O Guia do guarda - civil

57 tornando aos poucos, depois do indispensavel reconheci– mento, aos pontos em que se achavam, a disputar, então, as migalhas que lhes atirardes; o primeiro movimento, contudo tradu zia o temo r de que se possuíram e a imediata defeza que prat icaram para se pô rern a salvo de perigos. A agu ia e o condor não esperarão, outrossim, por vós nos píncaros altaneiros em que pousam; aq uela vos po– derá oferecer, porventura, combate, mas tem a intuição da vossa inteligencia e, prefe rentemente, vos evitará. Deseja que a deixeis viver em paz. Na sua doçura poetica, ana lisa Chateaub riand, no .:: O Genio do Ch ri stiani srno», a bondade e a previsão de Deus, quando escreve: «A carriça , que se regala por en· tre sarças e espinheiros, que são para ela uns como pro– fundos ermos, é provida duma pa lpebra dobrada que lhe defende os olhos dalgum dano. Porém - maravilhosos de– signios da natureza !- esta palpebra é transparente, e o passarinho, cantor das choças, póde, sem privar-se da vist a, descer o diafano véu>, . Vêde, aí, como o m'isterio a defende contra o aci– dente, em beneficio da vida . Arbustos pisados, acutilados, levantam se, pouco a pouco , restaurados, afina l, dos golpes que lhes destes e das pisaduras com que os abatestes e, até as velhas ar– vores derrubadas, ainda assim, sem possibilidade de alen– to, toucam-se de rebentos verdes na ansiedade e na es– perança da v ida ! Aproximai -vos de um pobre caracol e ele cessará o seu rastejamento; pressente um peri go e some-se dentro da sua incons istente couraçn, resguardando-se, confiado, de urna possivel agressão. • E assim a meduza, quasi translucida, gelati nosa, ccn– fundi ndo-se com a côr do proprio mar, sentindo a agres· são iminente, contém o inimigo á distancia com sucessivas descargas de um li quido causticante que segrega, e, tam– bem, os peixes eletricos, entre eles o treme-treme, o tor· pedo e o puraqué, este amazonico. defendem se dos seus perseguidores por meio de verdadeiras descargas eletricas. Vemos que todos es tes seres guardam esforçadamente a existencia e que o homem não podia fugir a essa lei natu ra l, multiplicando, porém, pela inteligencia privilegi a– da, os meios de garanti r a sua vida. Ele evita os perigos; só inconcientemente se põe entre es tes; si , por um grito, o _advertem de algum, pro• ximo, nota-se, pela rapidez de seus movimentos, saindo