O Liberal: jornal da amazônia. Edição n° 22.568. sexta - feira, 02 de fevereiro de 1990.

U m pouco de poeta todos temos, porém fazer poesia requer trabalho, suor e persistência. O poeta é sempre alguém que vê o mundo e ma– neira diferente. Às vezes leva anos aguardando um acontecimento, um lugar, uma palavra e de repen– te aquele passado surge com tanta força, que o jei– to é .repartir com outros seus sentimentos. L ndolfo PaolieHo - escritor e jornalis– ta mineiro - através do livro: "O Poeta que Não Sou" (Editora Lê - 105 p) nos leva a um passeio pe)o cotidiano. Usa o título do livro a fim de dizer que não é poeta, mas está sendo, pois a poesia permeia o livro inteirinho. A presença do lirismo, do roman– tismo e d.o poético. São evidentes em suas o-ônicas. E m uma de suas crônicas, ele faz a dife-– rença entre poesia e prosa, de uma maneira tão sutil e cheia de sensiblidade, que fica patente que a sua prosa é poética: "O que posso dizer1 Que também eu, Rachel, gosto de poesia e gostaria mesmo é que o mundo se acabasse em meJ. Assim como você, eu acho o sol, o céu, o mar e vou parando por aqui para não compor uma letra de 'ôossa nova". F alando sério, o mundo não é só poe– sia... Como diz o meu amigo Antônio Teles, ele é cheio de agruras e de vicissitudes que não têm tem– po e nem lugar para nos assombrar. Quer ver uma coisa1 Acho que não há momento mais bonito do que aquele em que: "O corpo, Õoutro corpo en– trelaçado, fundido, dissolvido, volta.a origem". N o entanto, imagine que atinge aquele instante em que (com a permissão de Drummond) já não se sabe mais "onde termina o quarto e che-– ga aos astros". E nesse instante exato salta à sua frenteo super Delfim anunciando uma nova lei sa– larial ..:• L ndollo continua mostrando essa dife-– rença, levando o leitor refletir e a se indagar. Usa a palavra para falar a respeito da política, do dia– a-dia, na esperança de que: "quem sabe1 --: pode-– se dar o passo inicial para vencer a distância entre o estar e o se (: U sando uma linguagem simples, toda– via trabalhada, dá à oportunidade ao leitor de via– jar sob o mar do cotidiano, porque ele vai se dar conta de que, assim como poeta também fez mil planos para aquele ano e no fim do ano: "Confes– soque não aprendi francês e, cá entre nós, eu nem tentei. Não emagreci um quilo, nada,embora tenha tido a int~nçã~. de começar um regime a cada segunda-feira ... É um escritor engajado com seu tempo, politizado e que critica todo esse Sistema, mesmo quando fala sobre o sonho de uma forma tão bela como: "Trocamos relefonemas às quatro da manhã, escapamos do trabalho às três da tarde para ver o sol nascer em Salvador, saímos para comprar ci– garros e fomos parar em Roma". Da mesma ma• neira usa seu estilo ro~tico para fazer sua critica: "Não conhecm,os o INPC, nossa felicidade nun– ca foi medida em ORTNs; nosso apartamento não en do BNH, e nunca l'ivbnos que recorrer ao INPS". D epois que se lê: ·:o Poeta que São Sou", bate uma saudade da vida e uma vontade de ten– w ser esse poeta, que é um pedaço de emoção. 2 O LIBERAL / AQUl BEL M Para o fl LIVROS: Confe rências Bra– sll e Iras de AndJê Green Metapslcolo– gla dos limites, de An– dré Green. Tradução de Helena Besseman Vianna. Editora Imago. Com 210 páginas. NCz$ 394,00 na Jinkings (Tamoios, 1592). Este livro é o registro integral das três conferên– cias e dos debates que se seguiram, por ocasião da visita do psicanalista fran– cês ao Rio de Janeiro, em 1986. André Green, pen– sador original que se des– taca pela integração em sua obra da contribuição de três grandes teóricos: Lacan Bion e Winnicott - é um dos mais influen– tes entre os psicanalistas · franceses conteporâneos. Perceptivo intérprete de Lacan, Green é estimulan– te e fascinante, e sua obra vem abrindo novos cami– nhos para o estudo e de– senvolvimento da Psicanálise de nossos dias. A Chamas:la do Meu Povo, de Odete de Barros Mott. Editora Mo– derna. Com 103 páginas. NCzS 70,00 na Belo Saber (Quintino Bocaiúva, 1821). Ela conhecia duas culturas, uma ela apren– dera com os brancos e a outra: estava em seu san– gue. Maria cresceu feliz junto aos missionários VÍDEOS: • Da Videomania (Rui Barbosa, 968): O Planeta Verme– lho. 155 minutos. Direção • de Michael Anderson. Uma obra prima de ficção científica, com elenco de astros, traz pa– ra a realidade a imagina– tiva visão do escritor Ray Ray Breadbury. E Rocky Hudson interpreta o coro– nel Wilder, lídr da tercei– ra expedição à Marte, que tem como objetivo, o re– conhecimentó do planeta para a, colonização da Nova Fronteira. • Da Rocky Vídeo (Rui Barbosa, 1143): Ouro Sangrento. 