O Liberal: jornal da amazônia. Edição n° 22.570. Domingo, 04 de fevereiro de 1990.

8 ARTIGOS O UBERAL Medicina eID revista Haroldo Pinheiro 1. Distensão abdominal e gases A correção da dieta CO!Jl a elirr_linação de wn ~toife~~n1~~;n~t;~fJ~!~fd~~c!:~tfu~e:J/~~ :~~?Joto~fo~ªé~rcisç::~c~~~~~~ 1 p's~~t~ me do cólon irritável". Ê o que nos af1.rm_a o J?r. Daniel Hollander, da Univ_ei:_sidade da Califorflll!, no último pro~a "Nutriçao'; semanalmente di- ~f~d;ur~ºti;~~~~~~G~ne~ Wsg;~o ~~ g~:J ~;s~inª:1;;1!º it ~!~~tos~nie~~ ~W.kd ~ quando as o~as causas de altera~o da mo_tih- :~~~i~:~Jf tfg~ªp'!:s~~!~~;~ m~isv~~;ifv~ em um paciente que cer~m~nte não J.e.m para~i– tose intestinal, nem cohte inflamatona ou na_o apresenta motivos~ sepensar ~s causa_s ma1:5 ~~ª~~ºfgg~;~8 ti'.cJ~tlf;d!~ci~ª~~uªre~~-~ = ~~~~~r~~;i~~s :u=i~.\~:~gªoc;b- dômen torna-se sensívE,I à ealp~ão,. grande =;;~ºe~~,:~ ~f!\t~;a~ t~by~m~~~: tares. Daí a importância de mvesti_gar quais os alimentos que opaciente.faz uso,.salientand9 ~~de Jogo que a inlolerãnc1,a ao le1te,Csr d~f1c1en- ~~tr~; ~f~~?o~~~v:~~e~~tuis!~o 1 t~J!~: ~~~J3g!;~~ ~~~1~~~g~~~e r:C~~~~~:o 1~ ~J;:~f:~:tile~~~~ 3~~Facf:;~~~{o ~~ as pessoas como agi:avante. pevem se'. ~vitados ';5 i~~'(;:/Je~i~~:~~g~gf ~~ t~~~1i.d8i~~ Jóides hidrofílicos do tiro_ psyllium sao os preferi- ~ f:r~cl~r ~?:ti~º~ l~~ ~~~ee:t~~: ~i~s~'fu~º~~~~e: i~~~s°J~~~ a dia é uma boa viagem de recreio. 2. Cocaina e coronárias A cocaina ainda é usada em algumas cirur– gias de nariz e garganta como anestésico local, sendo aplicada na mucosa nasal. Oefeito anes~– sico é passageiro, de sorte a ser plenamente suf1- ~~~~J>t!~:e de~~~~~ezc~~~~t!: co1!u~i~i~ tos secundários, como taquicardia e hipertensão - chamados efeitos simpaticomiméticos - que, ocasionalmente, podem levar a sérias conseqüên– cias na circulação coronária. Richard Lange di– vulga no New England Journal of Medicine de ffl de dezembro último, suas observações em 45 pa– cientes que receberam ocloridrato de cocaína por via nasal. Houve, na grande maioria, elevação da freqüência do pulso e da pressão arle_rial, re~1;:1- ção do fluxo sangüíneo no se10 coronário e do dia– metro do tronco da coronária esquerda. Nenhum paciente, com a dose usada, teve crise~ de angina ou distúrbios adicionais no eletrocardiograma. A conclusão é que a cocaína, aplicada na mucosa na– sal causa vasoconstrição coronária. No seu arti– go,'Dr. Lange esclarece que? "uso recreaciona\" da cocaína que se seguiu de infarto do m10cárd10 ou outras emergências circulatórias foi com do– ses maciças, acima de 1000 mg, po:tanto bem maiores que as usadas como anestésico local. Ê bom ressaltar, entretanto, que aquelas complica– ções ocorreram tanto em indivíduos com coroná– rias normais na cineangiografia, como naqueles com evidentes sinais de obstrução parcial. 3.Café e coração Há muitos anos, aprendi a resposta àqueles que querem saber se "café em excesso faz mal". Tudo, em excesso pode prejudicar a s_aúde, até o alimento fundamental que é a água. Nao podemos nos furtar à imediata questão: e se um indivíduo toma 8a 10 xícaras de café por dia, pode ter con– seqüências em sua circulação? Até hoje, não há um consenso sobre o tema, mas a maioria dos estudos médicos prefere atri– buir à personalidade do indivíduo que leva-o 8: c~n– sumir café em excesso, com suas condiçoes pessoais de trabalho e ambiente, ~o que ao caf_é propriamente dito.Como essa, muitas outras opi– niões vão aparecendo na imprensa leiga ou_es~ cializada, ao ponto de parecer que o tema Já nao merr~~!~<fu~~~f;~~nos, foi a recente ob- servação feita por Bak e Grobee no NEJM de 23 de novembro passado, de que o consumo de café fervido e filtrado elevaria as lipoproteínas de bai– xa densidade, portanto ocolesterol,a 0,39mmol/li- ~~;?