O Liberal: jornal da amazônia. Edição n° 22.570. Domingo, 04 de fevereiro de 1990.

O LIBERAL Belém, domingo. 4 de fevereiro de 1990 10 ARTIGOS 1890-1990 Centenário de Lindolfo Collor Arthur Seixas dos Anjos Em outubro de 1988, realizou-se, em Belém,a "Sema– na de Lindolfo Collor", o segundo dos dois eventos cultu– rais que promovi noexercíciod~_!'residência do Tribunal Regional do Trabalhoda 8ª Regia~.Oprimen:_o fora ded~– cado a Pontes de Miranda. Exclu1das as razoes da ami– zade já antiga que me Jig.iva a Pontes e às_ fami1ias Collor e Mello, a homenagem a ambos era mais que de~1da. Com efeito, Pontes de Miranda, a par de sua d_1men- ::::~:~ ~~~s~f:!:::~~:!~~~~~~a ;:f:t~!á~:: :i!~:~:~~~f :i~:~i:p~u:~ 5 d~r~~;i:, ~~~~;:~:~f d:; Além disso,Pontes foi um homem muito_sensível ao bem– estar das classes menos favorecidas, a clientela mamr dos tribunais trabalhistas. Quantoa Lindolfo Collor,como disse em meu discur– so de abertura da "Semana" a ele dedicada, a iniciativa visava o resgate de súa memória,às vésPE:ras de seu cen– tenário, que transcorre neste 4 de fevereiro de 1990. Nunca entendi osilêncioque se fez em torno do gran– de brasileiro e de sua obra, fruto de sua aguda percep– çãoda fase histórica vivida pelomundo, com.ºavanço_das conquistas sociais, na maré montan_le do soc1ahsmoc1en– tí fico e da doutrina social da IgreJa. Esse silêncio vem de longe, tem quase sessenta anos. Mal CoJJor deixou o Ministério, em março de 1930, tudo quanto ele fez foi condenado ao mais completo silêncio. ~~::i~~d~"b~~:~~~~~â:~l~~:J~~ 'to~!t~/;:t:d?- lou em 1960 uma "Evolução do Direito Social no Brasil", cor~ cerca de 300 páginas e, em nenhuma delas seu nome é mencionado. Minto, consta sim, da capa, afinal o livro integra a "Coleção... Lindolfo CoJJor". Mas voltando ao evento realizadoem Belém, justifi– quei, no 'discurso de abertura, o porque da antecipaç~o daquelas comemorações, em 1988, quando o centenário só ocorreria em 1990. Ora, a s• Região Trabalhista tem sido pioneira em muitas coisas e portanto, nada mais jus– to, que tomasse à frente nas homenagens a Lindolfo Col– lor, pioneiro das reformas sociais neste País. veu t%~tt~::~:v~r:cf o~~~f~ ~~t~:!t~~ 0 q~~f :1:v~~; um líderes, se deve, em gran~e parte, às suas propostas de justiça social para uma sociedadedela carente naquele longínquo 1930, sociedade que apresentava índices e fa– tores de inferioridade, todavia encobertos porquantos de– tinham o usufruto do trabalho de uma grande massa de brasileiros, espoliados e explorados, subnutridos e desa– sistidos. Pode-se apontar CoJJor, não há exagero nisso, como oúnico ideológicoda Revoluçãode 1930.Com efeito,omo– vimento dos lenços e bandeirinhas vermelhas não se apre– sentou como um movimento coeso, unitário. De certa forma, ele foi uma reunião de pontos de vista diferente, muitas vezes absolutamente inconciliáveis e cujo mérito maior foi aglutinar, nas madrugadas de outubro de 30, as correntes que se opunham ao Governo Washington Luís ril~s 5 :Ci:i~~t~:ac~;~~:~~~e: 0 i~~'.:~~~~c~is~~~ de rivalidades municipalistas. CoJJor, ao contrário, tinha propostas e muito bem de– finidas sobre justiça social, democracia representativa, politica econômica e a respeitoda administração da coi- • sa pública, subordinada, única e exclusivamente, aos in~ '"'teresses da coletividade, propostas essas que deram substãncia ao Programa da Aliança Liberal e ao mani– festo da Revolução de 1930. Sua participação no primeiro governo de Vargas foi, porém, muito limitado no tempo. Permaneceu no Minis– tério pouco mais de um ano, mas a elesedevem as bases da legislação trabalhista brasileira e mesmodepois de sua demissão, outras