Homenagem a Graciliano Ramos
gar trinta mil réis na roleta no número da ca– tacumba do Tinoco; 0 tira da Ordem Social que ficava desesperado quando você dizia que Vitor Hugo é uma besta; o rapazinho que que– ria ser poeta e o velho surdo; 0 sub-oficial pal– rador, o Vanderlino com sua cara de jaca e personagem de Dostoievski; e tambem, para dar à nossa mesa a inquietação los pecados, o vulto suave de D. Ester, t 5.o deshonesta e tão boazinha, que a ú1berculose levou. Ah, na- 1 qnele tempo yocê se chamava Brasiliano por- que a dona da pensão achava que, cobrando seiscentos mil réis por quatro pessoas amon– toadas num quarto, não tinha obrigação de aprender seu nome direito. Você s·e chamava Brasiliano! Seus cabelos, que haviam raspado na ilha, ainda não tinham crescido bem. Saíra há pouco àa cadeia e já havia escrito Angús– tia. Toda manhã, bem cedo, abria o peque– no armário de pinho do seu quarto de pensão, tirava lá elo fundo a garrafinha de cachaça, to– mava 1..11n gole em jejum e se sentava na mesa. A paisagem era um longo telhado sujo onde os gatos do Catete se amavam sem vergonha e um pátio de garagc onde os motores dos ca- 119
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0