O Liberal: jornal da amazônia. Edição n° 22.568. sexta - feira, 02 de fevereiro de 1990.

N a classe A, Ó mate,: . ria! é especial e tem griffe. A classe média mal e mal dá conta do que já foi produzido em mas– sa. A classe C se vale dos artigos subsidiados - e se limita ao mínimo. Nenhuma escapa da exigência de material es– colar para a volta às au– las que, afinal, estão aí mesmo. Os livros são caros: no mínimo inil cruzados pelo material descartável a ser utilizado numa série qualquer do primeiro grau maior, com curricu– lo de nove a onze discipli– nas. Os cadernos, idem: um caderno tipo universi– tário, dos mais baratos, com dez matérias, custa– va, no começo desta se– mana, mais de cem cruzados a unidade. Um só dá para pegar o empu– xo do ano: até o final, um aluno razoável gastará três. Alunos de séries ini– ciais (primeiro grau me– nor) ou do segundo grau gastarão, com certeza, muito mais. Para os pri– meiros se exige uma lista de material complemen– tar. Para os segundos, a lista de livros didáticos ou para-didáticos cresce, e fi– ca quase do tamanho da quantidade de apostilas que eles são obrigados a utilizar. São necessanas, de fato, estas listinhas com– plementares de_ material escolar? Os pedagogos asse– guram que sim. A forma– ção infantil precisa de a muito mais que papel, lá– pis e caneta: a criança pre– cisa desenvolver as múltiplas percepções de que se faz o aprendizado integral. Ela precisa aprender a ler, escrever e contar. Para escrever bem, por exemplo, uma criança deverá ter sua coordenação motora de– senvolvida logo nos pri– meiros anos. E isso só é possível, no esquema es– colar, quando ela trabalha articulando os movimen– tos das mãos, de forma a poder controlá-los perfei– tamente. Na lista de ma– terial escolar isso se traduz na necessidade de material plástico atóxico, ou seja, a massa de mode– lar, e artigos que lhe per– mitam riscar, borrar, traçar e tentar: material de pintura. A expressão da mo– delagem e da pintura, por outro lado, permitem que a criança, antes de saber se expressar formalmente Material escolar: quando o necessário parece supérfluo ;/ I Mochilas, cadernos com griHe, canetas e porta-objetos: o conjunto é grande para o rerom o às aulas. através da palavra, se ex– presse de um jeito anterior à palavra: a comunicação se faz em formas, cores, volumes. Quando uma criança pinta, ela demons– tra como percebe o mun- do. As cores que a atraem, as formas que se desenvolvem em sua ca– becinha, o sentido de pro– porções que se forma . Massa de modelar, papel de_desenho, mate- ria) para recortar e colar, estojo de pintura e lápis de cor, tudo tem a mesma fi– nalidade, que é preparar a criança para o exercício correto do trabalho inte– lectual e, paralelamente, detectar, de- fonna co~– ta, jmperfeições nesta pre– paração, ou , então, dificuldades de ajusta– mento ou inserção social. Outro item bastante contestado da lista é quanto ao material de hi– giene. Sabonetes, toalhas, saboneteira pessoal, copo individual. Pareceria pres– cindível - mas é justa– mente através do cotidiano ensinado na es– cola, paralelamente à sa– la de aula, que a criança aprende os valores embu– tidos na necessidade de saúde, e, portanto, higie– ne preliminar. Além disso, o material individuado e sob a responsabilid~de da própria criança desenvol– ve seu sentido de interven– ção pessoal num mundo· que já não é o familiar, mas o começo de uma so– ciedade maior. Difícil, para a famí– lia, é compatibilizar tan– tas necessidades com um orçamento definido. Mas difícil ainda é tentar en– tender listas que passam, em muito, do fundamen– tal para enveredar pelo francamente supérfluo. O equilíbrio pode não estar no meio - mas é verda– de que valeria a pena que as listas fossem repensa– das, ou, pelo menos, ex– plicadas corretamente para os pais. N esta época de inicio das aulas, muitas pessoas, principalmente aquelas que não têm muita experiên– cia em lidar com as exigências da escola, têm certas dificuldades para organizar o dia-a-dia da criança que vai para a aula. Mas isto não é tão complicado como pa– rece, embora não seja apenas uma questão de c;leixar a criança na escola - um tipo de acompanhamento ,. toma indispenshel. Este problema, entretanto, é para os espe– cialistas. O que desejo abordar é aquela dificuldade encontrada em organizar as coisas que bum o lar da pessoa - o conjunto de providências que facilitam a vida. É importante lembrar, ao fixar o horário escolar da criança, que ele deve, se possível, se adap– tar a duas coisas: primeiro, às facilidades que a pr6- pria criança puder encontrar em estudar neste ou naquele horário; segundo, à própria situação domés– tica. Algubn que só trabalha à tarde, por exemplo, não tem nenhuma raz.ão para forçar as coisas e colo– car o filho na escola pela manhã, pensando que é de manhã que se aprende mais. Nem sempre é assim, e o esfo~ se toma in6Hl porque o que a criança feria de melhor rendimento se perde porque não va.i ter mais acompanhamento em casa, ficando longe demais dos pais, princiyalmente da mãe. É bom lembrar, que, para preparar uma criança calmamente a fim de que ela esteja feliz da vi– da na escola, na hora certa, é preciso começar com uma boa hora de antecedência. Assim, se a criança tiver que estudar pela manhã, duas horas antes a mãe deveri. estar de pé - e nem sempre isto é possível de suportar no cotidiano. A o inverso, se a criança estuda à tarde, o mesmo tempo de p~ção é necessário: assim, a compatibilidade de horários pode vir a ser mais viá– vel, em muitos casos. É preciso habituar a criança a preparar previamente o seu material, a assumir a responsabili– dade por ele, e a prq>ará-lo antes de ir para a escola. t prttiso, no começo, um pouco de paciência par.a as inevitheis conferências e proa.iras. Mas, com pouco tempo, essa verificação se toma r.ipida e permanente, de forma a manter um ritmo de rotina que não pese aos pa.is. D esde o começo tamWm é bom verificar continuadamente - o que não - quer dizer diaria– mente - o andamento dos estudos da criança e, se possfve1, apoiá-la um pouco. Isto vai evitar proble– mas do tipo: descobrir depois que a criança não vem tendo rendimento, com as inevitáveis conseqüências. f malmente, manter o esquema de roupas sempre em ordem. Esta provid@nda aliviara em mui– to a pressão 10bre a criança e sobre a própria mãe, na hora de cumprir a sua obrigação diária. 0 LIBERAL / AQUI BELÉM 3

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