Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1951

p DE 0 EM A 5 Aind:a Sôbre D·ez- MAx MARTINS Não entenderás o meu dialéto Nem compreenderás os meus costumes· Mas ouvirei sempre as tuas canções E todas as noites procurarás meu corpo. Terei a caricia dos teus seios brancos Iremos a miude ver o mar. Muito te beijarei Poetas -Paraenses E não me amarás como estrangeiro Floriano Jayme -1- ó amadas de todas as noites Sei que vos esquecel'ei todas Vossos olhos vossos peitos casses. Nas 1Mas indiscretas e injustificadas tendências a origi– nalidade do poeta não trans1lgura o lugar comum das palav.ras usadas. mistério do univen!lo da poesia é uma dificuldade fàcilmente compreenslvel em tedo sêr pre– cárl-0. Els porque :!amais conse– guirá r econhecer o ritmo e o de– sejo absoluto apresentado por pa– lavras fáceis,. mas que se ajus- ó amadas negras e brancas Ine.ógnitas das ru·as Ionginquas Amadas franzinas De líricos portões sereis esquecídat Amadas dos quartos cheirando a água de·Colonia Vos esquecerei "Mao nos causa admixação o sirP-ples fato de sermos critica– elos. · A critica quando é f<?ita com honestiàade só pode corri– g.lr os nossos· defeitos. E por isto :Dunca desp1·ezamos as aceitáveis 1Jugestões que ela sempre no oferece. Porém sabemos que, as vezes, certas críticas são fabrlea– flas apenas para produ:zlr sim– :ples pilhêr1a eu causar impres– miio naqueles que não escondem aa preferências de suas desco– bertas. As notas do sr. .Toão Afonso .re– velam um autêntico adm.lrador e as:i-tduo leitor de dois poetas do Rio, pouco conhecldes entTe nós, e que perfeitamente JJO"dem jun– tar-Í;e a dois 9utres paraenses - um J){)eta e um;, poetisa -, tal– vez mais lidos e apreciados pelos leitores da sua est!i'.pe . Esses quatro poetas, cujos livros publi– cados me foram dados a conhe– cer na biblioteca dum• amigo, se fossem aqui citados, ldentif.icar– se-iam certamente com a perso– nal!dade erltlca e 1alvez poética do autor daquelas notas. ' tam e mostram imagens claras e precisas do Br. Baroldo Maya- · llb!o no seu poema " Enlilv<>•i· nais da poesia estão enjauladas. Não compreende e jamais com• preenderá que o poeta é a liber– dade absoluta. Tão longe, como ,;e acha , da realidadê poética jam 1s verá as novas formas da poesia Razão absoluta tem o sr . CaTloll Drummond de Andrade quando diz: "Entre multas outras incul• patões, acusa-se o poeta moder• no de manlpuiar com arbttrio in– tolerável as noções de tempo e de espaço . Assim, · parece exa– gero que Murllo Mendes escreva: • Passo três anos em êxtase õiante de tua fotografia •. A maioria das suas sugestões pa• Tecem possuldas de verdadeirog recalques. Recalques que, algu– mas vezes, retratam as suas pró– J)ria.s fraquezas, e tentam pe(llr auxilio para algo que o seu po– bre conceito poético possui fe– chando-lhe todas as portas por onde entramos. Vossos olhos Vossos peitos -III-– Ocorre-me o poema. Contudo bà a religiã A pátria, o calôr Procuro vêr na noite profunda. Quero esquecer no momento Que sou o homem de vários documentos. li'órço. Doi-me o calo de.eta "vida meu Deus 1..... Lavo as mãos. Compreendemos portanto que a beleza de t<lda <lbr:t de esplrito, nunca poderá ser totalmente al. cançada J)()r meroe aventurei• · •<ls, e que <lS rumos da nova J)()esia não são nqueles mencio– nados pelo articulista de d<l– mlngo. Queremos crer que na sua opi– nião a poesia só pode ter valor e merecer crédito se contiver as TA~smas preocupações do moder– Bisr.10 agonizante. C<lmo se vê, quando declara que certos ver- Mas tenho de pôr a gravata E salvo a moral. Abano-me. Rola o poema e o mundo. ·Ji eu