O Liberal: jornal da amazônia. Edição n° 22.570. Domingo, 04 de fevereiro de 1990.

Quem já andava com saudades dos misteriosos ataques da Mulher de Branco pode ir se preparando. Nos próximos capítulos de "Tieta ': ela entrará em cena para valer, deixando mais vítimas embevecidas com sua per/ormance. Mas quem é afinal esta assombração que vem mexendo com a imaginação do povo de Santana do Agreste edo público? Omistério segundo susp_eitas e vítimas Desde que a misteriosa Mu– lher de Branco surgiu pela pri– meira vez em "Tieta", a imagi– nação do telespectador - e também dos atores da novela - começou a viajar. Quem seria esta falsa alma penada, que só ataca os homens na escuridão e deixa suas vítimas em estado de êxtase? Com a chegada da luz elétrica em Santana do Agreste, o "fantasma" se retraiu um pou– co, deixando de dar seus botes em cima dos distraídos que, soli– tariamente, passeiam à noite pe– la cidade. Mas o enigma conti• nua e, muito antes do final da novela, todos saberão o porquê dessa história e quem está por ~ dela. Na lista das suspeitas, as mais cotadas são aquelas que têm dei– xado maior número de pistas para o telespectador, saindo à noite sem dar explicações, justa– mente quando acontecem os ata– ques da Mulher de Branco. Para Arlete $alies, que inter– preta a Carmosina, uma das sus– peitas, o mistério é um elemento que o autor Aguinaldo Silva sempre usou como o maior gan– cho em suas obras. E diz que não só o telespectador, mas todo o elenco da novela, está curioso para saber o quê envolve a lenda da Mulher de Branco e, claro, quem ela é: - Estou na mesma situação do público, porque a curiosidade impera mesmo. A imaginação da gente já viajou em todas as dire– ções. Então, só resta saber o que é que os autores vão tirar da manga na hora H. Para a atriz, Carmosina não está envolvida nessa trama. O que a colocava entre as suspei– tas, segundo Arlete, era a propa– lada virgindade de sua persona– gem, que essa semana descobriu o prazer de amar nos braços de Gladstone (Paulo José): - Ela ficou na lista até então. :~~1.::!!io ~~~:K~;f e!~~ para os autores, tudo é possí– vel.. A princípio, pensei até em Aida (Bete Mendes), por ela ser uma pessoa muito reprimida. Sim, porque acho que só uma pessoa super-reprimida seria ca– paz de explodir e fazer uma lou– cura dessas. Lília Cabral, que encarna a re– catada viúva Amorzinho, desta– ca o lado reprimido não só da tal Mulher de Branco como de todos os homens de Santana do Agres– te: - Parece que eles são mal re– solvidos sexualmente. Então, acho que a Mulher de Branco surgiu para que esses homens tenham um pouco de prazer. Acredito que ela deve se doar muito também nessas aventuras, em troca do prazer que suas vítimas sentem. Se Amorzinhb tem chance de ser a escolhida? Nas ruas, nin– guém pergunta nada para a atriz sobre seu envolvimento com o mistério. Querem apenas saber quem é a assombração, mas não vêem sua personagem como sus- ~~a~~íl/:m Y3~ias~: ;i~ ~: sa ser, mas acha que tanto Amorzinho como Carmosina, Ci– nira ou Perpétua têm as maio– res chances mesmo. "Todas são muito reprimidas. Mas às vezes ~~: ~~;\Jzª j~raci (Ana Rosane Gofinan, a Cinira, dá a maior força para o mistério que os autores estão fazendo em torno desse segredo: - O grande barato de wna história ~ a situação que cria suspense. Quando estamos lendo um livro, por exemplo, as últi– mas páginas são sempre as mais emocionantes. Encarando a situação da Mu– lher de Bran.co como uma fanta– sia - "porque na realidade acho que isso não existe mesmo" - , a atriz acha que a solidão e o mo– ralismo são pontos decisivos na escolha da identidade da enig– mática personagem: ini;r:~:~!ei:nr~ i~~s~v: escolhida. Mas agora que ela vai se casar com o Jairo (Elias Glei– ser). esta minha vontade acabou. Tenho muito carinho pelo rela– cionamento dos dois e acho que, se a Cinira for a Mulher de Branco, o mundo do Jairo vai desmoronar. Acharia interessan– te que fosse a Perpétua, por- 3~:.e~s~i~~~s :i::H:~ied~ falsos moralistas, que existem aos montes por ai, estaria sen– do atacado. Pois Joana Fomm deixa de la– do a fúria de sua Perpétua e dá boas gargalhadas quando fala desse mistério. Discorda de Ro– sane Goânan, acha dificil a viú– va do Major Cupertino estar en– volvida nessa história e diz, b~m-humorada: - Não tem nada a ver com a personalidade dela, embora o Aguinaldo Silva seja um louco e tudo possa acontecer... O en– volvimento dela é mesmo com a ~~ Je1;;1::%~~•e~!s~~ºK:: timas do falecido. Mas esse é um