A Estrela do Norte 1863
• A ESTRELLa DO NORTE. 11 roilo-no Ghetlo. Este· quarteirão~ aliás muito miseravel e doe ntio, pouco fre– quentado é dos Rom"!lnos, e de bom grado evitariam estes toda relação com os que o habitam. Desde sua elevação ao throno pon– tificio, trabalhou Pio IX em melhorar o Ghetto e tornal-o mais tabitavel. Veio uma deputação israelita teste– munhar-lhe seu reccnhecimento e offertar-lhe um calice antigo conserva– do ha dous seculos no Ghetto. Pio IX acolheu os enviados com bondade: - M eus filhos, lhes dis se, aceito vo.sso mimo com prazer e vos agra– deço. Depois, assentando-se em sua mesa, eE,creveu sobre o primeiro peqaço de papel que lhe cahi u entre m- ~ 01·– de1n para m.il escudos, e depois poz sua assignatnra: -.,_; '__ - A .::e itai, p::-i~1!1.:: -fl.\:ln-·;-~l~"G"J fraca . noui, diz elle aos rnviudos, e dis– tribui-a da part-e de Pio IX com as mi se ras familias do Ghetto. C POBR8 PEDRIN!{O, OU O PRIMEIRO Sr~RMAO ,I)~ FE– NELON. Ha dnzentos ~1110os, era u sança, para os mancebos que se d Pstinavu,n ao esbdo ecclcsif1stico, se ensaiarem a foliar em pnblico por meio de cer• tos ex"' rcicios oraturios, e para este fim se reunia muitas vezes nos me lhores salões de Paris espletH.liua a ssem biéa de fidalgos e damas cliristãs, em pre– r,-ença das qna es folla\?am os Jovens asp:ra ntes. Tinha Fenelon quinze annos, e já trazia o habito ecclrsiastico. Era pie– doso como um Anjo, cheio de grnç;i e de mode3lia, laborioso. já s.1bio f' sobre tudo mui caridoso com os pobre s. Seu pni, o marquez de F enelon, es– colheu a casa da sra. de Bonffiers para n cstréa do joven eccl esiastico, certo coino estava de um resultado hriHían– te. Eni consequencin, foi fixado o dia , a przar elas rcsistencms do m0t.l esto Fe- nelon, e a mais luzida companhia foi convidadrr para form.ir o auditorio. Já todos os fidalgos e nobres damas da côrtc de Luiz XIV tinham toma– do logar no vasto salão para este fim preparndo, e se admiravam de não ver apparecr r o joven prégador, emquan– to sc~u pai, muito impaciente com aquel– la dnnc:ra, que não comprehendi;i , procurava escusar o filho ao pé da srn . de Boufilers e dns principnes per– sonagens da companhia. Emfim, entra n a sala o distinclo moço, e, com a fronle cobérl< de mo– de~lo rubor, toma assento di1111te de 11111a mesa disposta para esse etfeito. Reina profundo silencio. " · Senhores e senhorns, diz - elle, peço-vos perdão de ter fei I o esperar ião illustreat tlitorio; i da, po~ém, g lte foss uiisfer fozer vos espe rar 1111-1 li • ra m n i11, e o proprio rei t1q ui estivesse presp nte, Pll não teria hesitado em fa– zei-o. Ao npproximar-me do palacio da srn. de Bonffier", divisei em uma esquina um pobre menino de s'aboya, dei.indo no chão, e meio coberto pc~os flocos espessos de neve queestá cal11n– do neste momento. Dolorosnmente sor– prend ido por este especracnlo, parei e me ch~guei á desditos,. criança : " - Quefozesalii, meu amigtiinbo1 lbe disse. " Elle se debulh ou em lagrimas, e, sem responde rá 111inha pergunta, mnr– muro11 estas p a lnvrns de desespero: " ,.- Eu quero morrer. " _,, Morrer, eu pobre peque- no '1 Tu és ent· bem infeliz? Não tens oingnem q ile te ame? '' - Oh I sim, meu rico senhor; bem infel iz que eu s 1, exclamou o menino. Es101J percfü ! Não pos_s? ma;s voltar para a casa de minha ma1, só me resta morrer! " Perguntei pelo seu nome, idade e as causas de seu pezar, e eis como e ll e me contou sua historia : " - Chamo-me Pedro, tenh? ~ 0 - ze itnnos. Sou da Sa boya, e de1x~ 1 ª terra e a mãi, hn já perto do cinco L. ~
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