à1:t%~~~i3:3!~i~~~1:)r~~h~:'1;!e~d~'. clusão que ocafé decafeinado é que eleva essa fra– ção do colesterol para 7%, o que não acontecia àqueles que consumiam ocafépuro, tal como ocor– re com a maioria entre nós. . Os editorialistas das publicações médicas tra– dicionais alertam para a dificuldade dos médicos em dar uma opinião definitiva sobre oassunto. Isto faz recordar ofogo cerrado que se concentrou, há duas décadas, contra a pílula anticoncepcional ao ponto de uma famosa revista ginecológica intitu– lar seu editorial desta maneira: "deixem a pílula em paz". Em termos de café - até porque preci– samos dessas divisas - devemos repetir: "deixem ocafezinhoem paz".Os motivos que levam alguém a beber inúmeras xícaras de café é que devem ter conseqüências, não o café em si. Impressões de um turista apressado A única verdade Ápio Campos Deve-se a Raoul Follereau a idéia de promover o Dia do Hanseniano, que hoje se transformou em data universal, celebrado no calendário da fra~er– nidade e da solidariedade de todos os coraçoes humanos. A iniciativa é de 1954 e foi lançada à opinião pú– blica mundial acompanhada de um gesto surpre– denle que até hoje repercute, sem eco, na consciência insensível dos donos do Poder. EscrE: veu ele uma carta ao Presidente dos Estados Uni– dos e ao da União Soviética, pedindo a cada um deles um avião de guerra e provando que, com ape– nas o preço de dois aparelhos feitos para malar,ele conseguiria erradicar totalmente a lepra (como en– tão se chamava) de toda a face da terra, transfor– mando um instrumento de morle e de desespero em instrumento de vida e de esperança. Esse homem admirável que passou a vida in– teira percorrendo o mundo na pregação insistente e incansável em favor dos hansenianos, foi chama– do de "o vagabundo da caridade" e, entre outros, escreveu um livro - até hoje traduzido e espalha– do em todas as principais línguas do chamado mun– do civilizado - cujo titulo já constitui um desafio à nossa sensibilidade diante do sofrimento alheio - ''A única Verdade é Amar". Enquanto os homens se agridem, se insultam, se condenam e se exco– mungam, em nome de uma "verdade" da qual ca– da um se considera dono, esquecemo-nos todos de que o Mestre resumiu a SUA verdade num único mandamento: Amai-vos uns aos outros como irmãos. O livro de Foullereau é composto de partes de outras obras anteriores, desde o primeiro livro que escreveu aos 17 anos, com o título "O Livro do Amor". O que traz excertos de todas as obras está publicado, em Portugal, sob a responsabi_lidade dos Missionários Combonianos - que se dedicam à as– sistência aos hansenianos - pela Editorial Além– Mar, e se divide em três partes: 1- A batalha con– tra o egoísmo: ninguém tem o direito de ser feliz sozinho; 2 - A batalha contra a lepra : quinze mi– lhões de homens; 3 - A batalha contra a guerra: amar ou desaparecer.O livro é dedicado "ao milhão e meio de jovens de 105países que com ele pediram aos chefes das nações UM DIA DE GUERRA PA– RA A PAZ". O livro é ilustrado com fotos impres– sionantes apanhadas entre as vítimas de hanseníase de todas as partes da terra, sobretudo no Terceiro Mundo, e elas ilustram a tese funda– mental de Raoul, de que é ridículo e trágico os ho– mens gastarem fortunas para se manterem enquanto uma migalha desse dinheiro daria para transformar oamor num milagre de saúde e de ale- gria para as vítimas inocentes de uma enfermida– de por tanto tempo incurável e deformadora. O "Dia Mundial dos Pacientes de Hanseníase" foi domingo passado e, mesmo para aqueles que não conhecem a obra, o exemplo e o idealismo de Foul- Edgar Contente