Homenagem a Graciliano Ramos
Sua literatura, Graciliano Ramos, está pene– trada de piedade. Por mais duro que você se te– nha se~pre mostrado com as suas personagens, por mais que você as tenha castigado - há uma grande piedade estrangulada que emerge dos seu s romances e das suas histórias. Você não é um cético você não é um roman– cista acima das suas criat~r as . ao contrá rio: você . . ' . pa r tic1pa da tragédia, da pobreza , das humllha- çõ~s q u,e as suas- personagen s sofrem_ e sup_orta~. N ao ha um sorriso, não há urna d1s t1·a çao, n ao há uma nesg a de céu azul, não h á primavera ~ você , e o s eu p róp rio humour t em qua lquer coi– sa d e rí spido, d e agress ivo. E' que você é um criad o r qu e participa da tragédia dos seus ho– mens m a u s,, dos seus h omens desgraçados., dos seus oprimidos, desses ser es que parecem arnal– d iço a d os, d esses ser es que vegetam no fundo d essas t e rras s em dono d e que você s e fez o r e– velador . S u a piedad e n ã o se tra duz em lágri– mas, em la menta ções, em g r i tos , em ex cl ama– ções ; não é uma pied a d e m o le e f a t a li sta, n ão é uma pied a d e chorosa e român t ica, n ã o é uma piedade g orda ; sua pieda d e é r evoltada e dura, não é feit a d e tr istezas sem remédio, n ã o é um 12
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