mudo. Belém, 2fJ-á-5G'. -IV- • - ti<ls têm apenas um valor cir cuns- 1ancial, não deseja- acreditar, porqllf~ seus métodos se movem JJum horizonte muito estreito, que as tendências oo atual movúnen- 16 literãrlo procuram fugir da realidade comum. A11 sugestões que se podem aplicar no movl– Lendo as observai:ões feitas, re– conhecemos que os seus conhe– cimento.. se formaram em cami– nho que nunca ·o levará a eom• preender a poesia com a qual e sr. Benedito Nunes apreende em seu J)Oema "Mar• eota beleza de versos: "E stou eompondc) Jlã<l o J)eemll Ido mar Jll)rem o mar todo inteire e a 11Ua vldo já se move nos [meus olhos" Só Bém o cálice e o lápis, Deeomposto o poema, Sem amor e musica. o ~ulnh,e e a lampada, . Como acariciariam os revig-0rndos dedos ? E os rejuvenescidoe olhos Se deslumbrariam de que ? .nento que se vem pr<lceseando Ar, notas do i:r. João Afonso -pelos novos são muito d'.ferentes {que, na carta dirigida ao ~– .iaquelas que reviveriam as vi- tor cio Suplemente LlterArfo da •ões morta■ do modernismo de FOLHA DO NO.R'l'E, -à!z· •não 1922. Clara esu\, neste momento, ~r pretensões de fazer crttica•) a ra2ão -dos pontos de vista que demonstram pertencer a um ett novos empregam nos poemas, mundo ainda--Infantil. O estado 11empre abandonando as pa:klvras em ,111e se apresentam traz-nos a e os versos brilhantes tão preju- fnculdade de acree.itar que 1A M 4'1ciais em toda e qualquer ex- homens são mais, raquittC<lll que pressllo - ar11stica. O que se ob- os •poetas· Jl<ltévela." consagra– eerva nas suas notas é que ott dos pela sua razá6 Inconsciente, _____ .... recursos eitillsticos lhe são es- ·O seu ato de não entender o 1: natural que -;,;:a;-:le::m:::oa:--;:h:o:,e:;:. --------------------------.:.::.~:..::,::.._::.:__....:-...:: Abril, 949. numa literatura de crise. A fal• ta de ,l)alavra mais precisa parJ1 caracterizar e processo ela lite– ratura- atual que lllú'apassa os lii-11ites dos esquemas e das cJas- 11iíicaç()e11 pre-es&abelecidas, a õenominaçãe de crise pelo menos ,ierve para traduzir a nessa pró– pria. perplexldade, que é um sen– timento v1:.:·nh0 de de imJ)<ltfn– eia, :rdletlntlo a incapacidade do crítico para controlar as mani– festaç<les mulüformes do fenõ-– :méno Jiterãrio atual dentro tle conceitos simples e de fórmulas ,objetivas. Uma obra de arte traz eonsigo urn mundo jnteh·amente novo que· ao intérprete eumpre ordenar, sem ter o direito de im– por-lhe a sua visilo peculiar das e<>lsas. A relação simples, entre sujeito e objeto, que e~tá na base e t odo o conhecimento humano aqui alterada, com a prepon– tlerãncia do objeto, no ea~o, a obra de arte, que é conheclda mais em função dela mesma do 11ue em funçõo de sujeito que "!O• ~h~e. . O êrro de Benda, ao lançar a sua condenação sôbre as últimas décadas da literatura francesa, íoi a de não reconhecer que a criação artística enfeixa uma série de -exigências e de formu– laçGei; :Inéditas, que não é possi– v el compreender tentando entro– zar o seu ritmo com o das nos– sas convicções. O autor de •La F rance Byzantineª, serve como exemplo do critico que nega à obra de a1-te a posse de uma 11- berélade uiterna, que é a vida autônoma de que gozam as cria– ç s do esplrito, Querer jungir a <>bra de arte a uma idéia pre– f"encéblda ou querer por força ligá-la a uma inclJnação dete.r– mmada do pensamento, - como () intelectualismo, com o qual, eegvndo Benda, a literatura fran– cesa contemporânea teria rompi– d<> - é empobrecer o !lentido da arte, considerá-la apenas o pro– duto éla inteligência, que se in– sere na erdem objetiva sem outra 5ieniflcação além da de ser o prolongamento do