ws p,da– vras: la~rimas uorbulhavarn nos ulhus do marceneiro, que pro~e– guiu : Arti!:-ta . - Que quer que eu faça, meu Pctdre? Eu não posso sobrevi\'e r á minha deslwnrn. !l'aive~ que com a minha morte elles achem queru dcl les se com– p· deç· . P11tl re . - I\Jas e 1110 com uIes 1.füpu. íc;ões fostes ao meu ser_ mão? Ar\i:sla . - Eu não fui de p.-o– posito ; foi por acaso .. Ao pas ·ar proximo á l,:rt>j.1, vi gnm·le con– curso : pur curiosidade e qu·-1si macltin:d:nente entrei : per_g~tntei o que havia , e , como di ssessem que s espcr,1va um ~rande :ser– rn· ·), íiquei, ouvi a V . RevmJ ., que dis:-:e udl ,1 s cousas ; mc1s , pe11 _ ~ando na 1ninhr1 de~graça, nií.o pude resolver_mc a crer 1u Prov iJen• Cla. Padre. - Q,u,', meu fillt o ! com tãu negro J1; ·iu;niu entl'·istes na l!{rt ,ia , ouvi~tes me , e viestes <les– eobrir _1ne as v<>ss,,s maguas e o vosso de~graçado intento, e nÜt> conh '<'t>is gne em tudo isto an<la a J>rovideni:ia? 'l1u,lo nesta rO\'ers çã,, li:n•ia al.)·1bdo gra11uernen1e o ;winw do Padre Beauregard ; tudo lhe denotav.~ um homem bo11rc1do, f dto de lu ·1.e~, quL' 111Hecia um •ivo int.:resse, e sobre tudo um prompto soccorro . J u g ,u pois inulil exigir maÍtJ• res i11torm 1ções tlepois de tu rer ou itlu a t SlP. i nfeli:1., «'UJ l vera– cidade resumbrn.va cm ,11as pa– lavras e nH 1:eiras, e ai,sim lhe fdlltJU:
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0