O Liberal: jornal da amazônia. Edição n° 22.573. Quarta - feira, 07 de fevereiro de 1990.

O LIBERAL Belém. quorl ferro. 7 de fevereiro d~ l'NU Dívida: França apóia proposta de Collor Paris (fü1diobr:\s) -O Bra- A pergunta de um jornalis- Mitterrand também acha que a crise ameaça democracias Paris CAFP> - O presidente elei– to Fernando Collor.de Mello explicou ontem ao presidente francês François Mitterrand que a grave situação eco– nômica de seu pais e de alguns deseus vizinhos - como a Argentina - amea– ça fazercom que os povos da região fi. quem ''desiludidos com a democracia", revelou uma fonte oficial francesa ao final do encontro. termediários" como o Brasil. "Quanto mais trabalham mais empobrecem. pois o peso da dívida cresce·•. Tanto Collor quanto Milterrand consideraram que o Plano Brady em favor dos países endividados ''leve re– sultados às vezes decepcionantes". O fuluro'Presidente brasileiro - ele as– sumirá o poder em 15 de março - dis– se que também era urgente chegar a um acordo sobre as taxas de juros. Collor de Mello que chegou a Pa– ris ontem procedente de Roma, reuniu– se ontem com Mitterrand para um al– moço de trabalho no Palácio do Eliseu (residência presidencial). Adivida dos países em desenvolvimento e as (PPD) conseqüências da decadência econômi– ca sobre a imagem da democracia nos países da América latina, foram os te– mas principais do encontro de mais de duas horas entre os dois chefes de Estado. Collor pediu a Mitlerrand sua opi– nião sobre a evolução dos países do Leste e em seguida expôs a situação aluai do Brasil. Para ele. entre os "de– safios" a serem enfrentados estão uma inflação diária de 2%, profundas dife– renças sociais com uma grande con– centração de renda nas mãos de poucos, e odescrédito do povo brasilei– ro frente aos partidos e aos políticos. A questão da proteção ao meio– ambiente não foi analisada pelos dois chefes de Estado. O Brasil está sendo alvo de criticas em toda a Europa por causa da destruição da floresta ama– zônica, além de ser acusado de tolerar uma espécie de genocídio dos índios da região. A única referência ao lema foi feita por Collor de Mello. que admitiu que "o problema da Amazônia é muito importante". Mitlerrand concordou com a aná– lise de Collor guanto aos perigos que a crise econômica pode trazer para as democracias latino-americanas. O pre– sidente francês considerou responsabi- ~~~~:~ fo';~;r~nb~~u;;:J~d~j~~ lar: a divida externa e a deterioração dos termos de intercâmbio. A divida externa brasileira - mais de 108 bi– lhões de dólares - é a maior do Ter– ceiro Mundo. Para Mitterrand, o mundo indus– trializado materializou iniciativas que favoreceram os países mais pobres - especialmente os africanos - e já é tempode abordar ocaso dos países "in- Collor de Mello mostrou ter um perfeitodomínioda língua francesa,ao se expressar nesse idioma durante lo– do o encontro. Mitlerrand despediu-se do presidente brasileiro na porta do Eliseu com um "até a próxima vez e boa viagem''. Alta da inflação preocupa Paris (Radiobrás) - Aalta da in- O aumento da inflação não levará fiação chegou aoconhecimento do pre- Collor a antecipar a escolha de seu m1- ~~f1!'.ee:t~s. ~~~~~ s~~l~~co~~ ~~z~~u~~ 0 H~~be:~~~i';',~f;~: ~l~~~sr~~~~ti:i~;5~;~~ ~ ~e f~;~~~~n~eu:l~l~~~~~i~: ~upad_o co~ a aceleraçao do processo nistro francês, Michel Rocard, estaria milac1onár10. insistindo com o senador Fernando . Segundo seu assessor dE: imprensa, Henrique Cardoso para que aceitasse Claudio ~umberto Rosa e Silva, Collor participar do futuro governo, mas não !~eªf~~:~~~~~i;~ :I:,~~~~eocZc1! fez comentários a respeito. nário brasileiro é de uma gravidade _O assessor _de imprensa ressaltou, sem precedente". O presidente eleito porem, que Rocard não se intromete– está preocupado, mas também muito ria nos assuntos internos brasileiros. otimista com relação a solução desse "No máximo deve ter manifestado sim– problema. Ele espera fazer com que a palia pela colaboração do senador tu– mfla~o ceda a Cll!to prazo para que o cano com o governo Collor", concluiu Brasil possa respirar e os brasileiros o porta-voz. possam, finalmente, encontrar o cami- . Hoje, Co~or será recebido pelo t.!