Homenagem a Graciliano Ramos

/ o conceito de Benedetto Croce, o "lírico". O liri smo d e Graciliano Ra~os, porem, é bem es tranho. N ão t em n ada d e mus i'cal, nada do desejo de dissolver em canto o mundo das coi– sas; a credito-o incapaz d e escrever a última página de Moleque Ricardo, d e José Lins do Rego, talvez a m a is b ela página de prosa d a liter a,t ura bras il eira . O lirismo d e Graciliano !}amos é amns ical, a d inâmico, es át ico, sóbrio, clá ssico, clas sic ista, t r a indo, às vezes~ u m ocúl– to passado parnas iano do escritor. N ã o qu er dissolver o mu ndo agitad o, qu er fixá-lo, est a– bilizá-lo . E limina impla a velm nt ,tudo o que n ão se p r esta a t a l obra d e escultor, dissolve-o em r idicular ias, para dar lugar aos seu s rnonu– mentos d e b aixeza. Com efeito, o m a t eria l d ess e classicista é b em es tranho: é o m und o inferibr; às m ais d as vezes , o mundo infernal. Lá, as a lmas são ca– çadas por um turbilhão demoníaco d e angús– t ia s, como as almas no vest íbulo d o Inferno de Dante: "Quivi sospiri, pianti ed alti guai Risonavan per l' aer senza stelle . .. 56 I

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