Diario Oficial 1894 - Novembro

Domingo, r8 ~~~ DIARIO OFFJCIAL OpportunamP.nte informarei em trabalbos especiae~ sobre _os-ruammi– frros da Arnazonia , dignos de maior attencào. Uma font~ de informações desde j á os uruigos da natureza encontram no meu livro: cOs l\famru iferos do Brazil». ('\,Jono~ aphias brazileiras I ) -li,,ro qn e se encontra na cc Li– vraria Olas ica», Silva no Par:í . Por orn nr,o fazemos di tiocçilo-tudo nos serve, tan to o raro como o commum e trivial, pois nada teru oJ ainda por dizer no Muzeu E stadoa l além do re ·ultado dos no••os sinceros e fo rças pes. oacs havidos durante o · ultiruos 6 mczes. · 'Belem do Pará, Novembro de 189--1-. Dr. E~1ILTO A . GoELDI, Director do i.\Iuzeu Pars ense de -– H istoria Natma1 e Ethnograpbia. ( Cuntinúa.) ... - - - -- ----- -- . -- - -- -- -- -- -- -- - -- - - --- - - -- -- - - - -- - -- - - --- --- --- --- - --- - ---- - - -- -- - - - - - - - - -- - - --- -- - -- ---- - -- - -- - ' -- - REVISTA D.A. Um capitulorle Hi toria Colonial do Para (*) I Noções sobre a descoberta e 'divisão das terras do Brazil em sesma,i as.-Extensão e conces;ão das mesmas.-A do Pará, comprehendida ·aa do Mara– nhão, dada á João de Barros, A'yres da Cun ha e Fernão Alvares.-Primeira tentativa para pornal-a. - Man exilo da expedição comman<lada por Ayres da Cunha.-Nauíragio e morte deste.-Pcrda e dis– persão·da gente.-Considcrnções sobre a expedição. '-João de Barros desanimado renuncia a expedi– ç:lo.- E' esta conced ida á Luit' de Mello.-Nova expeclição.-Mallogro desta.-Morte do doDatario. -Desanimo geral. E' de 11eees:-idado, antc'S de tudo, dar uma 11oçào succinta dos factos <Jn e precederam i hiH• t oria colonial do· Par:'1 :- é i<i8 de tq;ua só e unioa cadeia, todos e rclaC'innani e pre r~dem como causa, e effeitos uns dos outros, fo rw;rndo p,ir tim o 11errncns do movimcuto que ma is tard0 isc operou na l'Ítht do povo parn ense,-1elincan– do as primeira li nha,· do painél que dcprüs se d esenrolou nesses teDJ pOi'J. primitivos de aventu– :ras e arrojados corurncttiment~q· J) escoborto o Rrazil no anno do 1500 por Pedro AlvH res Cabra l, m,1i:; de um seeul o du– correu sem :,cr co nh ecido o siLio ein f]Ue hoje a, ·cota a i•lade ele Belém. As cxploraçõ s tlo– YÍi\jantr · nun ca pa~sa ram do A _rn azouas dura nte o longo perioclo ele cento e qurnze :H111os, ço1uo tlemon~tram as chronieu. des as re111ota. épocas de , elvagerias. As regiõr' do sul ab~orvinm .nuab1 toda a uttençfto ~ernl da mctrn pnle. · _, ·1 l-'urt1 ,11 tomando o senhorin d~-. tP1-rt1s con (fUÍ~tad,1s, divi<liu ai- :m _duzo, SP~lllal'ia:; CIJlll R -tlen<•w111a(•fto dl.l cr•1)1tu,1111s. Tml w r·a.Ja uma 'cincoenta \,,TUltR de CO$h e !'und()s iwletl'rmina– dois para o i~tcrior. 1.'icru toda:; porém for,1111 i~ac:,. A igrwrancia <lo littoral l't'Z eum que (~·) O nosso illu. tre con5r,cio s1 Darão de Guajará, accedendo n I eitt:rado appello, enviou nos os tres pri– meiros capít ulos ou sej3m os prolegomeu, s de uma /liJtorin Colonial do Pará , que ·. ex c. projectn escre– ver. Os lei1ores que nos agradeçam, pois, e tn t>rimeira puhlicaçno. 'ella, o auctor do Motins Políticos do Pa,·á nl\o <iesdiz da merecida nomeada que o colloca na mesma plana dos mais benemeritos historiadores bmzileiros. N. da R. umas foss em maiore ou menore,- que a,: outras. A do Par(L tiuh ,1 mais d.