lereau, a simples mensagem cristã inspira a conti– nuação desse esforço, que s deve redobrar principalmente agora que a hanseníase é curável e que toda a esperança se reduz a uma opção entre o egoísmo e o amor. Rússia Soviética ( 6) A viagem de ônibus de Minsk, na Bielo-Rússia, para Vil– nus, capital da Lituânia, trans– correu sem contra-tempos e permitiu ao turista admirar a paisagem da "floresta transitó– ria", diferente das terras que co– brem a Rússia, a estepe, a taiga e a tundra siberiana. Entramos na cidade pela avenida principal, passando a ponte sobre o rio Ne– ris, que corta a cidade de ponta a ponta e nos dirigimos para oho– tel ''Lietuva", um imponente edi– fício de vinte andares. ALituânia é uma das três re– públicas bálticas, formando com a Estônia e a Letôniarnações de origem muitoantiga, que têm so– frido invasão ao longo da sua his– tória, na luta sem fim para a constituição de pátria livre e identµicada por seus usos e costumes. No começo da segunda gran– de guerra, a Rússia, antes mes– mo deentrar no conflito, resolveu anexar os países bálticos e o fe~ valendo-se do tratado secreto de não-agressão, firmado em 1939 com a Alemanha. A Alemanha, entretanto, invadiu a Rússia sem aviso prévio, a declaração formal de estado de guerra entre os dois Estados, desencadeando a "butzkrieg" isto é, a "guerra re– lâmpago", imaginada pelo estra– tegista alemão Guderian, ocupandoa Lituânia, a Estônia e a Letônia. Somente em julho de 1944, a Rússia expulsa os alemães dos países bálticos, libertando-os do jugo nazista, conservando-os, porém, na tutela l)ISSéJ.. ALituânia te~ for~ tradição de povo ordeiro e trabalhador, mas as constantes divergências, ora com a Polônia, ora com a Rússia, minaram seu desenvolvi– mento, no séc_ulo passado, mas, tornando-se mdependente em 1918, reencetou a busca do pro– gresso, esquecel)do que seu terri– tório, outrora de grandes dimensões, do Mar Báltico ao Mar Negro, está hoje reduzido a pouco mais desessenta e dois mil quilômetros quadrados. Dos três países bálticos é a Lituânia quem melhor se identi- g~!/~°t/a:~~~ã~~~~e~~~ com oda Europa, quer, também, porque recebeu profunda influên– cia dos europeus e escandinavos. Vilnus, danificada na invasão · nazista na segunda grande guer– ra, foi reconstruída sem quebrar sua memória, harmonizando-se a arquitetura moderna com a do passado, embelezada por aveni- das largas, extensos parques de cinquenta hectares, fontes lumi– nosas e monumentos que lem– bram a resi3tência lituana contra a horda nazista. Ahistoriografia mais recente registra que no par– que de Paneari oitenta mil judeus foram assassinados no genocídio repugnante da história da Lituâ– nia. Os judeus nunca foram dis– criminados na Lituânia e são havidos como responsáveis pelo desenvolvimento cultural do país na Universidade de Vilnus. As igrejas cristãs em grande número são o atestado vivo da crença do povo na sua religião, enumerando-se em-.primeiro lu– gar os protestantes, em seguida os católicos romanos e, por últi– mo, em menor número de ortodo– xos, fiéis ao patriarca de Moscou, queseguea linha da Igreja Orien– tal, criada por Focio noséculo IX. As igrejas de Sant'Ana e São Ber– nardino, do século XVI, no estilo gótico, e a catedral de São Pedro e São Paulo, no estilo barroco li– tuano do século XVII, são algu– mas das igrejas que visitamos em Vilnus. Estivemos na Universidade Estatal de Vilnus, fundada em 1579, sendo o estabelecimento de ensino superior mais antigo do pais. Durante quatro séculos a Universidade tem respondido pe– la cultura da Lituânia e é nela que se congrega o nacionalismo que intenta recuperar a indepen– dência nacional, arrancada des– de 1945. Há 65.000 estudantes