racioclllio nas r egiões da fantasia e da éxp1·es– .siio dos sentimentos humanos. A atitude de Benda é uma atitude comumente adotada hoje em face de toda a literatura contempor ã- 1101. Ela traduz a perplexidade qu i;e apodera do analista ao constatar a existência e o desen– VQlvlmento de uma literatura que p de a ação dj! conteúdos esplri- uais mais completos para ser dnterpretada. A obra de Kafka, po, exemplo, ê descensertante. A prlmelra observa ão que sabe– mos fazer em torno dela é que se trata "de um conjunto de enigmas tD16 de uma criação onde a aven- C_on s ide \ura do inconc'lente é a nota PH· domjnante. Seria absurdo nerar o seu valor artlstlco; flltão diz– se que ela é uma obra diffcil, porque a 1·ealidade que tradus é confusa e não se adapta à noção habitual que temos das eeisas. A dificuldade ai não está tanto na obra de Kafka como em nós mes– mos. Para Interpretá-la, devenw, pesquisar o verdadeiro elgnilica– do dessa realidade e:xtraordlnárla e não rejeitar a criação do artis• ta pelo sbnples motivo de não podermos compreendê-la à luz das idéias que possuimos. O que é necessário para o intérprete é que ele saiba servi!' à <lbra de arte, procurando descobrir <> seu verdadeiro sentido - enfim a vida intima de que é dotada, mesmo que essa vida escape à nossa compreensão. Falar por– tanto em crise da literatul'a atual nãe exprime que as suas energias estejam ameaçadas. de esgota– mento, nem que essa literatura seja apenas uma tentativa estr~m– dosa, mas llmltada fatalm~nte pelo carater de experiência que seria peculiar à indecisão de seus passos. A crise é menos da lite– ratura do que da nossa impo– tência para sair da perplexidade em que nos achamos, diante de manifestações arUsticas que nos parecem desconsertantes, na pin– tura, na escultura, na música, na poesia, no romance, em cujos domínios mencionámos o caso de Kalka . Todas essas considerações vie.. raro.a propósito do aparecimento de um :romance publicado em 1947, dols anos. depois da teni– vel Guerra .Mundial. Trata-se de " A Peste•, de Albert Camus, que escapa àquela categoria de emer– gência da literatura diífc!l e que mia e11tabelecer uma eoluçllo <le Benedito Nunes UOÃO AFONSO) oontinuldade »a famosa crise da vida literária eentemporânea, se ela de facto e.óstlsse. Se a con– fusão lançada pelo aparecilllento das novielas de Kafka leva à con– vicção de que, particularmente, o romance atravessa uma situa– ção critica e perigosa, desv1ando– se da realidade comum para ex– -plorações que ultrapassam a ca– pacidade normal de compreensão, essa crise estaria vencida pelo menos dentro da obra prima de Camus. Podemos dizer que • A Peste• possui Unbas de traçado clássico, que assinalam para a sua vida a dur ação eterna das grandes criações do espírito. :t um romance do nosso tempo e a sua atualidade consiste em re– fletir certas atitudes do pensa• mento que são peculiares à épo– ca em que vivemos; as Idéias que encerra são, de cerlo modo, o produto das contingências r;ob cujo domhlio se processa a vida atual . A história que relata é, em parte, a aventura espiritual do homem contemporâneo que necessita descobrir o sentido de sua existência, que acontecimen– tos exter iores têm conturbado. :t esse homem para quem a cultura se tornou uma -carga bastante pesada e que o escravlsa em vez de llbet·tá-lo. Sómente ·a cultura não pode fornecer-lhe meios para sair do cáos. Na eua luta contra a Peste, a ciência é impotente para debelar o mal que invade as cidades onde habita e os co• rações multo mais do que os cor– pos. E essa Peste dominadora, que é a i;ua Incapacidade para o bem, a figuração objetiva