Diario Oficial 1894-Dezembro
478 Sacbado, 1 5 - - -- A' al~un:1 kilometros apenas das costas, as terras da G uyana eram desconhecidas; aventu– reiro_ penetr-.i raru longe nas flore.;itas e savanas, sem '.trazer, porem, docnmentos precisos: das r eciões <las montanhas do centro !soube-se ape– na~ mythos. Lú, tambem, como em outros loga– re;a da America, acreditavam que existia um rei r Doirado», Pl Dorado, banhando se em oiro liquido, vivendo em um palacio de esmeralda e de rubins: trotaram müitas vezes aventurar-1oe a e ta descoberta para conquistar th esouros, porém só no Recolo presente começou a explo– ia<;ilo séria. A partilha fez -~e pois da. mar"em p:ira o interior. A Hespanha, á quem su cc;deu a Republica de V enezuelu, assenhor eou-se 'de toda a Guyana do norte e do oeste, se~uindo a ma r~em dircit.a do Ortinoco; P ortugal. de quem h erdou o Brazil, chamou a si a parte das Guya- 01.,, ~ituada. na vertente do Amazonas: não r..Jbrou para as outras potencias europeus senão e, littoral maritimo comprehendido entre as duas r c~ões das emboca<loras, delta do Orenoco e c.-tuario do Amazonas. Aos estabelecimentos da costa, os inglezes, hollandezes e fraocezes, que f.C tinham declara<lo senhores e conq ui tadores, al:e;rescentaram até ás cristas desconhecidas dos monte~ toda, as bacias fluviaes, cujas emboca– dura,: po suiam. Destes tre11 domioios coloniaes é (JUe con iituem o territorio designado de um moclo e ·pecial sob o nome de Guyana. Todavia, a, fronteirM estão ainda fluctuantes. A o sul. as lin has de partilha não foram reco– nh"cida.~ cm s~u comprimento e em todo o seu complexo; al em disso as via~en nun ca fo ram feitas por ar0itroa encarregados do limite pre– c:i-o dos tcrritorios entre os Estados. .A oeste e lc,te. a · iuccrtezas são de natureza di !ferente; o., cfücric:tos de considcravel extensão sào ainda terreno~ reli~ioso.; . .A Inglaterra pretende ter d1r...ito. nfw sómente a toda a vertente do E si– quib0, 1m19 tarnbeUJ uma parte da bacia do rio Bran co, reclamada tambem pelo Brazil. Elia mostr .l•Se ruai~ exi!!cnte para com a Venezuela. '1.'endo j[t leYado 'as fronteiras de sua colonia até a lllaJ'p;em merid-ionaf de uma das gra ndes lwcai! do Orenoco, pelo escoadouro do Ama e;uru, ella a ge nhoreou-se de uma parte muito ri.:a em allnriü_e.~ au ri feras do vali e do Cuyuni : a :-.uperti ·ie do tcrritorio debatido, é superior ú du domínio attribuido seru contestaçíl.o a In- 1.dat•crrn. Na outm extremidade a F rança pre– t e11 le tirar do llrazil uma regirw avaliada cm cxt•rnsão (, 10etadc da superfh:ie do territorio fi ,rnricz; é uma lonf!a faxa da vertente atlantica füll 1zoni·rna, comprehcndida entre o Araguari e ~• ri•1 Branco. Os paizcs contestados, á oeste, :'., lu-t c e au 1<ul , forw:1rn outros tantos doruinios p olitir·os di1,lÍncto~ no to<lo da ilha guyancza. ( 1) ,h div cr. a~ Gnyanas têm uma !'.!Tande serue– ; :ia11 1;:1, u111a phy,;i,,uomia ~eia!, corumum, pela na •url'W e enllocac; ão dati r.ochas, a c,ri enta ção o ,, iri!.i111en d11s c:ur.•ns de agua, polos dcpositol:l e (:ort•,.-ão dn littr)l'a), a direcção das conentes J11ariti111ai<, OH phnnrimenos do clim:i, a <listri– l,uiçún <la" cFpe<·i P veiretaeR e aoiruaci;, o ag ru- 1,:L111m,t0 d:11; trihufl _ indinnus. . A_' interven ção do, h ot"<•1111 Hilo r1enrl% os pnnc1pncs contras – t " du~ o i 1<'l':sOM J~st:1dos coloniacs suj eitos pela ( 1 l Sup<'th•·i~ rins rli ver;ns Guyaoas: < , 11 y na coute tnrl,, entre Ve11e- 2u•·ln e fngl ~terrn . . . . . . I 30.000 k . qund. ( :u)lllla ingl,·,a, romprchendenrl_o 130.000 k. 120.ooc, k. 8 1.000 k. " 0 tern:11" contc;tado rio Brazil r:u;·~nn Jioll:11Hleln. . . . . . . .. < ''')' "' f,.,nc,•za . . . . . ._ .. ( , 11 y Ili\ c·,111!