nos vários cursos mantidos, desde a literatura, a bio-química, a arqui– tetura, a medicina, odireito, sen– do f~mosa por seus arquitetos, freqüentemente requisitados pa– ra serviços fora do país. O comércio de Vilnus não tem qualquer semelhança com o ocidental. As lojas são modestas e até mesmo os "shopping– centers" desprezam o luxo que vemos no Brasil. Os artigos, por sua vez, não são de boa qualida– de, maximé os supérfluos, como os de perfumaria, muito embora não seja baixo opoder aquisitivo do povo, pois não há pobreza com– pressiva. Nas ''berioscas", entre– tanto, pode-se encontrar artigos estrangeiros das melhores mar– cas, lenço~ finos da Itália, perfu– mes frances, etc., mas tudo há de ser pago em moeda forte, dólar ou marco alemão. Impulsionadas por uma len– da, as jói;is e bijouterias de âm– bar têm grande aceitação por parte dos turistas. Narra a lenda Entre nós chega a ser comovente o testemunho que a'filha do Rei do Mar, a bela cristão daqueles que se dedicam, muitas vezes en- Jurate, apaixonou-se porum sim- contrando portas fechadas e muros intransponíveis, pies pescador, chamado Kasilis. à campanha em favor das vítimas de uma enfer- Ao saber do fato, o Rei do Mar midade que tempos atrás chegou a ser considera- julgou-se insultado, não obstante da uma "maldição de Deus" e ainda hoje, mesmo reconhecer no jovem um homem diante dos progressos da ciência e da medicina, es- destemido e corajoso, e mandou barra na rudeza e na irracionalidade dos precon- matá-lo. Jurate, então, para sal- ceitos e da discriminação. Mas Deus não amaldiçoa var da morte seu bem-amado, nenhum doente, nem qualquer doença é castigo·di- escondeu-o no seu Palácio de Am- reto infligido por Deus. Se é que Deus amaldiçoa bar, no fundo do mar. Ovelho rei alguém, este será com certeza aquele que não se ficou mais furioso e lançou raios condoe do sofrimento alheio,aquele que se fecha em e coriscos sobre os insubmissos. seu egoísmo maldito e constrói o seu sorriso à cus- OPalácio ruiu, soterrando os jo- ta das lágrimas e do desespero das vítimas de en- vens enamorados.Desde então o fermidades estigmatizantes, como a hanseníase, ou litoral do Mar Cáspio encheu-se a Aids, ou outras similares. de pedacinhos daquele palácio Em nosso Estado, dois bispos eméritos, Dom que~~ parecem com gotas de sol Aristides e Dom Marilano - ambos de Macapá - petrificados. €-àquela--terra-cha- -·- renunciaram a quaisquer privilégios episcopais e mam o ''País do Âmbar". se vieram instãlar;em Marituba e no Prata,..onde, Minha mulher sensibilizada com oauxílio de outros abnegados, realizam um he- com a lenda e fingindo acreditar roismo cotidiano que os faz hoje sentirem-se mais nas qualidades venturosas do ãm- bispos do que nu_nca: O ~osso querido an:iigo Fer- bar, comprou brincos, pulseiras e n~nd? Bahia, cuJa vida e uma prova de mterven- anéis de âmbar. As bijouterias ça~ dir~ta de Deus para acender-lhe esta chama de não são de má qualidade, quan- solidariedade 9ue ar?~ sempre, conserva as mar- do adquiridas nas "berioscas". ~=sdti~~:e~:;:_1~~=• i~tf 0 º~~:~g: 1 :ªi:r~º:nªtf:~ O_canto e a ~nça, como ex- mais irmãos dos que ainda hoje enfrentam a doen- pr~sao da ~leg~1a, gozai:n de es- ça.Outro amigo querido, Roldão Tavares, é também pec1al predileçao dos htu:in?s, um batalhador infatigável movido pelo amor, e já como ~e resto de toda a Russ1a. declarou, em sua coluna dominical, o desejo de se- Em Vilnus realiza-se todos os rem seus despojos mortais repensados no campo anos no verão o festival de canto santo de Marituba, que apaga definitivamente to- edança_, do qual participamos em das as separações entre enfermos e sadios. l989.Milhares de pessoas de todo E recentemente a Arquidiocese de Belém abriu opais aglom~raram-se na praça o processo de beatificação de Frei Daniel - de cu- central ~ c1dad1:, com as suas ja comissão faço parte com muita honra - que foi roupas tlp1cas.Foi um grande es- o "gigante do Prata", como chama fr. Camilo, gigan- petáculo._ te na santidade e no exemplo de amor. Esse amor dista~~ l\~~1;!:t~~~ ~~~ i:i~!