A Estrela do Norte 1863
A ES'rRELLA. Dó NORTE. 14!) - Que me YOU confessar depois desta me11i1ia. - Valeu, tlisse o outro a, rir-se. - U m jantar no Cafú <le Paris. - Estú. dito. Propo.st11, e aceita · a aposta puzeram-se .á ~spera, . Quando a raparig:1 1 grave e recolhida, iiahin do confcssionario, o nosso espiritu forte foi sem hesita.r occupar o lugar que ::i. rapariga tinh:~ deixado. Ora. eis aqui o que se passou: O falso peuitente, L1epois de haYer re– citado em yoz alta, por ordem expressa do confessor, o Syrubolo elos Apostolas (difficilmente se esquece o <1uc se apren· <l eu na infancia) , foi convidado por este ultimo a começar a sua confis~ão. Devemos aqui declarar que o facto que 116s referimos é da. mais. rigorp-·a e x:ncti<l.10. lle joelhos e com o ri so nos labios eis aqui os termos em qn,Gse exprimiu o falso xienitente: -Ji:11 nIT-o tenho adorado scnào a Deus . . mas zombo tlisso. T enho jurado o santo nome de Deos . .. mas zombei disso. 'J.'enho peccado contra o sexto mandamento . . mas mmho disso. Kào Sa.ntifico Domingos nem <:li;ts Santos. . . mas zombo disso. Desde minha primeirn communháo nunca mais me approximei do Sacramento tla ,Penitencia uem tlo da Eucharistia . . . rnas zombo disso. O patlre ~1ão o havi:i iuterrompido ; urna inspiração repentiJ1a tiuha illu111inado o e~– pirito do homem de Deos, e a tolcrancia Christf• tinh:I concebido o engenhoso pen– i;amc11to de combater a zomLa<lora impie– dade com as snas propri.'l armas. Quando, pois, o derisorio penitcnLe aca– bou, o Confessor, tomando então a palavra, exprimi u-se do modo seguinte : - .Abstenho-mede stigmatisar -como me– rece a impi:L e sacril eg:L acção tine aca– hais de praticar; estois mui Lo aua!'ldona~o da graça tle Deos para p_ode!·des ouvir com fru to o que cu_ poden a ?1zer-Yos, Mas cm troco da. rndulgenc,a com qu e 11a eslon dieposto a p erdoar-vos, o que YÓS ue certo não considerais senão como uma <·Rçoada, e que ó aos olhos da. R eligião 11m grlwe Sacrilegio, exigirei da vossa parLe um acto de complacencia. . O nosso i:retendido liherLino, apczar de Ludo, conheci;~ baslaule ,1 lei das conve· ' ni e11cias, par:1 ao menos apr ciar a incon• Ycnieucia de que se tinha tornado cul– pado. ~nvergonh-ado j:.í. por ha\'e r <lado um passo em que não vim mais do que uma solemne , caçoada, cuja v ergonha. só rec.1,hia. nelle, e desejoso de r eparar tnnto quanto fosse passivei esta iúconveuiencia, immediatamente respondeu: ,. - Qual é esse acto que exigis de mim: senhor 7 ✓ • -Ha,·eis de me prometter, replicou o Confessor, que ajoelhareis todas as noites, e i~to por espaço de quinze ilias antes de voz deitardes, e direis cm , oz alta: " Sei que devo morrer .. . mas zombo disso. " E' a unica. Yi11gauç11. que eu quero tirar de vós; mas 11áo é pequena. O pretenditlo libertino, que prova vel• mente uüo comprehendeu o '>entido occult 0 elo Padre e nào llre deu senão o de qn e o Padre tambem queria ca.ço: ir com ell e par:i se vingar de o haver 1Íl.ettido a ri – <liculo, aceitou com a melhor vontade o que ell e não consider:wa senão como nma. espirituosa rcprezalia; fez sem tliffi.cnldade a prornessrL que lhe tinha sido pedi(\ai ~ sabi u tlo confossionari o tlepois ~o. h.wer• pedido muitas tlesculpas :i.o Cfo,nJessor. N:.ío tinham <lecórriclo ai1~da o~ qninze dias e já o Santo Confess0,1· co,nta\"ii tum penitente de mais debaixo tlc sua piedosa direcçâo. E ase noY0 penitéQte era nada menos do que o noSSQ sceptico her6e. E st:i. subita con\·eraãq operou-se do se– guinte 1110do : O nosso joven 1il;ortino, fi ol polo menos á sua palavra, totlas as noi toe, anle~, de se deitar, só,,inho, n o silmwio do seu qnarlo, dizia cm alta voz a lürma expiaLoria.. A prirneira vez cumpriu o p1 '3ceito; com a mai s mnnd:ma indiffere:Qça, pôde clizer : " Sei que Lei-de morrer, como teria di to :. vou amanhã ao th eatro. " No seµ,~ii nte dia fól-o mais grnvcmml~e, Xo Lerceiro,j:í. não· pôde dei:,i:ar de fazer algumas reflexões : a nwrto é uma cousa tão sornbria ! N'o quarto· preocupou-o muito a, iqe~ornvcl lei que pes~ sobre todos os homei1s, o pergunto u a s1 mesmo• o . que J~os espera, além rlo Lumulo. No qqinto, <lepois de tc1· diLo .::omo ?ªs outrns Yezes: ' Sei que hei t1e morrer " Já senão atreYeu a acerescentar ~ más zombo disso.. r o sexto, depois t1e•ter pronunciado a ternvcl sentença, exclamou, batendo uo
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