Homenagem a Graciliano Ramos
medo da mitologia. Mas aos poucos fui me chegando para o sertanejo quieto, de cara ma– liciosa. Falou-me de uns artigos que havia lido com a minha assinatura, com tanta dis– crição no falar, com palavras tão sóbrias que me encantaram. O homem que sabia mitologia, tambem entendia de Balzac, de Zola, de Flaubert, de literatura, como se vivesse disto. Soube que era comerciante, que tinha família grande, que era ateu, que estivera no Rio, que fizera sone– tos, que sabia ino·lês francês, que falava ita- º ' liano. · Conhecí assim o mestre GracHiano Ra– mos. Depois o comerciante fechou as portas ,.pagando integralmente aos credores e seria o prefeito de sua cidade, faria relatórios ao con– selho muni'cipal, em língua e humor de grande escritor. _ Começou aí a carreira deste mestre. O homem que sabia mitologia sabia muito mais da natureza humana. Muitp mais próximo ele estava dos homens do que dos deuses da Hélade. Vieram os seus livros. O romanc~ brasi- 90
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