~r;ff3~nça e de um tempo de ~r:~~~:::•~~~~l~ii~c~~~~~ 0 ~uem Sarney anuncia provisória criando ZPE em Corumbá Corumbá (Radiobrãs) -O pre– sidente J(!Sé Saroey anunciou, on– tem, em dtScurso no Porto de Ladá– rio, a sua decisão de editar uma me– dida provisória criando a Zona de Processamento de Exportação de Corumbá. Aafirmação do chefe do Governo foi bastante aplaudida pe, los populares que assistiram à ceri– mônia. A fala do chefe do Governo foi logo após, juntamentecom o pre– sidente do Uruguai Júlio Maria Sanguinetti, acionar~ bolão quedeu inicioao primeiro carregamento de manganês através da hidrovia Pa– raná-Paraguai, até a Romênia, no leste europeu. Também em discursodurantea solenidade o presidente Sanguinet– ti destacou a imporlãncia da bidro– via e enfatizou a participação do Brasil na empreitada. Em seu pro– nunciamento o presidente uruguaio chamou Sarney de "senhor demo– cracia" e ''senhor integração" e res– saltou que nos úllimos cinco anos o Brasil deu os braços à América La– tina. Concluindo disse quea história há de registrar esse empenho do chefedo Governo brasileiro por uma cooperação intra-regional mais am– pla: "Isso não é uma declaração m~s l1I":1 testemunho", afirmou San: gumett1. . Acriação da ZPE de Corumbá vmha sendosolicitada há muito tem– po pela população local. E no inlcio da tar?e, quando o presidente Sar– ney aí1r~ou a sua decisão de criá– la,_as emtsSoras de rádio locais no– ticiaram insistentemente 3 afirma– ção d~ chefe do Governo inclusive em edição extraordinária. Pouco antes do discurso de Sar– ney,ele e Sanguinelli acionaram do palanque, um bolão que deu inÍcio ªº. carregamento da primeira das seis chatas que levarão, a partir de ontem, pelos 3.442 quilômetros da hi– drovta Par~ná-Paraguai, s. 4 oo tone– ladas de minério de manganês até nova.Palmira, no Uruguai, de onde segwrão para a Romênia. .Esse primeiro embarque do mi– nério ~az parte de um acordo entre o Brasil e a Romênia que envolve 600 mil tone!adas de manganês (para ~t~c!1:~:/rlr~u:u~:r~r~~~: trega serão necessárias outras 25 vta~ens ~ue serão realizadas por um ~~~~~ ~;,;:~~~u~hle~~i:'~'.';:~; de perm11tr a maior integração na região, se deve a se tratar do primei- ro transporte pela hidrovia Paraná– r~:J~~través de embarcações O minério está sendo transpor– tadoaté Nova Palmira, no Uruguai, e de lá será repassado para navios de lon~o ~urso que cruzarão o ocea– noAUanticocom destinoà Romênia no Leste europeu. O manganês está sendo exportado pela empresa Uru– cum Mineração e transportado pe– ~:~,.I'~~ de Navegação da Bacia Logo ao chegar a Corumbá o presidente Sarney e os quatro m~is– tros que o acompanharam na via– gem <yicente Fialho, das Minas e Energia, José Reynaldo Tuvares dos Transportes, Abreu Sodré, da~ Relações Exteriores e Bayma Dênis do Gabinete Militar) foram, com ~ governador Marcelo Miranda de Mato Grosso do Sul, à empresa'Mi– neração Corumbaense Reunidas S/A, para uma visita às suas minas de manganês e ferro. Durante um sobrevôo de heli– cóptero, ochefe do Governo ouviu do presidente da empresa, Elísio Cur– vo, uma exposição sobre o potencial da ,:eserva de minério ali existente: 12 bilhões de toneladas de manganês e. 100 milhões de toneladas de miné- ~~~!: f!'!º~::=~~~: ~~ º:; portopróprio. Depois do sobrevôo de ~elicóptero, Sarney percorreu de ombus a área da mineração. Em dis– curso, Elísio Curvo pediu ao presi– dente a criação de uma ZPE como for.ma de desenvolver a região e fa– c,htar o comércio pelo rio com 05 países da Bacia do Prata. Mas, somente quando do em– barque do primeiro carregamento de manganês pela hidrovia, no Por- ~ -~~e;.'d:.!;iod~~uª~i.e~~~~~~~u= f;~~;;u ~~/e':~~~;';r':,;~;de~~~ ~~é c;;[:~on:';";;5:as:?j~d~~!a~uoe Em seguida afirmou que, se até o n: nal deste.mês, após manter contatos com as lideranças na Câmara e no Senado,_isso não for posslvel, adota– :fs~~~1são através de medida pro- Sarn~ ~~~s:i~~ ~rs.iº• c~g~~~:nj~ manganês era um ..marco inicial de extraordinária imporUJncia para 0 ~::~~~!