~ duzenta, le~uas de costa , começando dn R io-Gra nde do · Norte, como effectivamente comec,:ava. ( 1) E s~aR capi ta ni a · foram d:idafl pelos reis de P ortu~a l aos grancle. servidores do E stado, que estavam em condi cf• es do povoai-as e de promo– ver o seu e1;1grandeoimento e defeza contra as invasões cstr;mgeira;, devPndo as me mas rever– ter ao domiDio da corôa, q na11do não fo~sem sa– tisfeitas tacs oondiç, ões, ou qua ndo os do oat.ari os não. ti vessem filh os va rõt:s praticassem crime~ capitae . • A ampla jorisdicção civil e crimin al, de riue gozavam os J oüatario. dava.lhC's direito de im– pôr leis aos povos que conqui~tru sem, ta nto sobre a cultura das terras e ~uas produC(,'Õ/.'S, como sobre o commercio, minas, pesrado e quaes<j uer indu,,trias creadas· uos limites das se~mar ia~. Era-lhea vedado sómcnte-inflingir a pena do morte,-e tabc·lccer a ia~cripç!io e typo da mucda, - crea r a. arrecada r clizimos, o que tudo continuava a ~ r da exclusiva compctenoia do F.;,tado. · En tre os donatari os foi contemplado o histo– riridor ,J oil.o de Barros, entilo feitor dA. casa da !adia. P or carta réé t de l 1 de Março de 183:'l, dom J oão_ H.º concedeu-lhe :1 capi t,1nía do .\'Ta– l'anb ãn que cornprebcndia a~ terra · do Pa r(~ (2). l;j na foiruci ra esperan ça ii.e hom <'Xito. ,To:io de Barros não bc-itou em ag;rnciar gente qne qui – zesse immigrar para o abençoado paiz, cuja ri– quezas eram tão deca ntadas. Não llrn falt..'lram aventureiros que, disposto a tentar fortun a, açudiram no eu convite em numero de noveccato , Ajudaram -u'o cnmo in·– tC'ressado n'esta orn prcza Ayr•'S da Cunha e F ernO,O Ah·r,res. Era este ultimo the~our iro- u.Hír do reino. Tambem dona tario rla~ me ma ter– ra , ambri, mo trnra m Re olir it os nos apresto _da ox pcdiçM, que , ~ hiL1 do L i, bc,a er.u Out1.1bro ( 1) Y.irnhagcm, nos seus commentl\rios no No– leira de Gabriel , oares, diz que verificou no archi,·o da Torre do Tomlio nio ·er esta capil:tnin sómente de 50 leguas de co:t,t, porém de 225 como cloa,;:'lo mixta ,. cornpostn (Úls lfllC pnrci ·lnwnt se havinm feito it Jo:'lo de Barros, ,\yre~ <ln Cuuha e Ft:rni\o Al– Yert!s. Leiam se as Obras de J ~o Frnnci~co Li b a, vol. ll , pag,. 34 e 36,-vol. Ill, pn.gs . 297 a 304, nas quaes sao ex tractadas os datas regias de tnes cloa– Ç()es, ele li de l\farço e c8 de funho de 1535. São lambem ex tracta<la~ na D,ztas Celebres da Hist. do Bm:, por José de \ nscoucellos. pag·. 202 a 20➔, ~t!) Esta carta n. o está registrada nem no archi vo do :\laranhno, nem no do r ~rá, nffirma-o Accioli– Corog. P or. pag. 174. Mru; João .Frnn isco Lisboa a extmcta no ,•oi. III, pags. 297 a J O.l, como a outra de 18 de Junho do me~mo nnao de 15 5, relntiva á doa– çdo feitn à Fernno ,\!vares e n Ayres da Cunha. Fica assjro confirmada a opinil!.o <le \."emhagem de ser mixtn e composta estn doação. de 1535 cm dez na,·ios sob a, onlen do pri- - meiro. J 11ào de ;&frro- f,-z; se repreptar pnr dc,is filh·l• ,;cus, e F ernão A lva r ' por um delegado ,i . to não poder<'rn ahir do rai oo ·eu, p,•rda do ca rgos qu e exerciam. Avisrando a Canaria ~ tomaram o rumo do Brazil e r·hl'l!nr:1111 a i;a_h·a– ment() ao R eci fe. Ahi rec:ebernu) de Dua rte Coelho donat:i rio de Pcr uambuoo, os interprt:te– neces ·a rio para pôl- o em·C•Jrumuuic1.1 <,1ão com os selvagen . a s im como llllla fü . ta de remo· que fo ~e _udi unte ondandv o canal no. lugares ainda descooheoido . A im :1u xiliadu~, cguiram parn o norte e quizera m e\ rahelccer e cm u01 ~itio chamado ,dJea r.