mistério a ser desvendado de– pois. id~nJJ11E!t~d~~~/d~ 0 r~~ co? Ela ri e dispara: - Acho que é o Timóteo. Sim, porque acredito que o que leva– ria uma pessoa a agir assim é a solidão e ele é um solitário. Mas =~i:~~ ~:ra~foir!: ~t dem que uma diferente ataca a cada noite? Seja quem for a Mulher de Branco, Armando Bógus, o Mo-– desto Pires, que foi um dos ata– cados, fala em nome do persona– gem e afirma com convicção: - O Modesto tem a certeza que ela é muito real e gostosa. E, para ele, essas quatro suspei– tas estão descartadas. E coisa do outro mundo mesmo, mas não no sentido espiritual. Eu, parti– cularmente, não desconfio quem seja. Acho que é alguém da cida– de, mas concordo com Modesto: não está entre as opções mais óbvias. Quanto a deixar suas vítimas sem calças, Bógus imagina que a Mulher de Branco guarde es– tes "troféus" em algum lugar, para se enroscar neles quando está sozinha nos seus lençóis. Quem está na maior expectati– va, porque Timóteo será uma das próximas vítimas, é Paulo Betti. Ele recorda que seu perso– nagem foi o primeiro a ver a Mulher de Branco, Jogo no início de "Tieta", e correu dela. O ator diz ainda que essas lendas exis– tem em cidades do interior e não poderia ser diferente em Santa– na do Agreste. Mas o que levaria alguém a agir assim? - Acho que uma vida repri– mida mesmo. E tudo deve acon– tecer por causa de um rompante, como no filme "Kaos", dos ir." mãos Taviani, em que, por in– fluência da lua, um personagem se transforma em cachorro. A Amorzinho tem grandes chances de ser a escolhida, já que suas crises de histeria têm mostrado 3~eq~;~~~de anda mais Como Timóteo vai reagir de– pois do ataque? Paulo adianta: - Como todos ficam em êxta– se ao serem atacados, o Timóteo não negará fogo e acho que vai adorar também. Timóteo, vivido de Paulo Bettl, será o próximo a ser atacado pela Mulher de Branco, que tem quatro ldentldadea mala cotadaa , Acho que minha personagem saiu da lista depois de ter sua primeira noite de amor , ARLETE SALLES , Não gostaria que a Cinirafosse a escolhida para o papel, agora que vai se casar, ROSANE GOFMAN , Amorzinho e outras reprimidas da novela têm chances de ser a tal assombração -, LÍLIA CABRAL , As atitudes da Mulher de Branco não combinam com as da minha personagem , JOANA FOMM Os criadores da enigmática Mulher de Branco Como todos os autores que se prezam, bem no estilo fo– lhetim, Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares não fogem à regra: tentam esconder de todas as maneiras os segredos que cer– cam uma boa trama. ri:~v•;;rhe!~' ~~:!~fa:J~té~ imaginação dos telespectado– res. Primeiro foi Artu.rzinho ~eT~~i~ªoJu~:~s~Ja~ no, interpretado por Marcos Paulo. Agora serã a vez de desvendar a identidade da fantasmagórica Mulher de Branco, que os de Santana do Agreste allrmam ser assom- ~ra~°r:fa=:s°J:é1:ncod: carne e osso. Restará então decifrar-se as buscas do co• mandante Dãrio (Flávio Gal– vão) e o conteúdo da caixa de Perpétua (Joana Fomm). Aguinaldo Silva não escoo- ~ ~~f;:áoS:~~q~t;~ t'::: minará quando Mirko arrancar o véu da Mulher de Branco e disser: "Sabia que não era assombração". - Em reunião com o dire– tor Paulo Ubiratan ameacei contar quem era a Mulher de Branco e ele falou: "Não que– ro saber. Guarda para voce, a Ana Maria e o Ricardo". Segundo Aguinaldo, uma forma para manter o enigma até a hora de a cena ir ao ar é gravar com vãrias persona• i1!si;~~:oq~ems:5!!1~~: sa divulgar uma opção, ela muda imediatamente. Mas o autor não se importa de citar as convocadas para_ a cena: - Carmosina, Amorzinho, ~11~':.·~;~· &i~~y~~: com certeza. A Cinira pode fi. car fora se estiver em Jua-de– mel. E para cada uma delas temos explicações coerentes, sem forçar a barra. Traçando um perfil da esco– lhida, ele diz que é uma mu– lher reprimida que tem nes• sas aventuras sua válvula de escape. Acrescenta que tam– bém pode ser uma pessoa com muita imaginação e que quer apenas se divertir. Ana Maria Moretzsohn con- ~Ji:ir i~~~~~~r~i;. searam no que acontece em cidades do interior, onde são constantes as histórias sobre fantasmas. - Só que na nossa novela o sobrenatural não cabia e sim uma coisa ligada à sensuali• dade. Então s~u a Mulher ~Cn~i°vit\~~fat s:rd~: xamos ro!M. Ricardo Linhares conta que não faltam cobranças em tor- ~ºa~~çã~J!1~::,?!~ i não existem no livro: - Não se trata de copiar o livro, não. Por isso , o final da novela não tem nada a ver :;<>~o~~-!i-~ ~n=:n~ma~ ro::·= do...

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