Homenagem a Graciliano Ramos
I / "Como certos acontecimentos insignificantes tomam vuho, perturbam a gent~ ! Va1nos an– dando sem nada ver. O mundo é empastado e nevoento." E confessa: "Nã·o sei se con 1 os • 1 outros se dá 'o mesmo. Comigo é assim." E' assim com todos nós outros, quando entramos no mundo empastado e nevoento, noturno , on– de os romances de Graciliano Ramos se pas– sam: no sonho. Ds hiatos nas recordações, a carga de acontecimentos insignificantes com fortes afetos inexplicaveis, eis a própria "téc– nica do sonho", no dizer de Freud. Álvaro Lins, no melhor artigo que se escreveu sobre Graciliano Ramos, observa agudamente a abs– tyação do tempo - "Mas no tempo, não havia ' horas", cita o crítico - e acrescenta: "As ou– tras personagens são projeções da personagem principal. Julião Tavares e 11arina só exis– tem pàra que Luiz da Silva se atormente e co– m e ta o seu crime. Tudo vem ao encontro da personagem principal - ·inclgsive o instru– mento do crime." Estas palavras do crítico constituem a chave da obra do romancista: descrevem perfeitamente a nossa situação no sonho, em que tudo é criação do nosso próprio 68
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