do mal na nature:z.a humana, coloca o ser defronte da realidade miste– riosa de uma existência que ele não está em condições de contro– lar, domh ando-a pela vontade 111 subjugandH pelo ente.tli'Hmell\o, Mas, se "A Peste" é o reflexo das condiçõe11 peculiares da vid-a contemporAnea, . ge ela é apenas a notação de estados psicol6gi– cos que integram a personalida4e do Individuo humano do nosso tempo, não está destinada a du– rar senão enquanto se fizer sen– tir e predomínio dessas coneii:~ provisórias. Assim, poder-se-hl duvidar acerca da solidez ~esse romance que, feito .para traduzir um estado passageiro da cons– ciência humana, morreria com a superação das dificuldades atuais interessando só até quando elas persistirem . Sucede, porém, que o autor não se limita a registar os dados provlsórlos que o mun– do exterior sugere à sua obser– vação; i!sse registro nllo tem llm valor imediato; através dele Ca– mus consegue fixar certas atitu– des permanentes do espfrlto hu– mano em face de problemas que acompanha1·ão o homem enqumi• to durar a aventura terrena para que foi crla<Jo. O romance de Camus, • A Pes– te•, tem uma ordem necessã:da, Interna, uma lel profunda regen– do a· conexão das idéias. :f: as– sim, como tôda autêntica obra de ficção, um mundo próprio, com a sua realidade material e objetiva que estã concentrada nos elementos descritivos da cidade de Oran, num ano qualquer· de– pois de 1940; com os seus sêrea humanos, que se esforçam por atinar com uma .solução para os seus destinos, o dr. Rleux, Tar– rou, Cotta:rd, .Joseph Grand, o pa– dre Paneloux e Rambert . De que modo esses sêres defro11tam eom o problema da exlstência? Qual íol o processo hnaginatlvo utili– zado pelo es~ritor para dar vin.a aos .seus personagens e au·avés do "Furtiva imagem arfante de auror• qual•rafo de lirio ou nervo de lua Pressinto: virás :Meus sangues pejados são rios violent<>s Meus dedos são impetol, cruel o meu elho Gelado e dementti , Pressinto: virás São sonhos gel'ado1 no visgo de atritos :Pressinto. 1 São cortes deléveis Impuros de frutos. Sã«> rastres no tempe de ventos titans São turvos impolalll<I. Presslllto: virãs Ai; ,suas falhas, quando confes– J!ª as naturais dificuldades que Jlle causam tropeços diante de um verso que, por certo, nllo . pode adaptar-se no seu ato de compreender, muito bem de– menstram o seu alheamento em relação a .certos caracteres prl• mordials de toda _poesia criada e tirada de seu próprio autor . A ,sua visão metafisica, se é que Tome-se ainda, como exemplo, possui, não lhe permite pe1·cor• a sua 1naneira vulgar tentando rer sequer por um segundo. a abrir a fonte de origem ~nde o fisl~nomia da poesia combatida poeta achou o seu tema, mas em suas notas. que se acha encoberta nos ele- Desejamos dar por terminado mentas poéticos que dispõe, sem o que· poderia revelar a respeito familiarizar-se no intimo daque- do autor daquelas notas, mas, no les ·que se inclinam em temas fá- entanto, afirmamos que respon.– eeis. Jeremos a todas as criticas que I)Q principio ao fim das suas demonstrem · as mesmas ln_sipi– infellies notas, obse-nramee que das tendências do sr• 1 ão J>al'a ele ai forças •upra-r acio- -Afonso. _ --;;cessé1·io que o homem fique 41ua1 lle aesenhOO a ação àc> ro– mance? Não podemes deixar de considerá-lo come um romance realista, i: r«;alista J)<lrQUe a rea– lidade que descreve nilo parece ser outTa senão a que nos en– volve a todos, com à unica> di– ferença de que está marcada -J)Or um acontecimento excep.cional, a peste bubônica, que assal\a uma cidade tranquila u simples prefei• tura francesa na costa argellil• na~. Mas, por