normas fundamentais para o trabalha– dor, por ele projetadas, foram editadas, complementan– do o trabalho inicial. Dentre o elenco de medidas propostas por Lindolfo CoJJor, uma deve serdestacada por sua importãncia, a Lei Sindical. Collor advogava a organização das classes pro– fissionais, sem oque impossível se tornaria "qualquer re– sultado apreciável na justa e necess,ária conJugação dos interesses patronais e proletários". Na exposição de motivos que sobre o assunto enca– minhou a Vargas, Lindolfo CoJJor proclamava a dolorosa anarquia em que encontrara o trabalho brasileiro, "con– siderado mercadoria sujeita às flutuações da oferta e da procura", impondo reconhecer-se a solidariedade dos in– teresses profissionais, que "têm a sua expressão legal nos sindicatos de classe", pára-choques das tendências anta– gônicas. Disciplinado, infatigável, redigindo ele mesmo as ex– posições de motivos, e auxiliado por uma pequena equi– pe de colaboradores, Collor tinha uma extrema sensibilidade para captar os anseios da massa trabalha– dora. Assim é que regulou o trabalhodo elementoestran– geiro, através da famosa lei dos dois terços, a qual previa a preferência legal de emprego para o trabalhador bra– sileiro. Outro diploma estabelecia em oito horas a jornada de trabalho que, à época, se estendia entre nove e doze horas. A questão salarial, matéria complexa, pois observavam-sediferenças sensíveis nos salários atribuí– dos a empregados exercendo tarefas idênticas, levou-o a propor a instituição do salário mínimo, medida de gran– de alcance e importãncia social. Seguiu-se a Lei das Convenções Coletivas de Traba– lho, cujas razões econômicas, contornos juridicos e fina– lidades sociais e politicas do instituto foram minuciosamente justificadas por CoJJor como uma con– quista moral e juridica em beneficio dos trabalhadores, oponível, a partir daí, ao predominio exclusivo da vonta– de mais forte, a do patrão. Resultado do diploma precedentemente citado foi a criação das comissões permanentes e mis~s de concilia– ção entre empregadores e empregados, genese do atual Judiciário Trabalhista. O trabalho do menor e da mulher são igualmente dis– ciplinados e Collor busca inspiração para esses projetos nos estudos do professor Rolh, adotados pelo Congresso de Higiene e Demografia, realizado em 1926, em Buda– peste, especialmente no tocante à duração da jornada la– boral e à realização de tarefas que exigissem grandes esforços ou que pudessem comprometer a saúde desses empregados, por via de substãncias tóxicas,de poeira ou em razão de atenção especial e contínua. CoJJor porém já começava a enfrentar a incompreen– são de uns e odescaso de outros. Afinal,como disse opro– fessor Otávio Mendonça, um dos conferencistas da "Semana", as promessas de leis de amparo ao trabalha– dor eram palavras "fáceis e belàs" na boca do candidato Getúlio Vargas, mas "extremamente difíceis na mesa do governante". CoJJor ainda levou a Ge_túlio o decreto que estendia a todas as empresas da União, dos Estados e dos Municí– pios, bem como às de navegação marítima e fluvial e às de exploração de portos, o Regime das Caixas de Aposen– tadoria e Pensão, se bem que pensasseem uma lei de pre– vidência mais ampla, abrangendo todo o universo de trabalhadores. Contudo, ele era o centro e o alvo da desconfiança, ~~~ii:rg~~f~~f~\u~~rihtl'~~:;•,~~~~:•~ ~~ teses díferentes que só encontravam lléffÓÍninador êomum na reivindicação de um poder absoluto, para o governo que resultara da revolução de 30". Mas, a isso Collor se opunha, engrossando a corrente dos constitucionalistas, que desejavam um texto constitucional para livrar o País de um possível governo