A Guerra da triplice alliança

33 fronteira e iriam soccorrer por conta propria seus irmã_os; se o gornrno não se r esolvesse a int€rvir para acabar com as l ugubres scenas do Estado Oriental, deveria intervir ao meno · diplomaticamente com e pecial energia e mostrar aos dom:nadore. de Mont evidéo que erra,am zombando assim da moderação do Brazil. « Não de conheça o governo imperial, accres– centava Nett o, as cons equencias que hão de prov ir da attit ude indepen– dente dos rio- granden.es ; bastará o appello de algum exaltado para pôr em ar mas mu itos ·milha res de homens, que tr atarão, se não em nome do governo, de certo em nome do Brazil, de incut ir aos orientaes o r es– peito deYido a um visinho poderoso. » Diante de ·ta agitação achou-se o governo brazileiro em graves embara– ços . De um lado o firme proposíto do Imperador de não apoiar a r evol ução do general F 1o r e s, de outro o receio que a attitude aliás nobre e patriot ica do Rio Gr ande do Sul gerasse alguma pert urbação da ordem publica, quando, com excepção do Par aguay, o Br azil era o unico paiz da America Mer idional que, desde a maioridade do Imper ador D. P ed r o II , não offerecia o espectaculo de convulsões políticas (1). Ainda que por e se tempo ganhasse o gener al F 1ores algumas , antagens nas visinhanças do Salto e de Paysandú, e ainda que o procedimento dos blancos em Montevidéo se tornasse cada dia mai de comedido e viol ento , o governo imperial não julgou opport uno dar um passo decisivo, que eria de certo desfavo ravelmente interpretado. O marquez de Ab r a n tes, ministr o do negocio estrangeiros, limitou- e, pois, a dar mais vigor á negociações diplomat icas. Par ~ esse fim escolheu-se o con elheiro Sa r a i va (2), e só depois da nomeação de Dias Vi eir a (3) para (1) A maioridade do segundo Imperador foi declarada em 1810. Alóm da guen a civil elo Rio-Grande elo Sul, quP., começada em 1835, terminou em 18 l5, o Brilzil só assistio a duas revoluções, promptamente suITocadas, a. de 1842, em S. P,iulo e Minas, e a. ele 1818 em Pernambuco. (2) O autor não se mostra perfeitamente inteirado destes facl,os . As reclama~ões feitas pela legação imperial em MonteYicléo contra os atten ta.clos ele que eram Yirtimas os subclitos brazileirns no Estado Oriental, não tinham resultado algum s~tisf~ctorio. Os assas_sinatos, o roubo e as tropelias de todo genero tomaram maior vulto desde que mmtes desses brnzileiros, cançaclos de esperar a repressão e castigo ele tantos crimes, se alistaram nas fi:eirns do general Flores, chefe da revolução e elo partido c o l o r a d o. As queixas dos nossos compatriotas residentes no Estado Oriental, cujo numero elevava-se a uns 4-0,000, enco ntraram echo na pro, incia frouteim do Rio-Grande do Sul e em todo o Imperio. O gabinete ele 15 de J aneiro de 1864, de que era chefP. o S1·. con– selheiro Zacarias de Góe$, foi interpellaclo no parlamento pelo deputado EYaristo da Veiga, membro da opposição conservaclorn, sobre , s t-ristes aco ntecimentos tla üsinha repu blica, e outros oradores intervieram no di-hate, lembrando ao governo a obrigação q ue lhe conia de proteger os subclilos brazil eiros perseguidos na Banda Oriental. Toda a imprensa do Bi azil pedia qne se puzesse cobro a tantos excessos. F oi em mC'io ela excitação produzida pelas noticias desagraJaveis elo Estado Oriental, que chegou ao Rio de J aneiro o brigadeiro honorario do exerçito Antonio de Souzn. Netto, reclamando do governo, em _nome dos nossos compatriotas rcsicle1 tes n'essa Republica, providencias prom_ptas e energ1cas. O gabinete Zacarias resolveu eni,'io mandar ao Rio ela Prata em missão especial o Sr. conselheíro Saraiva. Acompanhou-o como secretorio o Sr. Tavares Brrslos, tamb•m membro do parlamento. Par'.io o Sr. Sarnlva em 27 de Abril de 18lJ t, e no dia 12 de Maio foi recebido pelo governo oriental, dando começo á. sua missiio. Ao mesmo tempo foi elevada a nossa força naval no Rio ela Prnla, sendo nomoaclo para comman– dal-a o vice-almirante barão ele Tamandaré, e ordenou-se que um pequeno exercito de obser,;ação se reunisse na fronteira do Estado Oriental ás orJens elo marechal do campo J oão Propicio Menna Barreto, depois bariio de S. (hbriel. Alóm do relo.t.orio do mi111stro elos negocios estrangeiros de Hfü3, onde so encontram muitos documentos sobre a missão Saraiva, deve ler-se o folheto que esse estadista publicou em 1872 con– t ~ndo toda a sua correspondencia diplomatica. (Correspondench e documentos offi cbes rela– tivos á missí"to especial do conselheiro J. A. Saraiva no Ri ela Prata em 18G4.-Bahia, 187'2). _(3) O c.onselheiro Di as Vieira, ministro dos negocios oslrangeiros, fa7ia parle do gabrnete presidido pelo Sr. conFelheiro íl"carins tHi ele .lAnei10 l ~Gl' . Dcp,,i, da retimda desse ministerio continuou com a n,.,sma pasla no g-ibinele de 81 de Agosto elo mesmo anno, dirigido pelo conselheiro Furtado. 1 l .

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