outro lado - e ê af que o romance adquire a sua vida própria· - essa realidade descrita que s.e identifica com a Elo cotidiano, é uma realidade que– está na dependência de outra, que a penetra !n_tei:ra e profun– damer:.te, encontrando-se repre– sentada naquel• acontecimento e:at:raord!nário. • A Peste• é só a c:rôLica de uma epidemia, como poderia parecer a princi– pio; peste aqui é um slmbolo, na medida em que traduz úma visão da realidade da vida, sub– metida aos imperativos e 11s exi• gências de uma outra realidade, que transcende à habitual e que não podemos compreender. Fol portanto com a interferência dessa situação objetiva criada pela peste. pi·ecedendo com o au– idlio de elementO!l ceesslvels ao entendimento, que Camus conse– guiu, sem renunciar à objetivi– dade própria do novelesco, trans– mitir artisticamente o seu pen– samento e sua visão das coisas , O que ele constata primeiramen– te, é que o homem está subjuga- . do por um poder estra»bo, in– compatfvel com a segurança e a facilidade com que se desenvolve a vida no J)lano do quotidiano , :tsse poder está incessantemente presente, sem que nós o perceba– mos P:,ra a vtsão do mundo que o escritor necessita e iJ)rimlr é · face a face com as situações ex- tremas de sua existência . E é e .iespotismo da peste que pe mite o conlronto, arrancando o sêr bumano da sua vida comum , do hábito, da segurança que lbe dá o normal funcionamento dos ins• tintos, da atividade a · que se de– dica na sua qualldade de mem– bro de um agrupamento humano. de pessoa, dotada de direitos e obrigada ao cumprimento de de• veFes certos. A • A Peste• é a própria hls• t6ria do homem que, de repente, se vê destituído da r;ua lib,erdade e, adquire consciência do mis• térlo de sua existência, por um aeontecimento estranho ,. sua vontade. ~ a verdadeira ordem da vida que se levanta diante flêle, a 01·dem que o envolve e da qual não pode libertar-se. Vejamos agora qualll os proble– mas que se apresentam ao ho– mem quando a peste lhe revela a verdadeira face do seu destino e coloca-o nessa situação limite em que é preciso encontrar um .,sentido para a vida e para si mesmo, sob pena de cair vitima do desespêro e da loucura que leva ao suicidlo. O problema fun– damental para Camus é a liber– dade de viver. Quando Camus afirma em seu ensaio, "Le mythe de Sls;yphe", que o único proble– ma verdadeiramente sério da fi– losofia é o sulcidio e que o majs importante para o homem é sa• ber se a vida vale ou não a pena de ser vivida, estava atacando indiretamente o problema da 1 berdade. Possulmos a · _ oe– termlnação dos nossos atos. O homem que chega à conclusão d que a existência lhe é hostil. ne– ga-se a admitir essa realidade brutal. Poderia dela escapar, pelo suiciplo, que seria assim a última e decisiva afirma~ão da liberdade humana, como per.sa– va um dos personagens de De9- tolevesk~, no ~ Os Poss~ssos •. Mas a liberdade recusa-se a acei– tar a ordem diabólica do pensa– mento : o ato final não é execu– tado. Que é, pois. o sentimento da liberdade, que no~ liga t- o fortemente à vida pela reslg,,ação e pela lndlferenca , em vez de agir contra a vida, libertando-nos dela? P ara Camus o livre arbl• trio não é refutado nem acelro: e uma perpétua discussão. . O tfpo que o escritor criou na sua admirável novela, "L'Eltran• ger•, é um ser humano capricho-– so, perigosamente livre. Toda• as suas atitudes parecem revelar uma poderosa vontade, que orien– ta os atos que pratica . Mas. aos poucos, essa vontade vai · srndo minada pelas lnOuências e;: er:o• CONTINUA NA 2a. PAG.

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