discricionário. Asua saída do Ministério do Trabalho, um anoe pou– co depois de assumi-lo, não constituiu surpresa. Deixou, como já disse, um elenco de projetos, mais tarde conver– tidos em lei, de grande importãncia para a proteção dos trabalhadores. "Metade da obra de Lindolfo Collor - re– pito o professor Otávio Mendonça - é, do ponto de vista administrativo, não do ponto de vista puramente biológi– co, obra póstuma". Dentro dos estreitos limites impostos pela natureza à vida humana, foi igualmente breve a vida Collor, pois faleceu com cinqüenta e dois anos, quinze deles vividos no exflio ou no cárcere. Nas comemorações que tive a honra de promover,em Belém, oTRT contou com o privilégio da presença de seus filhos, dona Leda Collor de Melloe do meu velhoe frater– no amigo embaixador Lindolfo Leopoldo Collor e do neto do homenageado, o presidente eleito Fernando Collor de Mello. Em nome da família, agradecendo as homenagens, falou oembaixador Lindolfo Collor. De seu discurso, belo e comovente, gostaria de destacar um trecho, que bem de– fine ogrande brasileiro que foi seu pai: "O melhor cami– nho para aproximarmo-nos dessa personalidade tão rica e tão complexa~ a meu ver, ode procurarmos compreen– der nãoapenas oque ele fez, por mais importante que is- ~a:?;i~ ~:!°~~::o ~t;I>J;::ã~ ~~:e~~\~f;cf;~ ~~r~fs~ não negociou suas convicções, não se deixou levar pela sedução do poder ou da fortuna ; nunca se aliou a grupos ou classes sociais, colocando seu talento a serviço de in– teresses setóriais, mas buscandosempre o serviçodo in– teresse maior da grande Pátria brasileira. Eu me atreveria a dizer: o que Collor não fez é tão importante quanto o que ele fez. Na fidelidade aos prin– cípios da moralidade pública e na sua imensa coragem de sacrificar-se por eles consiste, tanto quanto na sua ca– pacidade de pensar e de agir,a grandeza de seu exemplo". • ArlhurSeixasdos Anjos é Juit togado e ex-presidentedo Tri– bunal Regional do Trabalho da 8' Região. Criininologia terá fóruin internacional ein Beléin Belém será sededo Fórum Internacio– nalde Criminologia Critica,de cincoano– ve de agosto. Oevento ocorre durante a Reunião Anual do Grupo Latino- , an,ericano,queterá lugarnoHiltonereu– nirá 16paJsesquevãodiscutirentreoutros temas: Alternativas à prisão,conlroleso– cial na América Latina,delinqüência eco– lógica e corrupção. Os coordenadores do evento são !..ola Aniyarde Castro,da Venezuela,eEdmun– do Oliveira - paraense e responsável na– cional do Fórum. Asessão inaugural do Fórum contará ~:~s";,~i:;:~:i~ed~º;/;::~e~~a~~'. ma conferência denominada "O heróico martírioda violência".No primeirodia (6), otemado painel presidido pelo presidente da Associação dos Advogados Criminalís– las do Pará, Odilson Novoecoordenado pe– loprofessor Hugo Rocha do Departamento de DireitoPenalda UFPa. I!: "Alternativas à prisão".Entreosexpositoresdeste tema estão: I..ouk Hulsman, criminólogoda Uni– versidadede Rolterdam, Holanda; Mireil– Je Delmas Marty, da Universidade de Sorbonne; Denis Szabo, de Montreal; eos juri• 1•• paulistas Damásio de Jesus e Eduardo Muylaert. Sobre o "Controle social na América l.alina"serãoexpositoresoscriminólogos Alessandro Baralta, da Alemanha Fede– ral; Luís Rodriguez Manzanera,do Méxi– co; Efraim Castillo, da Colômbia; !..ola Castillo,da Venezuela;eCarmemAntony, do Panamá. Nesse dia,o painel será pre– sidido pela doutora Marília Crespo,da Pro– curadoria Geral de Justiça do Pará e coordenado porElianeJunqueira,doGru– po Latino-americano de Criminologia Comparada. Dtlinqü!ncia. Na quarta-feira, dia 8, o lema do pai– nel será ''.Delinqilência ecológica", sob a pres1dênc1a do representante da