O Liberal: jornal da amazônia. Edição n° 22.567. Quinta - feira, 01 de fevereiro de 1990.

1 • Secretaria Munici- A pal de Economia (Secon) anunciou, há vários meses, que a Prefeitura de Belém faria a padronização das barra– cas da feira livre localizada no bairro do Telégrafo. Além disso, a Secon informou que os feirantes se.riam removi– dos para área que fica atrás do mercado de carne e peixe daquele bairro, já que por duas décadas as barracas de madeira, onde ficam as mercadorias co– mercializadas pelos feiran– tes, ocupam parte doleito da pista da avenida Senador Lemos e da travessa Coronel Bentes. Até agora não aconte– ceu nem uma coisa nem ou– tra. As barracas continuam no mesmo local de sempre e são montadas de maneira improvisada. Com isso, to– dos perdem. Os feirantes porque correm o risco de Maria de Nazaré Valente As bancas e barracas continuam ocupando a Senador Lemos e a Coronel Luiz Bentes Feira não muda e feirantes e consumidores • unem queIXas atropelamentos. Para os consumidores, além da pos– sibilidade de a_cidentes, há o perigo de estarem consu– mindo hortürutigranjeiros contaminados. Já para os motoristas sobra aborreci– mento pelo trânsito confuso na avenida Senador Lemos. "A balbúrdia é geral por aqui. Ninguém se entende. As barracas e as cestas de lixo dos feirantes ficam no meio da rua. Os motoristas que passam pela Senador Lemos dirigem sem o míni– mo cuidado e quem sofre com tanta bagunça é o con– sumidor, que fica doidinbo na hora de fazer as com– pras", reclamou Maria da Anunciação Ferreira, 45 anos de idade, dooa-<le-casa e moradora da travessa Co- ronel Luís Bentes. Ela acha que a melhor maneira de so– lucionar todos os problemas é transferir a feira para uma outra área do bairro. Quem concorda com Maria da Anunciação é o fei– rante Raimundo Antônio Jo– sé da Costa, 56 anos de idade. '1'rabalho aqui na fei– ra do Telégrafo há vários anos. Sempre reclamei des– ta confusão, mas parece que ninguém me ouve. Acho que a feira tinha que ser instala– da numa rua de pouco trân– sito". As feirantes Ma ria de Nazaré Valente, 55 anos de idade, Valda Maria Ferrei– ra, 16, e Zoraíde dos Santos Nascimento, 39, discordam da idéia de transferir o local da feira livre. "Eu não con– cordo com a nossa saída da– qui porque vão aparecer outros feirantes para ocupar o local e o problema vai con– tinuar do mesmo jeito. As– sim, já que estamos aqui há vários anos, preferimos fi– car na área", disse Maria de Nazaré. Para Valda, "tudo nunca vai passar de amea– ça por parte da Prefeitura, já que até hoje nós estamos esperando as barracas pa– dronizadas que nos prome– teram. Sendo assim, acho impossível nos tirarem da– qui. Ninguém quer sair da Senador Lemos. Zoraíde tem a mesma opinião. Ela não concorda com a retirada dos feirantes para outra área. Além disso, contou ao "Plantão dos Bair– ros" que a feira do Telégra– fo foi "esquecida" pela Prefeitura : "Nós queremos um banheiro público, barra– cas padronizadas, depósito para guardar nossas merca– dorias e camburões pra li– xo". EI~ disse que o único banheiro que fica no prédio do Mercado Municipal do Telégrafo está interditado, porque não apresenta condi– ções de uso. Além disso, os feirantes estão sendo obriga– dos a levar, todos os dias, as mercadorias que comercia– lizam para suas casas, já que a Pre!eitura ainda não construiu um depósito para guardá-las. Uma rua com problemas demais Viver na rua Belém, no bé.irro do Telégrafo, é um sacrifício. Pelo menos é o que afirmam os entrevistados pelo ''Plantão dos Bairros". As queixas são muitas. Eles reclamam da falta de pa– vimentação asfáltica, do mato que es– tá tomando conta de vários trechos da rua e do deficiente sistema de ilumina– ção pública. Além disso, os moradores denunciam a falta de saneamento básico. Apesar de estar morando na rua Belém há quase wp ano, Isabel Soares Ribeiro, 25 anos de idade, tem muitas queixas das péssimas condições daque– la rua. ''Isso aqui é horrível. Várias ca– sas inundam quando chove, porque a água não tem para onde escorrer. ll: quase imf>o,ssível sair de casa depois de uma chuva. O problema atinge várias famjlias da rua. Por isso, quero apro– veitar a chance para pedir à Prefeitu– ra que limpe as valas e asfalte a rua. Assim, vamos poder viver melhor", apelou Isabel. Walre Assunção Souza, 16 anos de idade, também apela à PMB para que limpe as valas e capine o mato que cresceu em vários trechos da rua. "Nós queremos que a Prefeitura melho– re isso daqui. As valas estão cheias de lixo e. o que não falta é bura~o". Quem também reclamou.