~a~e integração lali~o- sil terá o apoio da França para ta, o presidente da Matra confir- resolver o problema da dívida mou que espera viajar prox,- cxterna sem sacrificar seu cres- mamente ao Brasil mas acres- cimento econômico. Esta garan- centou que ainda não havia fixa- tia foi dada ontem pelo presi- do a data precisa. ainda que a dente francês. François Miller- viagem seja seguramente no rand, ao presidente eleito do primeiro semestre deste ano. Brasil, Fernando Collor de Mel– lo, durante encontro no Palácio do Eliseu. A informação é do assessor de imprensa de Collor, Cláudio Humberto Rosa e Silva. acres– centando que o ··presidente elei– to manifestou a Millerrand sua firme disposição de resolver de uma vez por todas a questão da divida externa brasileira. A França se coloca como osegun– do credor do Brasil. O governo francês mais os bancos privados do pais têm cerca de 20 por cen– lo dos créditos do Brasil no ex– terior. Portanto, o presidente Collor tinha de tratar esse as– sunto com o presidente Mil– terrand". Cláudio Humberto infor– mou, ainda, que Collor recebeu do presidente francês a garan– tia de que os franceses oferece– rão forte solidariedade à solução do problema. Segundo o assessor de imprensa do futuro governo, "é unia boa noticia por– que, afinal de contas,o presiden– te Millerrand tem uma lide– rança mundial no esforço global de todos os chefes de Estado no sentido de resolver a questão da divida externa do Terceiro Mundo". Prosseguindo, Cláudio Humberto disse que Fernando Collor comunicou a Millerrand sua decisão de não comprome– ter ocrescimento do pais com o pagamento da divida externa. "Primeiro o Brasil lerá de cres– cer para ter condições de pagar essa divida. E o presidente Mil– lerrand concordou plenamente com a posição adotada pelo pre– sidente Collor". A conversa entre Collor e Mitlerrand durou 45 minutos. Seguiu-se um almoço com a co- Collor e Mitterrand: solidariedade ao Rrasil mitiva brasileira, após o qual eles voltaram a conversar, des– sa vez por 15 minutos. Conforme explicou Cláudio Humberto Ro– sa e Silva, a solidariedade de Milterrand reflete o êxito da viagem. já que Collor desejava exatamente o compromisso do presidente francês com sua Le– se de solução para a divida ex– terna sem sacrificar o desen– volvi menlo econômico do Brasil. Após os encontros com Mil– terrand, Collor participou de uma reunião com empresários franceses, no clube Brasil. Es– ta noite, o presidente eleilo par– t1c1pa na embaixada brasileira, de uma recepção a autoridades e empresários ligados ao Brasil. Julgamento positivo Paris (AFP> -Do lado dos empresários francéses, existe um "pré-julgamento muito posi– tivo" em relação ao presidente eleito do Brasil, Fernando Col– lor de Mello, que domina as questões econômicas, declarou Jean Luc Lagardere, presiden– te da empresa Matra, hoje em Paris. Adeclaração foi formulada no final de uma reunião que Col– lor de Mello manteve na capital francesa com um grupo de grandes empresários franceses, dirigidos por Lagardere, presi– dente do Club Pays-Brasil, orga– msmo de fomento da participa– ção empresarial francesa no Brasil. O empresário francês assi– nalou numa conversa com a im– prensa que na reunião tinham analisado alguns lemas em par– ticular, embora se recusasse a explicar os detalhes das questões. Acrescentou que, dado que Collor disse que antes de junho poderá dispór de indicadores e de resultados Cde sua gestão econômicat, nessa época sua empresa poderá apresentar pro– Jetos mais concretos de opera– ções no Brasil. Lagardere disse aos jorna– listas que na reunião com Collor ~:~rvfd~~l~i:r:::~!!~ee~~'. bém do sistema de funciona– mento da economia brasileira. Em relação a este último, o presidente eleito "foi muito cla– ro''. afirmou Lagardere, assina– lando que Collor demonstrou desejar uma economia de mer– cado, sem restrições, e com o menor controle possível do Es– tado, "quase nada de controle", sobre os preços e os demais fatores. O empresário francês disse que, na qualidade de presiden– te do Club Pays-Bras1l, propôs ao primeiro-ministro da Fran– ça, Michel Rocard, que o acei– tou, a criação do Fundo de Investimentos de Capital-Risco, que será compartilhado pela metade entre fundos de Estados franceses e fundos privados. Esse fundo será destinado a ajudar os investimentos de pe quenas e médias empresas fran cesas que forem se instalar no · Brasil, prosseguiu. O presidente da latra dis– se que as firmas que desejam · investir no Brasil precisam pri– meiro ver uma imagem dele co– mo pais seguro. Quanto a ela a imagem do Brasil, hoje, tem q~e ser bastante melhorada, acres– centou. &9m n tb· ~.i.> h;.rtOJJ.b,1 ou ' '"''"" ' Alguns pro~onais da imprensa ~ lidam com fatos. Mas, sem el~ o jornal não circulària com tantas ve111ad~ 7 de foereiro. Dia dos Gniíico . O LIBERAL JORUL DA AMAZÔNIA

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