Associa– ção dos Magistrados do Pará, juiz Otávio Marcelino Maciel e coordenado pelo pro– curador da República no Pará, doutor MoacirMoraes Filho. Os expositores serão ~~~~~~ff~ ~oj~r~~:itif:~:~~::vi\:: né Ariel Dotti;osociólogoe jornalista ui– cio Flávio Pinto; e o deputado estadual 7.eno Veloso. Um painel sobre"Corrupção"encerra– rá oFórum, no dia 9.Ojuiz federal do Pa- rá,Daniel Paes Ribeiro,presidiráopainel, quecontacomacoordenaçãodeEslerKo– sovski,presidenteda Sociedade Brasileira de Vitimologia. Serão expositores da ses– são, José Candido de Carvalho Filho mi– nistro do Superior Tribunal de Justiça; Roque de Brito Alves, jurista de Pernam– buco; Eugênio Raul Zaffaroni - magistra– do argentíno; José Arthur Rios consultor da ONU, no Brasil; e Evaristo de Moraes Filho, jurista carioca. OFórum Internacional de Criminolo– gia Crflíca é promoção do Ministério da Justiça,Governodo Estadodo Pará,Asso– ciatão de Universidades Amazônicas <Unamaz) e Grupo Latino-americano de Criminologia.São países participantes do eventoAlemanha,Brasil,Canadá Colôm– bia, Costa Rica,Cuba,EI Salvador, Equa- ~~a~~~di~l~a~i~c:x1:/~t~i'c;~~~a~r:~ e Venezuela. Informações Os interessados em maiores informa– ções sobre o Fórum podem se dirigir à Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp),no Campus Univer– sitário do Guamá, fone (091) 229.0967 ou 229.3743, telex 8596 Fadesp. Presenca de Silvio Hall de Moura , Maria Inês Antunes Lima Terça-feira vindoura, dia 06 de fevereiro, o onse:lho de Cultura do Estado prestará cm sessãosolene uma JUS– ta homenagem a Silvio Hall de Moura, magistradode es– cola,que partíu de nossoconvívio e que tanws lembranças deix~do O que se diga para realçar-lhe a personalidade invulgar, o caráter retilineo, o denodado amor à C1ênc1a Jurídica, odescortino lúddo, de certo não lhe csgo~rá o perfil. Muito se lerá de dizer pelos tempos afora, nao só por que fora imortalizado pelos _vive~tes - numa glória merecida - como por que a História, a quem_dedicou atenção especial, também registrou-lhe o caminhar lu- minoso. _ Costumo dizer que as pessoas a quem amamos nao morrem nunca. Vivem em nós. Mortos são os vivos que caminhando lado a lado conosco, nada nos acrescentam, numa melancólica contingência. Por isso, talvez não seja adequadodizer que Silvio Hall de Moura morreu. Nosso pranteado magistrado foi amigo de meu pai, Mariano Antunes,estendendoà minh~ familia sua consi– deração eestima. Uma peculiar maneira de externar ami– zade o distinguia: afetuoso, '!'ªs quase impe~etrável. Quando ingressei na Magistratura,assum1~d~ a Pre– toria de São Domingos do Capim, entre os inumeros processos-erime, encontrei oque apurava a morte de ame– ricanos, o famoso "Caso Davis", perpetrado por fazendei- ~~~~e':!fi:~rr~~~~~~- t ~~t:;!f ·d: ;:~;~udsits~~ do considerando que ao decreto de prisão preventiva fal– ta~a fundamentação legal, concedeu "habeas corpus" aos fazendeiros envolvidos. Os lavradores permaneceram se- gregI~~~~indo o feito, alegando os possei~o~ que haviam confessado o crime mediante coação, exibindo sevicias, resolvi submetê-los a exame de corpo de delito. Recebi do Instituto "Renato Chaves" um laudo em que os peritos in– formavam não ter condições de afirmar ou negar a sevi– cia. Estranho porque a ciência biológica nessa parte pericial é totalmente apoiada pela ciência exata, a única capaz de trazer o passado ao presente. Estava em vigência o Al-5. Encerrei-me no gabinete e minutos depois, afirmando que o "Juiz não é um convi– vas de pedra" e que os posseiros tinham domicílio no dis– trito da culpa, revoguei-lhes a custódia. Houve representação contra mim ao Tribunal de Jus– tiça do Estado.Oprocesso