Homenagem a Graciliano Ramos

/ / seu s eu s, d e todos os seus,..monólog os. A lgun;:; d e seus per sonagens fa lam sozinh os - fa lam para d en tro, mantêm diálogos com sombras. A realidade profunda, a verdade única está no fundo da a lma . E' o primeiro caso na literatura brasileira de um homem que não ama a natureza que o cerca . Muito amou Macha– do de Assiz as chácaras da Ti'j-uca, as águas ela Guanabara, os arvoredos do Cosme Velho. Vibrava, o velho céptico, com as acácias e as palmeiras dos jardins cariocas . Graciliano Ramos é um r etratista s~m fundo. Tudo nele se concent•ra no que é ho– mem, no que é a tragédia de ser homem. Os seus ro1nances, por esta 1naneira, ganharan1 em profundidade, em análise sem piedade, em sín– tese desesperada. Ele criou uma galeria que é a mais dolorosa do nosso romance. Os ho– mens e as mulher es, até os bichos que ele cria, são criaturas que carregam a vida como o maior castigo. Não há solução para aquelas almas. Mas tudo isto com úma força de quem se c9ncentra, de :quem pode manobrar: suas energias como um faquir. A língua de que ele se serve é um instru- 92 I

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0