-foi o mo– rador José Antônio da Silva, 45 anos de idade. "Eu tenho consciência de que o atual prefeito de Belém tem boa vonta– de em resolver os problemas da, comu– nidades mais carentes, só não admito é que os moradores aqui da rua Belém fiquem entregues à própria sorte. Por exemplo, a Celpa deveria mandar uma equipe para instalar lâmpadas nos pos– tes, porque do jeito que está é impossí– vel continuar. A noite, isso é um breu. Além disso, a rua não tem asfa lto, va– las ou esgotos. E: inacreditável. Quan– do chove, tudo fica submerso", observou José Antônio. "Plantão nos Bairros" responde "O Plantão Liberal nos Bairros" esteve, na edi– ção nº 614, no bairro da Sacramenta. Uma da~ mais graves reclamações dos moradores refere-se a segu– rança pública. As denúnr.ias dão conta de que gru– pos de pivetes costumam inva dir as ruas e residências, assaltando e espancando todos os que es– tiveram ao alcance. As proximidades da rua Nova e da Passagem B a siluação toma proporções alarman– tes. Os moradores reclamam da retirada de um PM– Box instalado na praça Eduardo Angelim e informam que, além dos assallos e agressões, as gangs de pi– vetes praticam diversos atos de vandalismo contra os prédios públicos e residências localizados no ~air– ro. Pichações de muros e fachadas, quebra de vidra– ças e destruição do patrimônio estão entre as ações devastadoras dos adolescentes. Segundo o chefe interino do Estado-Maior do Co– mando de Policiam 1to da Capital, major Roberto da Rocha Kós, o PM B ~ da praça Eduardo Angelim foi retirado para referi ias, a exemplo de outras unida– des instaladas em , iversos bairros de Belém, mas in– formou que o posto voltará á praça a partir do final de fevereiro. Disse ainda o major Kós que, no momen– to, a Pollcia somente poderá atender à comunidade através das rondas do Patam (Patrulhamento Táti– co Metropolitano), uma vez que só no final de feve– reiro haverá aumento do número de efetivos, liberados pelo Sefa~. Feira Outra reclamação dos moradores da Sacramen– ta diz respeito à feira da Senador Lemos com a Dou– tor Freitas. Há falta de higiene nos açougues do mercado e a quaJi,l.ade das mercadorias é muito bai– xa. Acreditam os CIP11unciantes que o bairro deveria ter uma feira mel:,ol' equipada, uma vez que é muito grande o número " pessoas que procuram o local pa– ra fazerem suas uimpras e há bastante dificuldade para o deslocame~•o para mercados localizados em outros bairros. O diretor ger 1 Secretaria Municipal de Eco- nomia, José RailT' 1, o Ribe.iro de Almeida, disse que até o momento a im não possui programa espe- cífico para atend área, pois há outros locais na lista de prioridad :ntretanto, o local pode ser be- neficiado dentro do programa de reformas das feiras e mercados de Belém, projeto realizado em convênio com a Fundação Banco do Brasil e ainda à espera da liberação de verbas. Almeida informou que a Se– con está fazendo levantamento de todos os logradou– ros incluídos no plano de reformas e já iniciou a distribuição dos carnês aos feirantes. Transporte Outra dificuldade apontada pelos moradores da Sacramenta é a precariedade dos serviços prestados pelas empresas de transporte coletivo, O bairro é ser– vido por duas linhas de ônibus - Sacramenta-Nazaré e Sacramenta-Reduto - que, segundo os usuários, não atendem às necessidades da população, pois se apresentam- . ·· em estado precário e demoram bas– tante para passar. O diretor do departamento de Transportes da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), Paulo Ribeiro, disse que a empresa não dis– põe de recursos jurídicos _para uma fiscalização mais efetiva. "Devido à situaçao em que se encontra, pro– blemas como a manutenção de veículos fogem ao con– trole da EMTU. Quanto à demora dos ônibus Sacramenta-Reduto, o problema deve-se à pequenez da demanda'; observou Ribeiro, informando que, para a EMTU, os horários da linha estão normais e de acor– do com a demanda, não extrapolando a média de 5 minutos (até ás 20 horas) e 30 minutos (a partiP das 21 h). Saneamento Os moradores da passagem Guarubas reclama– ram dos esgotos a céu aberto que estão incomodan– do bastante os residentes naquela artéria. Eles solicitaram a limpeza das valas e a desobstrução dos esgotos, onde acumula-se o lixo. Outra queixa refere– se às inundações que atingem a passagem Maga– lhães, ás proximidades da Doutor Freitas. Ali, denún– cias dão conta de que o lixo nas valas e esgotos ocasiona a proliferação de insetos e gera riscos para a saúde dos moradores. O secretário municipal de Saneamento, Wady Homci, disse que no último dia 29 iniciou o progra– ma de limpeza da rua, envolvendo capinaçâo e de– sobstrução de valas e esgotos. Quanto à colocaÇão de tubulação de esgoto, Homci informou que a área in– cluída no projeto do Banco lnteramericano de Desen– volvimento (BID) para ampliação e drenagem de vários setores da área metropolitana de Belém. "A Sesan - que ainda aguarda a liberação de verbas pa– ra dar início a esse projeto - acredita que, com o novo governo, brevemente os recursos deverão ser libera– dos, embora ainda não se possa fixar a data", disse . o secretário.

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