98 minutos. Direção de Antony Dawson. Durante um assalto frustrado, o milionário Wang é morto, mas deixa que dedicavam sua vida à proteção dos povos indí– genas. Com eles aprendeu o modo de ser dos bran– cos, de comer, de vestir, sua religião, seu amor e seu ódio. Mas ela tinha nascido índia. Seu povo ainda vivia livre como pássaros ern meio a mata, com os outros costumes, outro modo de viver ou– tra religião. E ela apren– deu que aquela liberdade estava ameaçada. A Chegada em Darkover, de Mário Zimmer Bradley. Tradu– ção de Jaime Salomão. Editora Imago. Com 172 páginas. NCzS 228,00, na Ponto & Vírgula (Conse– lheiro Furtado). Darkover, o mundo do mistério"de estranhas inteligências, o planeta de quatro luas e do sol ver– melho, o lugar de poderes desconhecidos, surge co– mo uma sinistra ameaça à sobrevivência de homens e mulheres da terra, que seguiam numa nave este– lar para colônia de coro– nis e foram desviados de seu curso por uma tem– pestade espacial, indo pa– rar num canto remoto da Galáxia. Alcoolismo, o que você Precisa Sa– ber, de Donald M . Lazo. Com 157 páginas. NCzS uma pista de onde está es– condida toda a sua fortu– na . Um aventureiro Dakota é o sobrinho de Wang, o mestre em Kung– fu, Hokiang a parte em busca de três pedaços do mapa, que estão tatuados no bumbum de três belas mulheres americanas. E abusca se inicia... • Da Alfa Vídeo (Conselheiro Furtado, 1883): Portergalst 11. 92 minutos. Direção de Braian Chipson. Envolve um elenco original em uma ·aventu– ra sobrenatural com mais fantasmas assustadores, humor negro e efeitos es-– ~iais e arrepiantes do que o sucesso original de 1982. • Da Vídeo Zoom (Rui Barbosa, 1833): 47,10 nas Edições Paulinas (Ó de Almeida, 454). O Alcoolismo é uma doença. É o desconheci– mento dessa doença que permite ao alcóolatra che– gar a estágios mais avan– çados. É o desconhecimento que o faz negar para si e para os outros o que é evidente: sua dependência da bebi– da. É o desconhecimento que faz muitas vezes, o le– var à morte. O que fazer para que o alcóolatra re– conheça sua dependência e aceite a ajuda de que tanto necessita é o que es– tá claramente exposto pe– lo autor deste livro. Um Amor Conquis– tado, de Danielle Steel. Tradução de Aulides Soa– res Rodrigues. Editora Re– cord. Com 381 páginas. NCzS 348,00 na Nossa Li– vraria de Belém .(Padre Eutíquio, 1300). Anclrey e Jean Robert era um casal feliz e des– preocupado, até que uma grave notícia se abate so– bre eles. Depois de envol– ver a Europa e o Japão, a guerra chega ao EUA. An– drey é convocado, vai a guerra, como tantos ou– tros, não volta. Jean grá– vida, dá a luz a uma menina e dá o nome de Tana. Terminada a guer– ra, os EUA mergulha em Remo - Desarma: do e Perigoso. Com 107 minútos. Direção de Guy Hamilton. Depois de uma em– boscada promovida por uma gang de onde saiu quase morto, o esperto policial Ed Makin ganha um novo rosto, identida– de e um novo nome: Re– mo Willian. Uma agência supersecreta dá a ele uma missão: descobrir crimi– nosos tão poderosos que estão além do controle convencional da polícia. • Da Mister Movie Vídeo Center (Praça Amazonas, 94): Slugs. Com ·89 mi– nutos. Direção de J.P. Si– mon Ashton é uma comunidade de classe mé– dia tranqüila . Mas tudo isso irá mudar. Nos esgo- outros conflitos; a luta contra o racismo é uma delas. Deslntegraçõo da Morte, de Origens Lessa. Editora Mode.ma. Com 76 páginas. NCzS 664,00 na Conte Uoão Alfredo, ;J.O). Sem a morte como ficariam os nossos valo– res, como o amor, fideli– dade, religião, justiça e solidariedade. Veja então quando o cientista conse– gue eliminar a morte e condena todos a vida eter– na com todos os conflitos e o ódio que 1aí surgem. História do Casa– mento e do Amor, de Alan MacFarlane. Tradu– ção de Paulo Neves. Com– panhia das Letras. 391 páginas, NCzS 828,00 nas Livrarias Cejup. (Assis de Vasconcelos). Na intenção de mos– trar o quão importante, no processo de desenvol– vimento das relações fa– miliares e sociais, é o amor e o casamento, o au– tor analista da época em que os casamentos eram determinados.pelos inte– resses do grupo familiar e de classe, e quando come– çaram a ser determinados pelo próprio cônjuge - o que resultou em poderosa influência para o desen– volvimento de uma região inteira. tos, algo está ocorrendo, seres nojentos se arrastam em busca de vítimas para saciar uma fome _inesgotá– vel por carne humana. A invasão destes repelentes seres está em curso, e ne– nhum ser vivo estará salvo. Da Fox Vídeo (Benja– min Constant) Consplraçõo Te– klla. Com 115 minutos.' Direção de Robert Towne. O tráfico de droga é perigosíssimo, porém, é altamente rentável. De– pois de ter faturado alto no submundo, Macksuck percebe que chega a hora de cair fora. Só que ele te– rá que enfrentar a pressão dos colegas de profissão. Mais que tudo isso, ele te– rá que carregar o peso de seu passado na memória.

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