A Estrela do Norte 1863
A ES1'RELLA DO NORTE. dentes, sito chamados a s'entenderem, a se auxiliarem mutuamente. e a realisa– rem de um modo harmo~ico o fim su– premo d:i. Providenci:i. no governo deste wundo: - a felicidade do genero humano. Mas esta harmonia. tão necessaria ao florescimento dn. Religião e ao bom go– verno das sociedades não pódc existir senão com a .condição de que cada um desses poderes se . mantenha. in violavd– mente dentro do circulo de suas propriiis attribuições, sem invadir as do outro. A I grejn. não tem qire entender com o go– verno temporal do EsLado; o ~J.stado re– cíprocamente nada t em que ver com o governo espiritual da Igreja. Tal é a independencia dos dous pode– res principio capital que não se poderia abalar sem transtornar profundamente toclo o plano divino na economia das so– ciedades humanas. " A vós deu , Deos o imperio, dizia Osio, Bfspo de Cordova, ao gra.nde Cons– tantino; a nós o governo da I greja.; e da mesma forma que aquelle q e usurpa vosso poder imperial resiste á ordem de Deos, assim 'evocando á vosso tribunal as causas da I greja vos toru::trieis cplpado de um grande crime ! Es[.á escripto: Dai ao Imperador o que é do · Imperador, e a Deos o q1w . é de Deos. " Importa certamente {i, prosperidade de vosso reino, escrevia F'elix III ao Imperador Zenáo, que vos appresseis ... a vos conformar á ordem esti;.belecida na Ig,reja, em logar de lhe substituir pres– cnpções do um direito puramente hu– rr.ano. " " Ninguem me poderia persuadir aj nn– eta S.' João Damasceno, que a I greja deva. ser governada por leis civis; ella o é pelas instituições transmittidas por nossos pais ou por escripto ou por tra– dição oral. Porque não fo i aos Reis, mas 1;os Apostol0s e a _seus suecessores _que conferiu J esus Chnsto o poder de ligar e desligar. O Apostolo <liz: Deos · esta– beleceu alguns na Igreja: primeiro Apos– tolos, segundo prophetas, terceiro pasto– res e doutores para a perfeição tios San– tos ; mas não disse Rei 1 " Ao governo civil, ainda nma vez, cumpre prover so– bre o iemp?r~l dol! E stados; á Igreja cabe a adm1111straçi:to das c_ousas espiri– tuaea; e ella tem tanto mati direito de reivindicar esta sua indepeudencia na es– phera espiritual, quanto é a primeira a miinter e a sustentar como inviolavel a independoncia ,dos governos na esphero. tempor:i.1. A Igreja com effeito não no• m~a nem distitue os funccionarios do Es– tado, nem toma conta aos ministros da gestão dos negocios que correm por suas pastas, nem faz leis sobre finança-s, nem regula os processos eleitoraes, nem de• ereta reformas para a magistratura, o exercito, a marinha. • J Tudo isto está. sob a alçada do go• verno civil, e a Igreja julgaria comme• tter um crime se ultrapassasse a raia quo Deos mesmo lhe marcou, envolvendo-se em negocios secidares. O Est:a.do deve pois, usando de reciprocidade, respeitar a liber– dade da · I greja na administração dos ne– gocios espirituaes, e não ingerir-se por fórma alguma nelles. Deve-o, Senhor, sob pena de posterg;u·-se a lei funda– mental que regula as relações dos dous poderes e romper-se o vinoulo saudavel que os deve ligar onlre si para felicidade do mundo. . Ora, ningucru póde negar que os Se• minarios pertençam ao espiritu~l. Com effeito a nota distinctiva e característica de uma. cousa espiritual consiste na re• lação directa qne ella tem com o fim proprio da Igreja, que é a santificação o a felicidade .eterna das almas. 'l'udo o que a este fim immedia.tamente se refere 6 espiritual, assim como tudo o que se refere imrr.ediatamente ao fim proprio da. sociedade civil, qne ó o bem estar e a felicidade dest,,1. vida, é temporal. Tal o genuino criterio, a verdadeira nota dis– tinctiva dos dous poderes, a. linha divi– soria que os separa profundamente; tal " o principio que se deve s.eguir como um fio conductor, diz um oabio publicista allernao, para não expô.-se n. cahir nas mais perigosas aberrações. " Haverá, porém alguma cousa que se refira mais immediata. e dir~ctamente ao fim proprio da I greja do qne os Semina• rios? 'l'rata-se com e.ffeito de perpetu:i.r o Sacerdoeio; de formar á, acmbra do sanotuario miniijtros idoneos para à pro• pagação do Evangelho ; ele nutrir com o puro leite da doutrina o da piedade os futuros Apostolos que devem um dia pela. efficacia da palavra. e dos Saêramentos •
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