Casos Forenses
• - 298 - deixa ordinariamente arrastar por sentimentos da mesma natureza, 23 annos. Imaginava-a pura, e capaz de fazer a felicidade de sua v ida, cheia até então de difficuldades e dissa– bores, que precisava de encontra r uma compensação na dôce paz do lar domestico. A pureza de seu amor era inquestionavel, porque, apesar da facil idade que encontrava com o accesso que lhe era permitido em uma casa habitada somente por ella e sua mãe de creação, sempre a respeitou. Não fez o que fariam muitos de sua cathegoria social-o amor illicito. Realisou por fim o seu ardente desejo: o casa– mento, festejado durante toda a noite por seus amigos, camaradas e outras pessôas tambem das relações da noi va. P assado o dia, durnnte o qual sonhou certamente com a sua feli cidad e, á noite teve completa e dolo1·osa desillusão: aquella que elle imaginava pura, havia sido deflorad a por outro homem. Foi arr ebatado logo pela ira, attenta a intensidade do affecto que á sua esposa dedi cava. A conversão do amor em odio sempre se dá na razão directa de sua intensidade. O muito amor contrariado se con– ver te em muito odio indomavel. F oi o que se deu com o appellado. Sem med ir as consequencias de seu acto, que faz? Conhecido o seu engano, levanta-se, guarda as roupas bl'8ncas, e concebe o plano de tor nar publica a offen sa recebida; via somente o seu eu, a sua honra ultra– jada, a sua felicidade completamen te desfeita. Dirige– se á casa ele um seu collega, ali encontra tambem outro, e os faz vir, elle em completo desespero, á sua casa, áquella hora da noi te, duas da manhã, e os faz testemunhas da ausencia de signaes de defloramento pelo exame das roupas. Não obstante ella se declara
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