foi avocadoe eu instada a com– parecer à Presidência. Depo_i~ de u~a acidentada viagem cheguei a Belém e procurei ,mediatamente S1Jv10 Hall. Poucas palavras ouvi. Limitou-se a aconselhar que chamasse o processo à ordem para me declarar incom– petente, antecipando a informação de que o Tribunal as– sim o dissera no julgamento da representação. Ponderei que não. Preferia receber com humildade oentendimentodo Tribunal, porquanto compreendia que, em se tratando de decisão interlocutária,simples,que não comporta recurso, afastava-se a hipótese do Código Judi– ciárioqueempecia ao Pretor revogar_ decisões de Juiz d~ Direito da qual coubesse recurso. Ahás, o Supremo Tri– bunal Federal acolheu esse entendimento veiculado em "habeas corpus". Vim a saberque, porocasiãodo julgamentoda repre– sentação, Silvio HalJ tentou justificar-me. Nunca comentamos o assunto. Anos depois, já Juíza da Capital, assumi a Comarca de Marabá, em missão especial. Decretei inúmeras pre– ventivas de Jatifundiários 0 homicidas, inclusive. Reuni o Tribunal do Júri (fatoque há nove anos não ocorria). Ne– nhum facinora rico, que cometendo homicídios múltiplos esquartejaram as vitimas tentando imergir os pedaços hu– manos no rio P!lra que as chacinas não viessem à tona estava na cadeia! 'Ili Dándtl cilitoál/s'prlfcl!ssos,· onMtll!rà~que'para eles o prejuízt> 1 da revelia-em maior. Cobrava, porém, das au– toridades policiais a prisão, sobretudo por imprescindir da presença dos acusados no julgamento. Adivisão terri– torial, que limita a circunscrição policial de cada Esta– do, dificultava o cumprimento dos mandados de prisão. Cheguei ao Ministério da Justiça por uma exposição de motivos sobre violência no campo visando, excepcional– mente, solicitar o apoio da PoHcia Federal. Que nadai Não muito tempo depois de retornar daquela Comar– ca, soube que os ricaços - antes tão procurados - obti– veram a revogaçãode suas prisões sem conhecer a cadeia. Desfilam pela cidade cm c.irros luxuosos como s<· n· d vessem à socicd.idc. .. men~eº c~~ ~ if:i;\~j/~fz~~:s~~J;;~~~r~~;~r~;;;~ 1 confessei-me cm crise xislencial. Narrei-Ih ' o porqu · meuconflito. Do meu pontode vi_sta,era fácil ao J~1z~m ricano exercer a judicatura, pois lá a igualdade Juridrca nãoé utópica. Ricos e pobres s_ão julgados e, se_cncon dos em culpa, condenados. Pior d_o que a des,guald :~~~~J~~~~i~~1~~a'w~d!í~~1~~~~~~ r:;~i~~go . si!, ponderei. Ele ouvia silenciosamente. Extravasei. Estou com uma imensa vontad •de vol ~:S d~t~~~fvr:~~i~r~~:esc~~~~s~~~~t~;~:i~g= em disponibilidade, porém faria alguma coisa por mim e pelo valor em que acredito. , .. Os olhos do saudoso Desembargador cresceram nu- ma órbita de espanto. Deixou fluir um segundoe indagou- me de minha irmã. Uma verdadeira catarse abateu-me Não se pode querer abarcar o mundo. O seu silêncio, n~ , mínimo, quis-me dizer isso. Sopesei as circunstâncias. Teria si~o mai~~ácil exer– cer a judicatura naqueles tempos? Sei das d1hculdades de acessoàs Comarcas devido a precariedade dos meios de transporte.Seria isso pior do que a violência que o pro– gresso trouxe às cidades inter_ioranas? Naquele tempo todo homicida aguardava preso oJulgamen~ <salvose un:ia ex– cludentede antijurídicidade saltasseà v1staJ_. '!i malsinada Lei Fleury, tida como um av~nço por permitir que o ac11- sado espere em liberdade o Julgamento, deixando ao ar– bítrio do Juiz segregar ou não o criminoso, acabou esvaziando a Justiça, porque só os pobres abatumam,os 1 cárceres. Semanas antes de sua morte, aguardava na sala da Secretaria do TJE, seu titular, quando ali adentrou Silvio Hall. Seus olhos embotados deixavam transparecer abe– timento. cei :o~n~n°d~ril:~ii :!ra~~~~ ~~c:~~n;:l~i~i~r;g;~':: via um velado bloqueio a tolher minha liberdade jle .expressão. Mas naquele momento teria de vencê-1?, pqis ~ft:~~~~~i;!