Homenagem a Graciliano Ramos

n1inhões sempre custavam a pegar. E alí, ca– neta na mão, fumando cigarro Selma, ia con– tando devagar, num papel vagabundo, as po– bres~ aventuras da cac11orra:i Baleia . Queria .fa z er um r omance, mas a conta da p ensão não podia esp erar um romance . Por isso cada ca– p ítulo ficou sendo um conto que era vendido logo para um jornal do Rio e outro da Argen– tina, ún ico meio de aplacar a fome de dinheiro semana l de D . Judite. E enqua nto armava , I , peça po r peça, o s eu r omance desmontavel, você ia faz encl 0 um ou outro ar tig o ruim. Ah , Bras ili ano, g anh~va-se pouco, mas er a diver– tido . Nas noites de verão a gente podia apa– gar a foz d o b a nh eiro e f icar espiand a j anela da vizinha até que ela viesse tirar a rou– pa, mostrando um belo corpo moreno comple- tam ent e nu . Como era bonita a nossa vizi– nha, B r asi lia no! · Você vivia zomba ndo de m im e d e Vand erli n o porqtte n ós g os távamos d e espia r, mas uma noite ·te pegamos lá no / . escuro, de tocaia. Corremos para a outra Ja- nela . E sabemos que você cuspiu de nojo e d isse a pa lav r a " peste" quando no lug ar da 120

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0