•• ·t ,dr rntrr· n l·rnn < ,: o llra-,iJ . . . . . . 26o.ooo k. " 'J 0 1, 1111<ln C"u<lrcnu . . • • 711 .ooo k. " DIARIO OFFICIAL acçn.o dos governos d'alem-mar á condições economicas e sociaes di-fferentcs. Numerosos viajantes, voluntario:;i ou enviados pela mãe pa– tria, estudaram especialmente tal valle, tal dis– tricto de cultura ou de minas, e combinaram seus itinerarios aos dos exploradores que atra- · vessaram a região de uma a outra vertente ou das marO'ens do Orcnoco ú.s do Amazonas. Gra– ças a ~ tes trabalhos collectivos, pode-se já traçar um quadro geral da natureza das Guya– oas. O primeiro conhecimento do littoral fez-se no principio do 16º seculo, em 1500, pelo na– vegador h espa nh ol Vicente Yan cz Pinzon, o companheiro de Christovào Colombo no desco– brimento do Brazil, a leste do Amazonas, elle atravessou o ccmar doce,> do estuario e percnrreu as costas baixas das Guyanas até o Orenoco. Diogo de L epe e outros marítimos navegaram em urna parte do Oceano, mas passou-se mais de um seculo sem que viajantes ou colonos cu – ropeu.s penetrnssem no interior das terras desde muito tempo ]obrigadas de longe. Sem duvida alguns h espanhoes desembarcaram sobre as costas visinhas do Orenoco; hollandczes succe– deram-lhes e, desde 1581, procuraram estabele– cer-se solidamente nas margens do Demerara para tratar com os indigenas. O gosto das aven– turas e a esperança de descobrir thesouros do Homem Dourado, attrahiram tambem os via– jantes brancos, porque, cm 1596, o in glez K ey– mis, recomeçando a tentativa de seu patrício Raleigh no l º ccimperio de Guaya», a Guyana h espanhola, procurou descobrir_ o g rande lago l\IaDoa, que a carta de Uele1gh represrntava como tendo em sua extremidade oriental rca mais vasta cidade do mundon. ( 1) Elle tomou porem outro caminho: cm lo)?ar de seguir a di– recção do Orenoco subiu o rio Oyapock, na r e– "'ião que tornou se Guyaoa franceza. Em 1G88, · 1a l\Ioitte Aigron subiu tambem o Oyapock. até «ciocueota Jeguns,>distantes do mar, na espe– rança, perdida de chega r (i.'3 margens do Ama– zonas e talvez de encontrar no caminho a fa. mosa região do ouro. A inda em 1739, Nicolau Hartsmano , seguindo outro cami nho, o do .Es– seq uiho, penetrou muito long1 no interior, le– vado pela mirngem da cidade com t ecto de me – ta l precioso, Mas ali origens da colonisaçrw silo do cornmercio. Uma vez acampados no littoral guyani?z, o~ negocia ntes das diver ·as na ções disputnram os dominios conquistados, e os go– vernos da Europa intervieram com emprezas de guerra e de pilhagem; pouco a pouco ch ega ram a conh ecer alg uns Jogares pri ~ilegiados do litto– ral; o traçado geographico das costas, dos cstua• rios e dos rios, até as primeiras cachoeira!>, to– mou form./.1 gradualmente, e teve se vagas no– ções sobre o interior, por inte1·medio dos indios o dos ne1-,rros fu~ido ·. Os mi sionarios tambem contribuíram em grande parto para a ex plora– Çíl.o rla re~ião, os Jesuítas, ~muda-avança da dos negocinotes francezcs , e os religiosos Moravios, na. colonias hollandezas. Em 1G72, um grande descobrimento na phy– sica do globo se realisou em Cnyena : Richer, ahi provou o achatamento polar do planeta por observações da p 1 mdula que lhe foi preciso di– minuir de um 352° para bater os segundos como em Pari~ ( 1). Dois annos mais tarde os j esui,qt.'ls G rillet e Bécharael, physico~, foram envi,1dos a Caycna para fazerem e3 e~turlos 1?eographicos da reg ião, e pe11 etraram entre os índio Narag uas e ·A coqua; ma. su<'cubiraru pouco depois pela fadiga da Yiagem no interior, e u cx ploraç·ilo séria daa Goyanas só principiou (1) Ceogmphícal Journal, Fehraury 1890. Dezembro-1894 no seculo seguinte, em 1743 e em 1744, com a passagem de Condamine; que voltara de s11a memoravel exploração do.