~á~~~ ~~eodà!~~:ds~:.":rcir:n~~~;~!~c~~ Deus. Disposta a extrair dele a sua concepção do mundiJ e das coisas - achar um caminho para encorajá-lo -1n- daguei: · ' Seria Deus a natureza em si e suas manifestaçõek... O senhor é panteísta? •n - Não! t'i Seria o homem incapaz de transceder a procur3(jla. , ve rd ~2eu:!~~~:g;aºc2:::i~~ ! ::~~s~~c~undos. Não~ie- ríamos partículas dessa energia a que eu chamode DE!lis? - Talvez! - Aliviei-me por não vê-lo um materialistas dialé o. ACiloca <termo carinhoso dispensado à mulher' e- le, casamento que durou mais de 50 anos) é católica! €... mas não conseguiu me convencer! Recobrara ele o humor habitual. Quando Silvio Hall saiu, voltei-me à dra. Ana Rosa Freire e lamentei que nossoamigoestivesse para nos dei– xar. Seus olhos já não tinham brilho. Dias depois, o telefone de minha casa tocou. Do outro lado da linha sua voz embargada: -Sesua mente tem poderde aliviara dor, ajude-me! Juíz~~:e~T1~,~\fa7i~/~~J::;i~~;:, ~~1:~a~~~ ~~e~°! deixou patética. Sempre vi na sua serenidade uma res– trição a minha irreverência. traJ~!:ei~ ~ma~~ah~~i!~1~t:~1~t1rn:o~~:~~ há Justiça se não houver homens justos. Aperenidade do exemplo de Silvio Hall é um ai to. Asua presença, uma esperança de que a Justiça re e no tempo e no espaço seu lugar de mediadora dos c i- tos e de caminho para a paz. Eu que tenho ainda vivo o seu olhar de espanto, ua silenciosa cumplicidade com meus protestos (hoje e 1 que assim o era) ficaria muito triste se tivessede concl : "A magistratura paraense está mais pobre porque Sllvlo Hall de Moura morreu·•. "Desabafo" de Gueiros anima partidos da Coligação do Pov Os recentes pronunciamentos do governador Hélio Gueiros, esta– belecendo o perfil do candidato que apoiará à sua sucessão e criticando enfaticamente ao ministro da Previ– dência Social e seus correligioná– rios, têm encontrado grande resso– nância entre os vereadores que inte- . gram oGrupo de Apoio Parlamentar (GAP) - um conglomerado forma– do por vereadores dos três partidos que integram a Coligação do Povo Wh~ 1 WÊis ! 1 eW!~ t~:::~ifaªJ~ com as adesões provenientes do PDC, PTR e PRN. O vereador Willy Trindade (PTR) entende o discurso do governador Hélio Gueiros como um "desabafo" de quem enfrentou um Estado cuja "herança maldita" foram o alto grau de endividamento e a ineficiência de quem sabe o quanto custa lutar para reconstruir um governo antes comprometido com os interesses pessoais e de gru– pos", asseverou. O vereador também considerou ~:~~~~o: Jé~~icr~:fr!~ :nir;rife,ro Sahid Xerfan, justificando que o es– tilo de ambos convergem para o mesmo ponto. Em sua opinião, tanto ogovernador Hélio Gueiros quanto o prefeito Sahid Xerfan já demonstra– ram estar identificados por uma concepção de governo voltada aos interesses da população, e acrescen– tou que ambos estão empenhados e dispostos a impedir a reedição de um velho filme, que balizou como "a volta para o passado", parafrasean– do o titulo de um sucesso de bilhete– ria de Spilberg. Indagado sobre a possibilidade de o GAP apoiar o lançamento do prefeito Sahid Xerfan ao governo do Estado, dada a possibilidade de apoio por parte do governador, Willy esclareceu que por enquanto o im– portante é discutir um programa co– mum e o perfil do candidato para personificar uma plataforma politi– ca. Sua opinião pessoal, contudo, é a de que a candidatura do prefeito Sa– hid Xerfan é a que mais representa os interesses dos que pretendem evi– tar o retorno ao governo do Estado dos que