í,- uiirirn », no Rio Grand e o _·urte, ma· não poch:ra1u lo'.:nH o ~,!11 int.e11t,1. O · i nrlio pitaguaréR, un idoR ,í muiros fr:rn,· ·zc - que l(L já existialll fizeram-lhe- tenaz r,-siat,'ncia e o obrigaram a rt>tirar-se, lo\',1 ndu apt"tias ccHn'igo alguus nnufrn ç;o. do um ti 'l\'i, 11<-,p, nh.,i que.) St: havia ])<'rel ido, unico. que· poJ 0raw '·eu p,1r da. atrocid:tdc do sei l'a;!ell ~. i\l oot.a ndo o cabo de ão R oq ur em ln1~ . no porto do i\'la raohão, c..,garrvu a fu~la., e qua i perdid a foi encontra<la por um n:1vi.. "f Ue a levou para a ilh,l de São Domingo:. ( 1) E assim, scru i:i;uia qu e a conJ uz.is~ c na cu. ta, a ( xpeJiçi't11 tinha na turalmente d p· rd0r , , cnm,, Pr, de prever. O navio eru qu e ia . yr,•s da Cunh& naufragn u logo nu, parcéis J o,, J,,,n,;,.;(-8 Gra nde~ coafürrne demonstra Caodicl,) :\1,·n l<..,. e não nu Bo, ,upirào corn o qu ·rem algun~ e·!·ripwrL'S. u m nos bancos d,. CurJa GranJe cvmo <('H:rem outros. (2) _ J'este dc. uRtre morreu .\ y res eh Cu11h:J , e tal accidente trouxe a P.erd:l total ,ta expedic,.ào por f,dta de queru a dirigi~.-;e com cri tC'rÍo e cner,!!ia. Em Março d , 15:{6 Hnéorararn n.L i:ha el e :lfa– raohão o" novo nn,·io~ riue re;-1tu··:11J1. A· w•ot•) desemb11 rcou, e reuni da fo ru, nh uma povoação, com o uome d e .1\Taza rdh,. na qual nàrJ lia v - tigio alg um. No primeiros tempo, toclns vin'rn n em paz com os indi!!cnas, ma. depois d,:,houvt•ratll e, e P.ctes não lhes deram m,1i, g unrida, quéiman– do lhe as pbntaçõl:', o -cmias. .b'. ·,·had\,, em a.pcr taclo cerco, seu1 a!!ua. ut:1rn al im,·utaçrw, viram-se ua dura ncoo.·~iJad u d., fugi! al.J:1uLlo– nnndo tud o. (:-l) N iu!! ucm sa be , e re1;riJss:1ra.m ao pniz nata ~ refr.re - e :1 penas que em A gor,to <l e 1.- :-}8 a p pa– reot•ra w cl ui caravelões na ilha àe Pnrto Hico e ontro na do São Domina:o~ •Ôm m11itnR cnlono e guu tios, seltciro..~ e "I ~do., li nt•,' e l'.~eru\'o~, o·. qu:ies fo rnm retido, pür on l, m do µ0 1•e rno h(, pai1 hol. J nno de Barru HÓ pourle reh:t vcr Oi f<eu,i doi fil hos J ,•pois de muito trabalhe,, facli gn~ e d spozaH. (-!) H a <] UCru ponha cm dnvi,la a pn,i:• nc::i d('Rtn e;q wd içM, c:ump:tniudo-t\ rom a de Ya~co th Gnma ag Ori 'ntc, <'0111 .l dr c.. Jomh.. an 110\'ll mundo •,11n a do Co1J,•z ILO in']H'l'i,, <lt•· ~fontc– znmn, com n J e l'i zanu ,lll l't rn e t't111clui\ as ·e,·rrando que, r uni J~: t,i.!a~ n:l•J ~l'l'i·nn tàu p0Ll~1·0 afi m o fl'JUP1h1. ( 5) J~atreta nto h n qu•'IU Affi r m1• 'llll' os pn•p,1ra– tivo. <l .ta expedi ção fo ram tàn 1'xtrat1rd11111rio e 6zerum tunto ru ido, q uo o ,.,uhaixaJnr h•• p tl• Dhol em Li~bt,11 c llt'i,.'Ull n crL'J' fo,,,p u111 n lndit contra o, eetabeleci1m•ntux lfUt~ o ~l'U p11iz tinhll ,!t) --- , , ui (r) Vt:mhagen.i- ,. st. Cer. do Bnu. (2) Rn:. do /,zst. Hist. da Brar:., ,·oi. ::-(II,pnrte :i, pag. 118. (3) Cit. Hist. Ger, do .Braz. (4 ) Cit. Hüt. Cer. do Bra,,.. l S) João Francisco Lisboa, vol. II, PD.i· 41.

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