~~nica verdade indiscutível, que um dia nos leio de ''Trakai", que remonta à fundação da cidade, pois a vila fo– ra outrora a capital da Lituânia. Interessante é que em Trakai há mais de cem lagos e outro tanto de ilhas, sendo um lugar aprazí– vel, ponto de recreio e prática de esportes aquáticos no verão e o esqui no inverno, quando os lagos ficam gelados. No roteiro da excursão cons– tava espetáculo de balet pelos universitários de Vilnus, que se realizou num dos palcos do hotel; também estivemos na boite do hotel, freqüentada, na sua maio– ria, por turistas. Em agosto de.1989, data da nossa passagem pela Lituânia, já se levantava o movimento de in– surreição contra a URSS. Nos muros os passantes paravam pa– ra ler jornais e panfletos que con– clamavam o povo a reivindicar seus direitos. Até mesmo o nome da avenida Lênin foi mudado pa– ra Gidenomo, herói nacional. As dozj'! horas voamos para Moscou... CENTRO CULTURAL BRASIL-ESTADOS UNIDOS COMUNICA INSCRICÕES PARA CANDIDATÓS ESTRANHOS PRIMEIRO NÍVEL (IDADE MÍNIMA) = 13 anos 05 a 09 de fevereiro Juvenil (de 10 a 12 anos) 05 a 09 de fevereiro INSCRICÕES PARA TESTE DE CÍ.ASSIFICACÃO PARA OUTROS NÍVEIS 07 de fevereiro INFORMACÕES: 223-9455 7:30 às. 11:ÓO e 13:30 às 18:00 Belém, domingo, 4 de fevereiro de 1990 Dois fatos em foco: 1 - A sofrida classe média. 2 - O orçamento da União · e os congressistas. Egydio Salles lll b 1 Nas classes sociais em lodo o mundo convivem os miseráveis, os pobres, os menos pobres ou remedi~:,> ~~~i º;q~;~]· ~n1~~~ mtir d~e t~~~t=~~~r 0 ~~ª~;~ distâncias entre as desigualdades soc1a1s. No discurso polílico fala-se muito dos trabalhadó-, res, da preocupação em assegurar-lhes a integridade de seus salários e a eventual reposição da_s ~rdas s~– lariais diante da fúria inflacionária e a propna Const1- , tuição dedica-lhes numerosos preceitos, abrangen~o os· · trabalhadores rurais e urbanos, assegurand~-lh~ !rre– dutibilidade do salário, piso salarial, salário m1mmo, fundo de garantia por tempo de serviço, 13° salário e tantos outros direitos. Também a classe empresarial entra nesse contE:JC– to de preocupações, mas colocada do outro lado do dis– curso eaté tentou-se concertar,em pura perda,um pacto social entre os trabalhadores e os empresários para con– jurar a crise econômica e conciliar interesses confli– tantes. Nesse discurso, porém, a sofrida e numerosa elas• se média ficou de lado porque não tem sindicatos e não pode fazer greves para garantir a integridade de seu espaJ~obre a classe média que recai com mais violên- ; eia os efeitos da inflação e é justamente nela que·resi- de op!1!i~~j~%nct~ª~u~ecf:~:;:-~!ºé ~~::~~e av~-! liar a força e as possibilidades de um pais democráti– co cujos objetivos fundamentais estejam voltados para a ~onstrúção de uma sociedade livre, justa e solidária, que promova o bem comum. Talvez um dia esse sonho possa tornar-se realida-, de neste Pais. , 2 Em dezembro do ano passado o Congresso Na: cional aprovou o orçamento da União, que somente es-; ta semana foi encaminhado à sanção presidencial. ,1 Os congressistas apresentaram cerca de 4.000 emen.t das ao projeto de lei deformando-o de tal maneira queJ oseu ordenamento tornou-se difícil e exigiu grandes~ forços da comissão competente para colocá-lo em or-a . dem para efeito de promulgação. .