A Estrela do Norte 1863

ANNO DE 1863. DOMINGO 25 DE JANEil~O. NUMERO 4. SOD os AUSPICIO$ DE s. EX, nEVlL-\, o sn. D, ANTON'IO DB llA.Or:Do COSTA, DISPO DO PARA'. ALGUNS RASGOS DA Vll,A. DE PIO IX. f Conti":mdo do numoro antocodentc. J O enter?'o. Voltava lim dia Pio IX ao Vati· cano em peque11a seg<', sem g-unr,la nobre, nem acomp·'nha oento de honra, quando encontrou"' na rüa um enterro pobre, solitario, sem parP.otes, sem a mi. gos, apenas acumpanJ,ado por um Sa– cerdote que ia psa,meando a~gumas preces ntrá.s da cruz. -Hn de se dize'r que este infeliz viveu sósinl10 no mundo, disse o Papa, pois vai !1:vado ao seu nlti mo jazigo sem liigrimas e sem saudades? E, dizendo isto, orJenou ao cocheiro que parasse, apron-se da c_arrnagem, e, for1nan 1 Jo el le só o cortejo do pobre defunto, ncõmp,rnhon-o até o cemite– rio. Lá chegado lançou ngua benta e o primeiro punhado de gleba na covu aberta plantou ellc mesmo a cruz fu. 11ernri~, e não se retirou senão depois de ter recitado o De profiindis sobre este tumulo modesto, mais illustrado lioje qne o tumulo de um rei. G,arrafa quebrada. Outra vez, transportando-se inco– guilo â Igrrja de Nossa Senhora dos Anjos, viu uma menina vc:1gando las– timada ·por uma rua. A pobre criança cortava o coração com suas lagrimas; o Papa, descendo da sege, pergunta– lhe o motivo de sua µenu. - Ah! senhor Padre, disse ella, aconteceu-me um grnudc infortnnio. -Qual, miuha menina? Póde-se remediar? Vonite et ambulcmWl in Iumine Domini. Is.u. II. 5. -Oh Í não, senhor Padre. - O que é então7 . - Maniãi me d<.'U cinco baiocos (um tosrão) para comprar vi11110, en cahi, a garrafa se 11uebrou e o vinho derramou-se; veja, seuhor Padre I só Nosso Senhor pôde rem t: ndar minha garraf.'! e re., tituir o meu viobo. -- Não precisa chorar deste modo por cinco baiocos, minha menina. E' um acci<lente, e não um iufortnnio. - Não é pelos bc:,iocos q tte eu cl10ru; mas sim pelas pancadas <111 e me es– peràm em casa, se volto sem a gaaafa cheia; mamãi, cm vez de abraçar-me, me tocará. . - 1sto é outro c~so. Toma, minha menina, compra uma garrafa maior do que <t que se quebrou, foi-a encher de bom vinl10, e tua mãi, em vez de tocar- te, te abn1t;,a râ dn11~ vezes. Lto dizendo, o bom Pio lhe deu nm bdlo escudo de prata :;ahido ha pouco da ema da moeda. -Oh! meu Deos, obrigada, Sr. Pa– dre I g-ritou a rn aninn, q11e nunca ti– nfia tido em suas m ão;,inhas tama– nho cabrdnl. - Olj ·igada, obrigada ! . E t>IDquunto o Papa se dispunha a remontar em suli modesta car:-uagem, n menina pego•.1-lhe pela sotaina preta dizendo-lhe: - Nosso Seo\1or e mamãi não que– rem que eu mmta, porque u mentira é um fPio peccado que fo:,,; chorar a / esus. Conyuei, pois, a mamãi a for– tuna que tive. Que1n deverei nomear, se ella me perguntar O nome da. pes. soa qne me den esta bella moeda de prata ?

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