O Liberal: jornal da amazônia. Edição n° 22.574. Quinta - feira, 08 de fevereiro de 1990.

técnk:o alguma T odas as tardes, chova ou faça sol, os moradores da Pedreira dirigem-se aos pontos já tradicio– nais de venda de tacacá para sabo– rear esse lipico prato paraense. Das pane– las fumegantes, o lucupi bem temperado, a goma, o jambu e o camarão vão para a pequena cuia. Os aprecidadores do prato lipico escolhem como querem o tacacá : pouca ou muila goma. com ou sem pimen– ta, "mais camarõe7.inhos para acabar", e assim se deliciam. O bairro é conhecido por abrigar grande número de tacacazei– ras. e as mais Lradicionais. Formam-se íi– Jas, à espera da hora de servir. Doralice Carv3lho dos Santos Souza, que mora há 26 anos na Pedreira e faz tacacá há oilo, disse que a ,guaria "é um lanche, um gosto, uma vontade, assim como o açai". Doralice - que antes vendia tacacá dianle de sua residência, na travessa Vile– la - está há dois anos em um ponto locali– zado na avenida Pedro Miranda, esquina com Humailá. "Venho para cá lodos os dias, lá pelas 16 ou 17 horas, e fico até aca– bar o lacacá... Ela afirma que " mesmo agora, que os produtos para fazer Lacacá não têm preço fixo, compensa fazer o pra– to para vender". O jambu MO está por me– nos de NCZ$ 15,00 o maço; o camarão já ul– trapassa NCZ$ 100,00 o quilo; e os demais produtos "sobem lodo dia", segundo a la– cacazeira. Para fazer um lacacá especial, que atraia a freguesia, ela Mo esconde seus segredos: "Precisa tirar o lucupí bem grosso, ferver bem, temperar com alho, chicória , alfavaca e outros produtos". Doralice MO tem máquina para tirar o tucupi, precisa ralar a mandioca para extrai-lo. Com isso, o produto adquire um sabor bem caseiro e a cuia, bem grande, sacia o desejo de lodos. " Vendo 60, 70 laca– cás diariamente e a melhor época é do dia 15 em diante", afirmou, observando que há fregueses que vão lodos os dias tomar lacacá e alguns ainda levam para casa. Para trazer as penais cheias, de sua casa até o ponto de venda, ela conta com a aju– da de dois filhos. "Eles me ajudam a tra– zer. Para levar é mais fácil", conlou. Do– ralice diz que tem vontade de fazer outras comidas típicas para vender, mas por en– quanto vai continuar só com o lacacá. Da tia Outro lacacá Já tradicional da Pedrei– ra é feito por dona Waldomira Nasc,mento e seus filhos, André e Arnaldo, que moram na travessa Vilela e há 5 anos vendem o prato típico na esquina da 25 de Setembro com a Humaitá. O " lacacá da tia" como é conhecido, também era vendido a~le:S em frente à casa da tacacazeira. " Minha ml'ie começou a fazer lacacá há sete anos, para vender em frente de casa, depois mudou para a Escola Estadual Justo Chermont e agora estamos na 25 de Setembro" conta André. Os filhos fizeram uma m.lqulna pa- Jornal dos Bairros No hora de saborear um bom tocacõ, o idade nõo Importa, e multo menos a condlçõo social Todas as tardes são boas para um tacacá ra tirar lucupi e alualmenle Waldomira apenas supervisiona o trabalho deles. " Mi– nha mãe aprendeu com a mãe dela e agora nós estamos seguindo a tradição da fami– lia", observa André. Os dois irmãos saem todos os dias, alé mesmo nos domingos e feriados, depois das 16 horas, com o carro lotado de pane– las. " Quando chegamos já tem fila de gen– te esperando", destacou André, dizendo que "às 20 horas já não lemos mais nada para vender". Segundo ele, os ingredien– tes para o tacacá estão caros " mas reajus– tamos o preço conforme sobem os produ– tos". Eles estão vendendo a NCZ$ 15,00 a cuia e vão reajustar para NCZ$ 20,00 " por esses diasendo a NCZ$ 15,00. dienles como alho, chicória , sal e alguns camarões para dar gosto", ensina, acres• centando que na cuia são acrescentados os demais ingredientes do prato. " O lacacá depende do lucupi. Se o lucupi íor bom, ar– rasa. Mas, infelizmente, tem muito lacacá por ai que não vale nada porque o tucupi é ruim ", comentou André. Para fazer o tucupi, os irmãos com• pram a mandioca no Ver-0-Peso, descas– cam e ralam à noite para ferver na manhã seguinte e, quando chegar à tarde, ludo es– tar pronto. Dona Waldomira vendia ape– nas lacacá, mas os filhos acrescentaram vala pá e caruru. "Vendemos ludo Lodos os dias, voltamos com as penais vazias e qualquer dia desses vamos colocar mani– çoba para ver se o pessoal aprova", com– pletou André. Kália Souza dos Santos, freguesa habi– tual do " lacacá da lia" e disse que o prato vendido por Waldomira "é bem gostoso". Ela comentou que o lucupi "é muilo bom" OoralJce Carvalho dos Sontos Souza e que compra o lacacá desde que a família começou a vender. Kalia considera o prato lfpico " um lanche" e destacou que prefere um lacacá a um sorvete. Hoje em I FATIMA Mesmo nos dias de chuva, André e Ar– naldo não se preocupam. O carro é equipa– do com uma barraca grande, que abnga lodos os que vão saborear um tacacá por Mo resistir à "tentação" da iguaria. O se– gredo de um Lacacá irresislfvel, segundo André, também está num lucupi "tirado bem grosso, com pouca água. D poís de fervido e posto para esfriar, deve-se rell– rar a .lgua de cima para ficar só o caldo grosso do fundo. Nele são colocados ingre- Os lrmõoa And,. •Amoldada Naaclmenta. da "tacocõ da tia"

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