• Andes equatoriaesr e a chegada do medico Barrére. Vinte anno depois, Simon Mentelle desembarcou em Cay– ena: durante trinta e seis annos de estadio, eru condições as mais dif:liceis, elle visitou como– engenheiro todo o littoral da Guyana f'ran ceza , e se tivessem ouvido os seus conselhos, muita empreza funesta ter-se-ia evitado. O botanico– Fusóe Aublet, cuja obra sobre as Pla ntas d e Goyana. tornou-se classi(la, percorreu a reg ião de 1762 a 1764. Em 1769, um de seus colle– gas, Patris, subia o Oyapok e seu affiuente o· Camopi. Outro naturslista, que era tam0em um homem intelligente e de iniciativa, Leblond , seguiu riuasi o mesmo itinerario em 1787, e voltou pelo S innaman·; durante muitos annos elle percorreu uma grande parte do territorio, estudando todas as plantas utcis, procurando especialmente a quina, que não encontrou, observando os índios e fazendo proj ectos de po– voamento do paiz alto. O engenheiro Guizàn abriu numerosos canaes para o escoamento e navegação M S duas Goyanas h ollaodezas e– fran ceza, e aproveitou estes trabalhos parn es– tudar o solo, o clima e ae produ ções locaCR. Um capitão in~lez do exercito noerlandez, Sedman , utilizou uma residencia de cin~o annos no in – rior da colonia de Suriname, de 1772 a 1777, escrevendo um relatorio de suas viagens e observa ções sobre a região. Mais tarde~ as re – messas dos exilados que succederam-sc na Goyana fran ce~a contribuíram a tomar conhe– cido este paiz, da ndo-lhe porem uma fama horrível, a de uma re~ião pe~tilr ncial e mortí– fera. Entre os h omens iustruidos que escaparam <los contao-ios mortaes, nenhum !)oude ou so ube o . empregar os aDn os do cx1lto na redacç!l.o d_o uma o:.:ira dura vcl con~agrada no estudo do pa1z de desterro. Depois das g uerras da R evolução e do I m– perio, as primeiras explora ções goyanezas de descobrimento riue tomaram por modelo m• me– moraveis via"ens no Novo Mundo de Hum– boldt e Bompla!}d foram as expediQõcs ~os irmãos Schombnr"'k de 1835 a 183!). Não ,., ' 1 . somente estudaram a Goyana ing eza em quas1 toda a extensão, mo s, transpondo as montanhas li~aram o seu itincr ario aos de Humholdt e d e outros viajantes na bacia de Orenoco. Na G0y , ana franccza já Adão de 13auve cm 18:30 tinh'l. transposto a linha de di~isão entre o Oyap?k, o Yai e o A rarruari. L eprieu. tinha percorrido as mesmas regiões e tinha descido o J ari sobre uma extensão de mais de ciu cocota le"'ua8. 1► Gatier conhüccu o curso de la Ma na uté a:; fontes. J'or espn ço de vinte annos, 18-t-9 a 18G8, .Apun, tornou-se o companheiro dos indi~s nas florestas, estudem sobretudo as plantas e ammae da exhuberante natureza tropical nas Goyanas iogleza e vcnczuebna; os geolo~os Brown e Sawkins contionaram nas terras cootinentac. , até as montanhas de J'acaraima, os estu<lo~ co– meçados na ilha da Trindade; ldcnbu.~ occu– pou-se da climalo:,1ia e da nosugruphia da Goy– ana h ollandeza; Crevaux em 1876, o Coudreau em 1883, prose~uiram em outros pontos mais ou menos proximo.s do Amazona s a obra dos– Schombu rgk para liga r os itinerarios do lit– toral aos da8 vertentes brazileiras da interior, na bacia do rio Branco e do rio Negro. Emfim desde o anilo de 1883, Fverard in Thunr inau– g urou trabalhos carthographicos precisos nn territorio contestado do noroe te quo a Grã– Bretanha adjudicou-se. Faltam ainda trian~lt· lu ·õl?s pnm carta,; definitirn~, mas po. ~ucm se jtÍ os elementos ucce. sarios pura d:J.r o traçad,J
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