O Liberal: jornal da amazônia. Edição n° 22.573. Quarta - feira, 07 de fevereiro de 1990.

g_4_JOLJL~l~B~E~RA~~L ________ __!!_J~o!.!.m~a1~d~o~s~B=a.t!!.. rr.!..:o~s,_________ ___...cBec.c.lém~. quarto-feiro. 7 de fevereiro de 1990 Quem manipula a sorte quase nunca a alcança Ele vendem bilhet,es de loteria, que atraem sonlws e ambições de pessoas d6 todas as classes, mas dificilmente conseguem realizar seus próprios sonhos. Conferir na banca ê Importante:a experiência do vendedor evita distrações A escolha cuidadosa pode ser uma exigência da sorte e onsiderado o maior vendedor de loteria da cidade, Raimun– do Carlos Pessoa, 60 anos, co– nhecido por "Lito", tem seu ponto localizado na travessa Santo Antônio, esquina com a Presidente Vargas. Ogrande movimento de tran– seuntes justifica o titulo: da banca de Raimundo já saíram 30 vezes o pri– meiro prêmio. "Quando as vendas são altas, maiores também são as possibi– lidades de sair o primeiro prêmio", revela. Esse segredo, porém, não fun– ciona para quem joga. "O vencedor pode ser tanto o que adquiriu uma tira como o que comprou uma cartela. Co– mo em todos os jogos, a sorte é o que vale" ensina E' o vend~cr? seria capaz tam– bém de transmitir sorte ou mesmo in– fluenciar na compra de um bilhete? Há 20 anos na função, Lito diz que não guarda segredos. "Um tratamento es– pecial ao freguês é o que conta", ob– serva. Raimundo Carlos passa a ser uma espécie de amigo que transmite, antes de tudo, segurança e respeito. A compra tranqüila de um bilhete, po– rém, não é tudo." As vezes, o premia– do pode ser um apressado que leva um bilhete da loteria sem olhar o nú– mero". Também não contam, para ele, as superstições: o vencedor pode haver feito a aquisição na sexta-leira treze o6 em qualquer outro dia. Há 40 anos nessa função, Lito conta que o aparecimento de competidores, cómo a loto e a sena, não tem abalado as lo– terias federal e estadual. Com mais opções, aumentam as possibilidades de enriquecer da noite para o dia. E· o enriquecimento– relâmpago é p_erseguido indistinta– mente por representantes de todos os segmentos sociais. "Na minha banca compram tanto os mais afortunados como os mais pobres", afirma Lito, observando que muitas personalida– des famosas também fazem sua lezi– nha : " Funcionários de repartições públicas, jornalistas e colunistas, en– tre outros, costumam vir comprar bi– lhetes", garante o maior vendedor de Belém. Apenas um bilhete Paulatinamente, muita gente tornou-se "freguês certo" da banca de Lito. Para garantir as vendas, ele freqüenta, quase diariamente, os es– critórios e as repartições onde os clientes contumazes trabalham, po– rém afirma que essa prática é feita dentro de certos limites: "Só medes– loco se a compra for superior a NCz$ 1 mil". Vender mais bilhetes garante uma boa comissão, embora, paralela– mente à necessidade de sobrevivên– cia, os bilheteiros também sonhem em ser, um dia, os afortunados. Asor– te já sorriu para Lito: " Há 19 anos eu ganhe, o primeiro prêmio da loteria esportiva. na época eram 4 mil cruzeiros''. No ano de 1971 a inflação ainda não estava tão alta como agora. O di– nheiro da loteria, todavia, não fez de Lito um milionário. "Deu para algu– ma coisa", revela . A banca de jogo não foi abandonada e ele continua ar– riscando, igual aos demais bilheteiros hoje instalados na avenida Presidente Vargas. Só que, para a maioria destes, a sorte ainda não se manifestou. Espe– rança é o que não falta para João Ta– vares Cardoso. Há 10 anos na profis– são, ele joga freqüentemente na lote– ria sem haver jamais conquistado o primeiro prêmio. Diferente dos bilhe– tes que já vendeu: "Várias vezes saiu o prêmio maior", conta, orgulhoso do fato de em sua banca serem premia– dos mais freqüentemente bilhetes da loteria federal. A diferença entre os prêmios das duas loterias é muito grande. "O prêmio da federal é de Isolas Ferreira IDpe, ainda tem esperança de ganhar l!almundo Carlos Pessoa NCz$ 800 mil e o da estadual é de ape– nas NCz$ 25 mil. A comissão dos bilheteiros tam– bém é distinta . Na estadual, a venda de um bilhete corresponde à taxa de NCz$ 3,00, enquanto que na federal é NCz$ 40,00 a quina. Esses valores são reajustados de 3 em 3 meses, mas o valor fica sempre abaixo da inflação. Por esse motivo, a loteria federal é mais vendida. Com ponto na Presi– dente Vargas há 5 anos, Isaías Ferrei– ra Lopes, o "Jabelão" , vende diaria– mente cerca qe 20 bilhetes, a maioria da loteria federal. Ele não se conside– ra um vendedor de sorte: "Ainda não ganhei nenhuma vez", mas, a espera– ça não o abandona. Entre os muitos fregueses que sonham com a conquis– ta do prêmio maior, Jabelão também faz sua lezinha. ·

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