A Guerra da triplice alliança
138 Paraguayos, que, expulsos por elle ou por seu pai, se haviam estabelecido em cidades argentinas . Logo aos primeiros rumores ácerca das disposições Lellicas do tão odiado « El Supremo » e de suas ameaças contra o Brazil, reuniram-se os mais influentes dessa col onia de exilados para discut ir as eventualidades que para elles poderiam surgir de uma guerra, que pela primeira vez arrancava a patria do isolamento. O primeiro acto que prati– caram foi formular um protesto, na qualidade de cidadãos Paraguayos, contra o decreto de 15tleFevereiro, pelo qual Solano Lopez convocava o congresso nacional, declarando qtre o tyranno se servia de tal meio para acobertar seus planos ambicio os . Pouco·- actos de seus inimi– gos, que iam então avultando em numero, exacerbaram tanto o di– ctador e lhe despertaram tão viva a $êde ele vingança, como es:e pro– testo de seus antigos subditos : ordenou que os parentes d'1-3sses exules lhes responde sem e refuta ·em soas declarações . Foi o qHe recümente succedeu. Thomp so n cita tre<;hos de uma carta, que a mãe de um J'elles teve que publicar no Semanar·io . Alü se diz : « E demais declaro, que se meu filho B e nigno persiste no caminho errauo em (1ue vai, e não desment e publicamente sua· palavrrJ s, será amaldiçoado por toJos os seus concicla 1 lãos ; e eu tarnbem, mãe affiicta, terei de amaldiçoal- o, contra minha vontade » tl ). Vê- se que de ambos os lados fermentava m os odios e só faltava uma fui ·ca pal'a atear o grande incendio . Demais parece que em Assumpção tambem se re,·elou alguma opp0- sição aos planos do presidente, porque, durante os folguedos publicos com clansa e musica em barracas construidas para esse fim na praças da cidade, fallou- e em prisões e execuções summarias de pessoas notaveis. As ·im foi preso um ancião, o juiz L e z cano , morrendo de mãos tractos que recebeu na caJeia; assim tambem foi o deputado Jovellanos restituído moribundo á ma familia (2). Quando L e zcano jú tinha expirado, mandou-se dizer á sua esposa, que podia ir buscal-o á cadeia. Apresentando-se ella alegre, porque cuidava que o queriam soltar, foi conduzida ao deposito dos cadaveres, donde vio sahir o corpo do marido em um carro de bois para se r enterrado por sol<lados po liciae~. Tambem o cadaver de J ove 11 a nos foi arrastado pelos pés do interior da casa da familia ate á rua, para ser levado em um carro de bois. Esta severidade J e. acoroçoou a todos quantos quizessem ainda tentar alguma cousa · contra as ordens do « El Supremo ,. e nada mais transpirou . Senhoras das ,., ela se. e:evadas, que tinham .p.té então r ecusado tomar parte nos r eg-os ij os populare ·, porque se vexavam do contacto com mulhere de r eputação tluvidosa, não mais hesitavam e compareciam para que pelo menos consta se sua presen~a. " (1) Nas columnas do Semanario e,1contrám-se J eclaraçÕe3 mais curiosas ninda Assim nnnnnciando um boletim do exe rcito paraguayo que \l capitão Bertloy era um doR guiíls d"~ nlliaclos depois da passagem do Par!1ná, sua esposa teve de publicar no Semanwr-io de õ de Maio de 18GG uma extensa declaraçao, da qual extrahimos os seguinte3 trec hos: " .. . . La iglesia me ha dado_ por esposo y_ !)llra padre de mis bijos a un bombre eu quien se creia lrnbel' un alma rac1onal, y un cn st1 nno ; poro Justo Berdoy procura ln muerte rle su patria, la muertc de s11 eSJJOSa Y la muerte de sus IJij\:lS; ha Clejado portanto de 8er mi esposo y padre de mis hijos, porque la Sllnta lgl,,sia no consogra lo que ella repudia lo qu,i c,mdoM como laeregia, lo que és contr'.1rio a sus leyes y a las de Dios ... Declaro qu~ 11 JLt8lo Bot'(loy ha dejado por siompre Y par,. Jamas de sei· mi esposo : que a mis hijos los consiJ ero, y les diré y enseííaré que soo_ huo1·fa11?:s, qLte BLl padre ya no vive para e1los ni 1,1ara la putria, m11s que para las funas dei infierno . . .. » As irmiis de Derdoy, declaran~n tambem qur, nada tinh,un de commum com esse M Í$U r.wel, i,edia,n, ao céo que o casttgass~ seve1·Mnc,ite, (2) A pris1io de Lczcano e Jovellanos deu-se ante11, por occa&ião da eleição de Solano Lopez. Vej. Tuo1.11•s0N, Guen·a do Paragv.ay, Cap. 1 V'. •
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