O Guia do guarda - civil

• • • • 21 morte e do tempo. As gerações recebem e transmitem heranças, ligando-se umas ás outras, atravéz dos secu– los, pelos benefícios que herdam e pelos benefícios que legam, melhorados e acrescidos. · Enquanto isto, os irracionais nem siquer a experi– encia transmitem aos seus descendentes, e cada geração se entrega ao mesmo trabalho da que a precedeu, nada continuando, nada melhorando, tal corno si antes dela outra não houvera existido. Si rejeitamos os meios que aumentam a eficiencia dos nossos predicados inteletuais e decidimos não os subordinar a diretrizes ativas e uteis, muito nos aproxi– mamos da finalidade natural ·do irracional, porque nada construiremos e nada ajudaremos a construir. De algum modo, mesmo, somos menos prestave is que o animal, a cuja ajuda material não pouco deve o trabalho humano. Si, o que é o peor, nos valemos da inteligencia e da razão para praticar o mal, indiferentes ás iJtividades ho– nestas e profícuas que nos cercam, todas cooperando.para o bem gemi, tornaiiio-nos pertubadores da evolução co~ letiva, fruímos prazeres e utilidades que outros crearam e recusamo-nos a consolidar e aperfeiçoar esse estado de cousas, o que tudo configura um delito de lesa-humanidade. A ignorancia, a aversão ao estudo, o desprezo do saber, são imperfeições consentidas, uma vez que a von– tade as póde corrigir, e exprimem, sendo assim, a acei– tação de um destino inferior, imorodutivo e transgressor das leis da natureza. Não é que todo o homem deva ser um sabio. Condenavel é apenas que ele desdenhe a instrução fundamental, que é a que aumenta o discernimento, de– senvolve as aptidões e permi te estudos mais profundos, e que considere superflua a que diz respeito á sua pro• . fissão, submetendo a inteligencia ao domínio do musculo e hostilizando as inovações ou melhoramentos sugeridos pelos capazes. A moral não impugna, antes estimula a ambição li– cita, mas como tal não pode ser tida a que se não ampa– ra rigorosamente no justo e honesto. Ambição, no bom sentido, ' supõe esforço individual, aprimoramento de faculdades, pertinacia no trabalho e legitimidade de objetivos. Ninguem, por conseguinte; deve aspirar a vantagens desmedidas e não merecidas, e, si tem competidores, é iníquo que promova deliberada– mente o sacrifício dos mais dignos, negando ou dimi– nuindo os seus serviços, virtudes e tale'ntos. • • •