O Liberal: jornal da amazônia. Edição n° 22.568. sexta - feira, 02 de fevereiro de 1990.

,,....,...,.-------··· .. ---·-···· -· .. Lambaval ocupa os espaços da música só de carnaval ::::l CJ ! Ili cn cn a cn ~ Ili .. o '' M úsica é a ciência que pode fazer-nos rir, can– tar e dançar (Guillaume de Machaut)". ''A música é uma disciplina que toma as pes– soas pacien~ e doc-es. mais modestas e razoáveis. (...)Ela• um dom de Deus e não dos homens. (...) Com ela se esquecem a c6lera e todos os vícios. Por isso. não tm,o afirmar que depois da teologia nenhuma arte pode ser equiparada à Música (Mar– tinho Luttto)". '' T ão grande é a correspondência ·entre a Mú– sica e a nossa alma que muitos, procurando cui– dadosamente a essência desta, ajuizaram que ela está replda de acordes harmoniosos - pu.ra har– monia na vudade. Toda a Natureza, a bem dizer. não é outra coisa senão uma perfeita música, que o Criador faz ressoar nos ouvidos do entendimento do homem. a fim de da.r a ele prazer e atraí-lo do– cemente para Si (lan Sweelinck)"". ''A Música (em romparaçâo com a poesia) pos– sui a sua prosa e os seus versos... Há, para mim, na nossa manein de escrever música, defeitos que se relacionam com a maneira de escrever nossa lin– gua; é que n6s escrevemos diferentemente de co– mo toamos (François Chopin)... ''Assim como as paixões, violentas ou não, ja– mais devem ser expressas de forma a produzir as– co, a música, ainda que nas situações as mais terríveis, nunca deve ofender o ouvido, mas agra– dar, continuar aser música. enfim (Wolfgang Ama– deus Mozart)... ''Quem uma vez compreendeu minha música será livn da miséria em que os outros se arrastam! (Ludwig V.O Bttthoven)"". '' Gostana que se chegue, que se chegasse a uma Músic;. vudadeiramente livre de motivos, ou for– mad.2. por um único motivo contínuo, que nada in– terrompe e que jamais retoma. (...) Convenço-me ada vez mais de que a Música não é, por sua es– ~ algo que possa colar a uma forma rigoro– sa e tradicional. Ela é cores e tempos ritmados... O ruto ~ uma piada invmtada por frios imbecis sobre os lombos dos Mestres, os quais geralmente não fiz.eram nada a não ser músic.a de época! Só Bach pressentiu a verdade (Oaude Debussy)... "Não há música sem ideologia. Os mestns an– tigos tinham consciente e inconscientemente uma orient:açào política. A maioria deJes apoiavam na– tumment, o domlnio das classes superiores. Ape– nas Bttthown foi um precursor do movimento ttYOluóonirio (Dmitri Shostalcovitch)"". '' Se eu quero 'à vida enquanto arte', corro o ris– co de cair no estetismo, porque tenho o ar de pre– tmder impor alguma coisa, uma certa idéia da vida. Parece-me que a M6sica - ao menos tal co– mo a encaro - não impõe nada. Ela pode ter co– mo efeito mudar nossa maneira de ver, fazer-nos olhar como sendo artr tudo o que nos Cef'Ci\. Mas isso não~ um Am. Os sons não tlm um fim! Eles são, simplesmente. Eles vivem. A Música é esta vi– da dos sons, esta participação dos sons na vida, que pode tomar-se - mas não voluntariamente - uma participação da vida dos sons. Nela mesma, a M6sica não obriga a nada-Uohn Cage)". ''Pretendem os aficcionados compreender de irnecmto um problema sobre o qual os artistas pen· saram dwant, dias, tneses ou anos7 (Robert Schuman)". ''A M6sica expressa a natureza inconsciente deste e de outros mundos (Arnold Schoenberg)... "Em Bel&n Rock não ganha Festival (Anônimo)". "C.da povo t,m a Músia que merece (Pim-Pim)". "Me diz o que ouvos e eu t, direi o que não & (Mãe Delamare da Silva)". "Vem a! o V VARlASONSl...(Eu)". M N ão tem jeito: quem quiser curtir um som novo, vai ter que ficar mes– mo é na saudade. Em maté– ria de lançamentos de música de carnaval, a produção é - simples e vergonhosamente - zero. As fábricas não querem investir num produto que vende - tão somente - du– rante um mês. E a mesmice continua. Há quarenta anos que em Belém s6 se canta "olha a cabeleira do Zezé". Nã há escolha! --o que é um verdadeiro absurdo", conclui o radialista &fü Augusto. Como este ano parece que o carnaval mudou em Belém, a situação fica ainda mais complicada. As grandes escolas não vão sair, e, por conta disso, a produção de samba-enredo é nenhuma. Quem vende mesmo são as escolas do Rio de Janeiro. Mas e aqui, como é que fi– ca7 Na saudade! Há algum lempo os baianos, com seus trios-- nRÃO VIVO - Coletânea. Gramophone (Magalhães