A Estrela do Norte 1863

A ESTLIELLA DO NOI\ TE. i Depois de ter assim fallado, correu á I os sinos, assobiava o nrelro, cantava o su a casa, e não tardou a voltar seguido ga llo, batia o tambor - o o monge ron- de um criado carregado de toda a sorte cava. - - Ou tro houYera desanimado. O religio- de provisões. Fez assentar em uma me- so, invocando seu genio, mach in ou bem sa o virtuoso[menino com seus irmãos e depressa uma cobra, qu e, pos ta debaixo seu pai, que neste momento voltava de de sua cabeça, vinha sempre, ás 1 J ho– sua offi cina. Julgae do contentamento ras, lho sibilar :io ou vido : - E' tempo, le– que gozou este honrado bemfeitor , Yen- vante-se ! ilfais habi l foi ª cobra do que o melro, o gallo e o tambor os quaes não do a alegria de toda esta familia e asco– res reapparecerem sobre as faces do pe– qpeno José. deixavam de fazer aliás o seu estrepito– sinho supplementar. Era maravilha, e o bom do religioso nunea deixava de des– per tar. Mas não foi estA o unico soccor ro; mui– tas pessoas caridosas, sabendo a dedica– ção filial e fraterna do pequeno José; Ai I no meio da sua alegria, fez uma triste descoberta ; julgava-se só dormi– nhoco, era preguiçoso. Inda depois de apressaram-se a trazer ao pai, estes, vi- bem acor dado, hesitava em deixa r seu veres ; aquolles, nheiro. roupa ; e algu ns, di- dnro cati , e leYa rn um bom minu lo a Sahiu da mizeria a familia de Pedro, e todo este bem foi resu ltado da heroica dedicação de um menino de oito annos. GUEIH1A AOS PROPfüOS DEFEITOS. Vivia, ha pou co tempo, cm La Part– Dieu ( mosteiro situado cm Fribourgo, na Suissa ) um religioso, a quem extraordi– nariamente contrariava a mais invencí– vel inclinação ao somno. Com a melhor vontade do mundo não porlia acordar ás ti horas para ir can tar matinas. Ora , a natureza que o fi zera tão dor– minhoco, fizera-o tambem optimo me– canico. Sem estudos, sem noção alguma de mathematicas , á força de refl exão e trabalho, fabricou um r clogio perfeito, a cujas campainhas aj un tou , em fórma de despertador, um estrep itoso carrilhão, e logo, não sendo este su fficien te, rios an– gulos e no meio do capitelzinho que co– roava o quadran te , um melro, um gal– lo e um tambor. . Na hora dita , tudo isto faz ia barulho, e duran te algumas noites foram indo bem as cousas. Mas no fi m de certo tempo, quando chegavam onw horas, repicavam saborear a d0çura de se sent ir na cama, tornando a fechar um olho como quem queria dormir. Isto pedia reforma. Culpado se acha– va o reli"ioso, humilhado o mecanico : era mister vencer. Logo uma pesada prancha é disposta Pm cima da cama, de tal sorte que ca-, hi.ndo desanrlava uma for te pancada nos pés do preguiçoso, dez segundos depois da caridosa advcrtencia da cobra. · l\lais de uma vez. o pobre Cartucho se apre– sentou no côro t odo cocho e machucado. Poi bem ! quem o creria? Quer per– desse a cobra Q seu falsete , quer se tor– nasse a prancha com o andar do tempo menos pesada, ou o velho mais dormi– nhoco ; quer calejassem suas pernas, ou tomasse o criminoso habito de enco– lhel- as antes de cabir o cast1go, não tar– dou elle a sentir necessidade de nova in– venção, e, todas as noites antes de dei– tar-se, eil-o que amarra ao braço uma for te corda que, na hora fatal, se estira inesperadamen te e o atira embaixo da cama. Estava n isto. Sabe Deos que novos pro– jec tos somnicidas es tava ain da parafu– sando em sou juizo , quando sentiu-se adormecer para sempre.

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