Homenagem a Graciliano Ramos

o drama maior da sua gente, nele você nos conta a história de um vaqueiro nordestino e da sua família. Como estamos longe, com esse pobre Fa– biano, do vaqueiro do Sul, garrido, bizarro, lo– quaz, contador de histórias ao pé do fogo, come– dor de churrasco, tendo o clima a seu favor , e as cam.pinas verdes e felizes! O seu vaqueiro é uma personagem tangida pela seca, é um lutador. é um espoliado eterno, é um caminhante . Sua história é uma epopéia, é um grito de apelo que você nos faz, Graciliano Ramos . Foi precisamente em Vidas secas que você traiu um pouco o seu desejo de ser tambem secc e de não amolecer diante de tanta tristeza. Em Vidas secas é que você nos fala da cachorra Ba– leia e da sua fidelidade à família de párias serta– nejos. Você elevou a Baleia à dignidade de tuna personagem. Poucas páginas serão tão emocio– nantes na literatura brasileira como essas em que você nos conta a morte do animal humil<le . Pela primeira vez sentimos, nós os seus leitores, que aconteceu uma certa umidade nos seus olhos secos. NingueJl1 inventa, Graciliano Ramos, a história de um bicho assim, sem um grande sen– t imen~o, sem possuir no coração urna fon te de 1 • 15

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