-, O fato é inédito na história da República e caus0111 profunda perplexidade na administração pública pelost tropeços e prejuízos que ocasionou. ,.., Constitucionalmente ao Poder Executivo compete– enviar ao Congresso Nacional não só as propostas de orçamento,como também os projetos de lei relativos ao planx r~r~~~~~~:J~ad~~tWe.gr~~~~d;~~~~!~ia e fi: xando a despesa, compreende o orçamento fiscal rela– tivo aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações federais; o orçamento de investimentos das empresas em que o Governo Federal, direta ou indire– tamente, detenha a maioria do capital social e o orça– mentb da seguridade social, que compreende as entidades e órgãos do setor, principalmente os relacio– nadbs com a saúde, a previdência e a assistência social. Acontece que o projeto pode ainda sofrer vetos do Presidente da República aumentando o caos. Ocerto é que o pagamento do pessoal, dos aposen– tados, pensionistas e reformados vai atrasar com essa demora. Patrística e patrologia · Dom Alberto Ramos '-= Versam estas duas ciências sobre os Padres da Igreja, isto é, sobre aqueles vultos insi~es quecom- · puzeram as profissões basilares da fe, no confron- . to com as heresias, dando assim origem ã Teologia, como Agostinho, Ireneu, Basilio, Orígenes, Ataná- ,1 sio, etc. 11 nal, tf~tdii~;sf~~;r!~:~fõ~~~~i~~w:~u~~;·h viveram nos primeiros séculos da Igreja, enquan- , to a Patrolog1a tem por objeto a vida e os escritos ' dos mesmos. Ambas se distinguem da análise lite– rária, sob os aspectos estilísticos e filológicos dos escritores cristãos antigos, ou seja da Literatura cristã antiga. Relaciona-se a Patrística profundamente com a dogmática, ao passo que a Patrologia preocupa- ~~:~~g;1Wc; i~,~~f;ii~o histórica e a informa- Para os teólogos modernos que entronizam a Razão acima da Revelação, essas duas matérias perderam muitos atrativos.Por isso mesmo a Con– gregação da Educação Católica sentiu-se na obri– gação de preparar recentemente uma "Instrução sobre oEstudo dos Padres da 19creja na Forma~ão ~i;~~~~J: f!rfc!c~:rà~d:t:o i:s~~~1':ot~.!n~~ contemporâneo, sem descurar a teologia moral, a ascética e mística, a Sagrada Escritura e a Li– turgia. Nwn opúsculo de 35 páginas, focaliza os aspec- ~º; itt~U:~:ºn~;u~~i::~J1e~s3;tfiraj;~lóg1cos Demonstra a necessidade de estudar os Padres, como testemunhas da Tradição, recorrendo à Bíblia Sagrada,à originalidade cristã e inculturação, ã de– fesa da fé e ao sentido do mistério,experiencias do divino. Comprova também a riqueza cultural, espiri– tual e apostólica da Patrística. Reconhece a grande dificuldade que os semi– naristas atuais enc~~~rai:n nesses estudos princi– palmente pela def1c1enc1a de cultura clássica e 1nsufüi~~?~~~eç~~~~e:!~~~!f~ ~:~~~ ~!;1:!';ãlf~ ~~~~!~~t:~ta~i~:g~~~~;:; transmitir o amor aos escritos patrísticos e não só· ~ecr~~~~i;ii:~r~~e~ª:;é_f:O~!Yft?c~~ ;:~:~~i:: ~onogr~f1co ou temático. "Só deste modo se pode· ~:~ ! :i~:f.3~;;:p~if;~s~~~~~~&,~~ efeito ele se apresentará não como wn arqueologi.5-– IT!º inútil, mas como wna pesquisa criativa, que nos aJuda a conhecer melhor os nossos tempos e a pre,. , parar o futuro. Para o_nosso Seminário Arquidiocesano a re-: comendaçao da Santa Sé não acarreta novidade· pois já admite no seu currículo a Patrística e os Do– cumentos recentes da Igrltia. Valerá, entretanto, como um apelo de atenção ~ra a importância desses estudos, e como um coo. vi~e aos sacerdotes novos, para que retornem fre– quente~ente a ~~sa fonte de sabedoria.Por que os, Pa~ transmitiram oque receberam, ensinaram ;?~~t~1ª1~:1ej:,3ti;~d~;;~~\~\~e~;je~l:r~~~= ~~ªén~~ •.que receberam dos Padres transmitiram

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