Barata, 836). • IDVE WARRIORS · Duke Pai. Gato na Tuba. (Rui Bar– bosa, 1845). • THE SINGLES • Depeche Mode. Bolacha Preta. (Small Shoping • loja 18). • BATMAN 0 ;frilha Sonora do filme. Lado A (Go)den Shopping • loja 8). • THE BEST - Barry Mani– low. Gramophone (Maga– lhães Barata, 836). • ENYA - Rick Wiliman. Gato na Tuba. (Rui Barbosa, 1845). • A ARTE DE BEEGES - Beeges. Bolacha Preta (Small Shopping • loja 18). • THE BEST OP DEXTER GORDON• Dexter Gordon. elétricos, espalhavam para o resto do país a sua música eletrizante. Passou a moda. Para quem gosta, o sambâo das escolas do Rio. Quem não gosta tem que se conten– tar com a "jardineira por que estás tão triste7" e similares. Com o modismo da lambada, em Belém, no res– to do país e - dizem - alé na Europa, se pretende "sal– var" o carnaval local. Aí sur– ge o tal do "lambaval", cuja explicação é 6bvia. É a lambada no salão. E todos acreditam estarem dançando "música de carna– val". O ritmo é de marchi– nha. Todo mundo quer pular, pular, pular... Confete e serpentina, a lambada no pé. E o carnaval7 Responde quem gosta, enten– de e participa: o povo. "Eu gosto de lambada, é claro. Mas carnaval sem música de carnaval, não dá!" protesta um folião. "Esse ano não vai ser igual aquele que passou...". Não vai, mesmo! "Será bem pior!", acreditam outros. "eu prefiro mil vezes um frevo rasgado do que uma lamba– da. Lambada é pra dançar agarrado! Não é como o fre– vo, que a gente pula adoida– do, pra lá e pra cá, sem segurar em ninguém; sem ninguém segurar a gente; to– do mundo livre. Isso é que é carnaval", preferem outros. Lambada ou carnaval. Pouca diferença faz, quando se quer mesmo é diversão, suor, alegria, muito exercício e brincadeira. Na falta da– quela ou deste, o '1ambaval" segura. E vai ser ele mesmo quem irá comandar os sa– lões. Qualquer música - do brega, ao sambão; do xot, ao baião; do rock à new age; do clássico ao chorinho - vira lambaval. Não tenha dúvida: Na hora da folia, poucos ir.ão reparar. Como é tudo na base do improviso, qualquer canção - por mais r~mântica ou Q_uenthura Lado A (Golden Shopping - loja 8). • UVE • Diana Ross. Gramo– phone (Magalhães Barata, 836). • ON MERCY - Bob Dylan. Gato na Tuba (Rui Barbosa, 1548). • THE KING C,F BOP - bizzy Glllesple. Lado A (Golden Shopping • loja 8). • DONT' DE CRUEL · Bobby Brown. The. Musical (São Jerônimo, 379). • BRAVE AND CRAZY - Melissa Etheritge. Gato na Tuba (Rui Barbosa, 1548). • STILL OF THE NIGTH - Jony Malhis. Gramophone (Magalhães Barata, 836). • A PERSONALIDADE - Gilberto Gil. Bolacha Preta (Small Shopping - loja 18). • SABRINA. Gato na Tuba (Rui Barbosa, 1548). • FOREIGN AFFAIR • Tina Tuner. Gato na Tuba. (Rui Barbosa, 1548). • A NEW FLAME · Simply Red. The Musical (São Jerô– nimo, 537). • ALIVE • Oingo Boingo. Gramophone (Magalhães Barata, 836). • LIKE A TRAYER. Bolacha Preta. (Small Shopping - lo– ja 18). • ELLA FITZGERID GE– RALD - Ella Fitzgerid Ge– rald. Gato na Tuba (Rui Barbosa, 1548). • RAIN DANCE - Nana Vas– concelos. Gato na Tuba (Rui Barbosa. 1548). ' ' . . ' melosa que seja - vira mar– cha de carnaval. Quem deci– de é a orquestra. Não dá trabalho - já que o arranjo, nesse caso, exige muito pou– ca ou nenhuma criatividade - e é fáál de tocar. O resto - o grande res– to - fica mesmo por conta dos brincantes. Quem prefe– rir ainda pode repetir antigos sucessos de caJlllavais com a ..Banda do Canecãó', cujo úl– timo lançamento em disco ocorreu há mais de Ires anos. É s6 botar na vitrola e tocar. Não custa nada. Nem d6i. Encontrar uma solução para o problema, quem há de7 Há sugestões direciona– das a melhorias, como a que pretent, criar músicas pop para serem tocadas no carna– val. É s6 pegar a can~ta e compor. Mas aí vem a per– gunta: quem vai gravar7 Pior mesmo é se faltar a alegria. Aí nem lambaval dará jeito. Porque não ·t com esse que eu vou, pular até cair no chão..:· • EARLY WORKS - Terence Trent Darby. Gramophone (Magalhães Barata, 836). • Charlie Parker. Volumes ll, m, IV. Lado A (Golden Shopping • loja 8) • ELBA RAMALHO O · Ao vivo. Gramophone (Maga– lhães Barata, 836). • MATADOR DE ALU– GUEI. • Trilha Sonora do Fil– me. Gato na Tuba (Rui Barbosa, 1548). • ASAS DA AMERICA • Coletânea (Freveo). Gramo– phone. (Magalhães Barata, 836). • VAGBUNOO - Rosa Ma– ria. Gramophone (Maga– lhães Barata, 836).

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