Homenagem a Graciliano Ramos

I "Ai quando virá o anjo da destruiçã ~ o pra acabar com a minha memória ... " (Murilo Mendes). Todos os rotípances de Graciliano Ramos e este é o sentido do seu experimentar _ são tentativas de destruição: tentativas de "acabar com a minha memória':, tentativas de dissolver as recordações pel0s "estranhos hia- , tos" dum sonho .angustiado. Trata-se de saber que mundo de recorda– ções se dissolve assim. A resposta é bastan– te dificil. Surgé, ainda uma vez, o ·clichê do "sertanejo culto" e sugere aos críticos a idéia de que o romancista está furioso contra o am– biente selvagem do seu passado. J.Y.las não é ·assim. Não é o sertão o culpado; Vidas secas é o seu romance relativamente mais sereno, re– lati'vamente mais otimista. O culpado é - süperficialmente visto numa primeira aproxi– mação - a cidade. O herói de Graciliano Ra– mos é o sertanejo desarráigado, levado do mun– do primitivo, imovel, para o mundo do movi– mento. E' o vagabundo ("um pobre nordes– ti~o ... "); e explica-se o seu ódio balzaquia- 70 -

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