Homenagem a Graciliano Ramos
leiro, co1n ele, foi alem daquilo a que tinha chegado• A amar2"11ra de Graciliano tem nm patético que não hã na melancolia de TVIacha– do de Assiz, ou na rebeldia de Lima Barreto. No sertanejo a vida se condensa no claro-escu– ro mais pungente de nossas letras. 1v'.1achado de Assiz falava na "voluptuosi– dade do nada", tinha um gozo requintado da frase, gostava de se debruçar sobre as árvores, de ver a baía, de olhar O mar, de se encher da poesia das pequenas coisas. Graciliano Ra– mos elimina tudo que não seja do homem, da miséria, da condição trágica, de um fatalismo cruel. O seu realismo não se detem na mar– cha para as descobertas terríveis. Tndo o que ele sente, ele diz. Por isto os seus romances só agr,adam aos qt.le são difíceis de agradar. Daí a sua verdadeira grandeza• Os seus personagens não procuram o mistério para se esconder. São, no entanto, instrumentos do mistério, do mais tenebroso mistério que é aquele que é o próprio homem na solidão. Graciiiano Ramos é o romancista da soli– dão. E' o romancista que está só na profun– didade de seu poço, na companhia de todos os 91
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