A Guerra da triplice alliança

77 em vez da junta, achou á frent e do governo dous consules, a r espeito de cuj a el eição nada transpirara fór a do paiz, e que lhe declararam que o P araguay considerava nullo o tratado celebrado dous _annos antes, e tencionava viver dahi em aiante sem tratados inter nacwnaes e sem coadjuvação de quem quer que fosse. Um polit ico de von tade tão energica como o Dr . F r a n c i a , devia em breve sentir se incommodado pel a inte ,·venção de um collega que tinha os mesmos direitos; e á medida que rn assignal ava a sua superioridade , crescia nat uralmente n'elle o desejo de se ver só na direcção dos negocios publicos. Começou, pois, a deixar ao seu collega todas as honras externas e t odos os actos de ost.entaçrro e representação, ao passo que elle proprio t rabalhava sem descanso, e conseguia ~n~s– perados resultados do seu t rabalho. Quando Y e g r os era de opmão cont ra ria, elle declarava não quere r disput as, e, r etirando- se para sua chacara , deixava sem decisão todos os assumptos pendentes. Y e g r os ficou assim em apuros, e não tendo habili tações para resol ver negocio algum, não t inha r emedia se não suppl icar a F ranc i a que voltasse. E n 'lo hav ia falta de assumptos gover nativos, porque tinha de ser fe ito ou r eformado tudo no novo estado, tanto mais quanto a desordem e a· anarchia nos out ro paizes do Prata ameaçaya de mil perigos o P araguay . As im, pois, quando no anuo seguinte (Out ubro de 18 14) o congresso de novo se reunio, soube o Dr . F r a n c ia dispor de tal modo as cousas, que foi em seu proveito aventada. a questão - se não se ria mel hor , nos dias diffiGei · que atravessava a r .• publica, concentr ar todo o poder nas mãos de um só homem, nomeando-se um dictaelor por cinco annos. Não foi preciso accrescentar qual seria a pessoa propr ia para preencher t aes funcções. A r esolução fo i tomada, e as el eiç,·es se fizeram com verdadeira disciplina militar. Nos dous pr imeiro"s annos elo quinquennio soube o Dr. F r a n c i a fortal ecer por t al modo a sua a utoridade, que qu ando o congres o e -reunio em 1 ele Maio ele 1816, foi-lhe conferida a clictaclura vital ícia, governando elle o P ar a g ~ a y por espaço de 26 a nnos, ele 1814 a 18:1:0, da fórma mais despotica que se póde imaginar (1) Lembrando- se de que, a sim como t inha supplantado o domínio hespanhol no Pa raguay , outros poderiam t en tar _ a.peal-o do poder, e provavel que elle medit asse longamente sobre a fórma de governo ma is adequada á índol e el e seu povo. Desde que o P a raguay ·e decl arou de' li gaclo de Buenos Aire · e das outr as províncias ribe1.rinhas do Prata, cortou sua. communicações com o ma r, embora os dous poder o os , rios que banha m a republica lhe offerece 0 111 excellen te caminho, si a· circum tancia · fossem out ra·. As im ficava conrl emnaclo a compl eto isolament o e só poderia ganhar im portan.cia, si del iberada e firmemente se ab' ti ve.·se de qualquer inge rencia ou ligaçfio polít ica com os 0stados vi ·inho , que, apenas emancipados, já viviam convulsionados, e por suas ri validades deixavam preve r a cont inuação de l utas sór ias e grave . ~ colo~lia por t ugueza do Braz il , o estado do Uruguay, que se man- . trnha mdependente, e o Estado A,·gen tinos prnmettiam uma tur- bulenta vi ··inhança; Portugal pretendia ao norte do P araguay o te~l'Í~orio_ entre _o Rio Apa e o Rio Branco; o ant igo domín io das Mi soes aos Jesmtas t ornava-se um pomo de di cordia, e até a propria I{e. panha, fo rtalecendo-se depoi da quéda de Napoleão I, potl eria (1) obre este~ a("ontecimentos e os pMleriores, veja-se a obrn ele Du Gtaty, que tomos citado, La Republica de! Para(Juay (l.3e,;auçon, 186:3).

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