classificou como integrantes de "grupelhos politicos". "Ao assu– mir a Prefeitira, ele também enfren– tou os mesmos problemas que o go– vernador Hélio Gueiros: dividas, ca- ~;â;i~:~r~~~brn~~dee~~:~~:~~~l~ co", opinou. Já o verador Paulo Roberto <PTB) classificou as manifestações do governador Hélio Gue\ros como uma "reação natural de um cidadão que se rebela contra a deterioraçáo das relações entre os que adminis– tram o patrimônio público e a popu– lação". Segundo ele, o processo de corrupção que se instaurou no perío– do de transição política apó a derro- cada do regime militar frustrou bas– tante as expectativas do povo bri– leiro, obrigado a testemunhar os grandes escândalos que compro e- . leram a credibilidade das institqi– ções. Para ele, o governador Hé o Gueiros soube dar o exemploao lar a sua administração dentro parâmetros da transparência e a credibilidade, que o credenciami– to à populaçãocomoo grandea u– lador de sua própria sucessão. P o Roberto avalia que a popular! de granjeada pelo governador Hêllo Gueiros será determinante no pro– cesso de indicação do candidato que o sucederá. Mais cauteloso, o vereador Nel• son Chaves, presidente da Câmara Municipal, disse que não se sentia à vontade para falar a respeito de um assunto quen vem acompanhando ~~~~t~o~~~~~~se~ ~~p~f;!'~!: · o e::~ posicionamento a respeito da suces– são governamental, defendendo a candidatura do prefeito ahid Xer– fan por entender que ele representa uma perspectiva de renovaçãõ na administração pública. O vereador disse, ainda, que se sente credencia– do para aspirar a uma vaga na A - sembléia Legislativa. embora avalie que a viabilização de sua candidatu– ra dependerá dos setores da socieda– de civil com o quais se ente identificado. Grupo S.O.S. África parte para MoçaIDbique no dia 2) No dia 21 deste mês seis missio– nários da igreja Evangélica Assem- i1:~je~e~~:s~~~6~~ ~~~~mÁfr~~~~ !~ tarão deixando Belém rumo a Mo– çambique, na África do Sul, para fundar uma missão evangélica visan– do oatendimentoà crianças carentes e mulheres, e organizar uma escola para a formação de pastores,que de– verão trabalhar nas congregações do pais. Os missionários ficarão na ca- ~~~~• e'1eª:a~~~ rar:;i~~r:i~i~~d~~!~ mentos, principalmente seringas des– cartáveis. Esta é a primeira miss o brasileira a seguir para Moçambique desde 1989, quando foi criado o proje– to, cuja coordenação já enviouquatro partidas de "containers" com oito to- neladas de produtos, entre roupas, medicamentos e alimentos para osso– breviventes da guerra civil africana. Amissãoserá chefiada pelo pas– tor Firmino Gouveia, qu vai acom– panhar os trabalhos, e s rá formada pelo pastor Elicl Gom (r sponsáv 1 pela permanência e criaç o da mis– sãoem Maputo) pelas missionárias Maria Rosolina, Edin te arv-alho, Darcy Jaime e Rosilda livcira. O Projeto Missionário .O. . Áfri– ca foi criado em Bel m no dia 2 do março do ano passado, com a finali– dade de instalar e mant r a missão evengélica, que funciona no pr dio anexo ao templo central da A s m– bl ia de D us, na esquina da 14 d Março com a ovcrnador Jose Mal– chei: € manlidoatrav s do um traba- ~~:~~~~~!~~~~~. qu:;ã~'~\:. dos após uma seleção prévia para.aju– dar os obreviventes da guerra ivil de Moçambique. Os dois pastor que coorde am a missão. Eliel Gomes e Firmmo ou– vela, também visitar, o a t'ap1~l de Angola, Luanda, queenfrenta próbl mas se~lhantc a M~amb1que. on– de pretendem futuramcnte Ins lar um novo posto mi sionáno. En i:k'- ~~;l~m-~_vii~~a~0E\~,~~:: ~ ~/;.1~r d: crl~~ois::~.lore~~~-:o li Í, ~~e~ªn~u~~~he~~~;; l~~r~:~o o projeto t m de contmuar"

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