A Estrela do Norte 1863

(l A ESTHELLA 00 1\0llTE. tia em seis rações, u ma para cada filho e u ma para elle. Um dia o mais velho dos. filhos, de no– me José, só quiz acceTtar um qua rto de sua porção, isto é, sómente o que era preciso para não morrer de fo':fle. -- Eu não me sinto muito bem, disse - Então explica-te, ou eu vou dizer. - Oh! mais antes! - sim, mais antes eu vos quer0 confessar tudo. Mas primei– ro mande sahir daqui meu s irmãos. O medico fez sahir os meninos e José lhe fallou assim: - Se soubesse o sr. doutor! neste tem- ellfi ao pai, come o resto ou divide com po de penuria o coitado do pai bem cus– meus irmãos. ta a ganhar um pouco de pão. Eu sinto -Tú estás doente, meu pobre meni- um pczar horrível, quando vejo este bom no? O que tens? pai e meus icmãosinhos soffrerem por - Oh ! não será nada; mas não que- falta de alimento. Sou o mais velho, te- ro comer ; é melhor que eu me deite. nho mais força que estas crianças, e eu Seu pai pol-o na cama, e no d_ia se- quer-o-lhes deixâr comer minha ração. guinte de manhã fo i pedir a um medi- Por-isso é que eu fingi estar doente e não co que viesse por caridade visitar o filho poder comer. enfermo. o medico enxugou uma lagrima e disse: - O medico, que era homem complacen- -E tu, não tens fome? te e bom, foi logo ter com José, e, ten- -Oh t sim, mas ao menos não tenho do-lhe tomado o pulso, não achou outro a dôr de vêr soffrer tanto aos outros. symptoi:na de enfermidade senão uma grande fraqueza. - Senhor, disse José, não me receite remedia algum que eu nada posso to– mar. - Nada queres tomar, meu amigo, lhe diz o medico, e porque? Oh I não me pergunte porque; eu nun– ca direi. - Bom t ora não te faças tão máosi– nho; has de fazer a vontade de teu pai e a minha. Os meninos não devem ser caprichosos. -Tu não sabes que morrerás, se te privas de comer? - Sei bem ; mas morrerei resignado. Meu pai terá um filho de menos que nu– trir; e eu no Céo pedirei a Deos para que ajude a meu pobre pai e a meus irmãos. Só o que eu dese,i ára é que me trouxes– se aqui um Padre, pois tenho medo de ter commettido uma mentira dizendo que cu estava doente, e não quizera mor– rer sem me confessar disso e receber a absolvi ção. O caridoso medico, tocado da genero- - Oh I senhor, lhe asseguro que não ,sidadc o piedade deste menino, o aper- é capricho. tou em seus braços : - Vamos! não te quero forçar a dizer- - Não, meu amigo, não morrerás , lhi me teu segredo; mas heide perguntar a disse elle : oeos, que é o pai de todas as teu pai o que quer dizer esta obstinação em'não querer tomar nenhuma mesinha. - Por favor, senhor; não diga seme– lhante cousa a meu pai! suas crcaturas, véla sobre aquelle que soffrc, trabalha o ora. Teu pai é bom e laborioso, tu oras e te dedicas; Deos não vos desamparará.

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