Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1950
!J- ' D.fmingo, 5 de Mar,;0;,;cfe 1950 3a , plig.f, l ~ ( . GARRICK NO PA;PEL ·DE' HAMLET (Georg, Christoph Lichten– berg é · famoso como aforista; mas va.muem foi extraordiná– ria suá arte de prosa.dor em retratar atores. Esteve em Londres,. em 1775, assistindo a muita,s representações teatrais em que apareceu no palco o grande David Garrick. Até ho– Je 'é G~rrfok, 1'717-1719. consi– derado como a inaior figura da historia teatral inglesa; mas s-a.beriamos pouco de _sua arte, perecivel como a de todo ator, se não fossem conserva– -das as vivíssimas cartas que Liclitenberg escreveu de Lon– dres ao seu amigo Boie) . frio. O relógio dá os doze gol– pes da meia-noite. O palco está escuro; a platéia inteira imobilizada. como se fosse gen– te pintada num mural. Quan– do Hamlet se afasta um pouco para a esquerda, virando as costas ao público, de repente Horatio estremece: - ali, ali ele vem, diz Horatio, fazendo · um sinal para o lado direito (Visto por LICHTENBERG) par:alisado. Os túmulos que- se lbriram, horrores inéditos perturbaram-lhe a alma. En– fim, ele se refaz; a emoção dolorosa cede a palavras de meditação que deveria prepa– rar a. ação. Shakespeare fez tudo para que aquelas pala– vras revelassem ·o tumulto na alma de Hamlet. Garrick faz tudo, pelos gestos que as acom– panham,. para que o especta– dor lhes note a gravidade . Mas ai, um verso me desagra– dou · muito. Fazendo a obser– vação ·flsionomica - "That one may smile and smile, and be a Villain" - Garrick tam– bem.. sorriu, como se fizesse .imitar aquele que está sempre · sorrindo e é no entanto um cr-iminoso . Notei isso; e a ilu– são poética desapareceu. "A– .cordei ", por assim dizer . Hamlet. E dest,a vez o ator primunciou aquele verso de maneira diferente, seria, co– no se fosse importante oo • servação cientifica. Agora, o fato daquele sorriso do crimi– noso lhe •parecia tão impor– tante e ao mesmo tempo tão horrível que o seu proprio sor – riso não surgiu mais. Não sei por que G;urick sorriu naq1.1ela outra repr esentação. Talivez · palavras tão suaves como "smile aLid smile" tenham produzido;. contra ,a vontade do ator, ·a convulsão corres- , pondent,e. 'dos lábios. Mas tal– vez fosse antes uma especie de experimento do que -um lapso. . Em todo cas·o, Ga.Fl'ick não é · um automato que se repete sempre . E não se! se devo de– fertder sua arte às despesas , da sua. intelig~ 1cia ou vice- ' versa. ' onde o espectro já se encon– tra, imovel; acompanhando os movimentos àe Hamlet, não lhe tinhamos notado a presen– .ça . Garrick volta-se imedia– tamente, mas os joelhos não lhe obedeoem, recua dois ou três passos, o chapéu cai no chão. estende os dois braços, sobretudo o esquerdo, a mão na altura da cabeça, o braço direito antes caindo, com os dedos estendidos, a boca li– geiramente aberta. Assim, fi– ca imobilizado: Os amigos a– poiam-no,: receando que caís– se. A cará exprime, antes àe ele '. começar a falar. ·um pavor tão grande que senti um ca– lafrio · na espinha do,·sal; con– tribu~u para isso, sem dúvida, o silencio angustioso da pla– téia. Enfim, Garrick faia. não começando mas terminando a respiração: . "Angels and mi– nisters of grace defend usl" se 'lê o movimento dos laJ;>ios que se fecham logo depois - Hamblet domina-se virilmen– le . Af Garrick dá o que Shakespeare não escreveu. No fim do monólogo · a. indigna– ção parece mais forte do. que a emoção: as palavras caem como golpes . o braço direito, acompanhando esse movimen– t-0 interior, faz gestos cada vez mais violentõs, mas no .auge dessa excitação física ' a voz falha novamente sufocalda pe– las lagri~as. O efeito foi ir- da de lÚto; mas jã começou a fingir-se louco. Os cabelos fi– cam-lhe soltos, as meias cai– ram sobre os sapatos. Assim ele sai dos bastidores, lenta– mente, absorto na meditação: · a mão direita apoia o queixo, o braço esquerdo apoia o cotn– velo do direito. os olhos fitam o chão. Depois, afasta a mão do queixo, mas - se me lem– bro bem - continuando a a– poiar um braço no outro, co– meça a falar: "To be or not to be .. . ", com voz muito bai– xa. Mas o silêncio no teatro é . tão profundo que Garrick pode ser ouvido· em toda ,par– te ... Agora, meu caro amigo, gostaria de descrever algumas das cenas magistrais de Gar– rick. p. ex., no papel de Haro– •let quando lhe aparece o es– pectro. • \+ 1 , resistivel. Só uma vez ouvi Garrick pronunciar as palavras de Shakespeare de uma maneira que não me agradou. Depois Pouco tempo depois, vi Gar– rick .nov:a_mente no papel de- )lamlet · li.parece no palco, v-~stido,.. de preto; é a unica 1:>essoa nà côrte que a.ijlda .an– dlt de luto pelo rei, seu pai, Que morreu há poucos meses. A,companham-no Horatio e Marcellus, fardados. Esperam o espectro. Hamlet está cal– mo, o chapéu na cabeça. Faz O famoso monólogo "To be or not to be .. . " não é capaz de impressionar assim. No en– tanto, é mais do que uma sé– rie de raciocínios sobre a mor– te e o s11iciqio. A platéia toda o sabe de cor como o Padre Nosso; e o ator tem de pro-, nunciá-lo com uma solenida– de que só é capaz de · com– preender quem conhece a In– glaterra. Hamlet apar ece, ain- . do encontro com º espectro. s· T o· I Garhck continua .imóvel, , an- ·.·. T::,:· ·._·.. ·_.··.;o ..·. . ·. L. :' . . tes de iniciar o pri eiro .mo nólogo·. ;Está ·. comovido. até • • I ·UM. JORNAL Ess oucas palavras comple- tam cena muda, uma das ESQUEMA. ••• (Conclusão da 1. ª pág.) :.:_. dizia Lenine, que tão bem as anotou - ·compreende-se perfei– tamente que Tolstoi não pôde m• ·te:rpretar nem o movimento ope· :..ário e seu papel na lutJ pelo .;ocialismo,· nem a revoluçao rus ~ente, ~le ·primava pelo se~ acln– toso. reacionat·ismo. Depois de um certo tempo, tornou-se tzarn,- , t,i nJcionaiista em extremo e at– d,;roso deCensor da Igreja ortod<>· xa. Tolstoi, que admirava o s<,u · gêl}to. tinha pelo homem uma ,a– vellcfvel repugnância moral. NJo . . ma ríveis que se conhece no a co . - O espectro lhe faz sitiais. Os amigos não que– rem deixá-lo. Garrick fa.la aos amigos, de voz baixa, os olhos sempre pregados no espectro. Enfim Hamlet consegue liber– ·(conclusão da 2a. páginaJ uTERÃRIO .(ConCÃUsáo da ultima 'página) guiçosos: ,pois uni jornal de~ses C uma tentação danada pllra qual– quer literato, seja qual f0r a sua clailse: Aquilo, apesar de todos os pessimismos, apesan da vida curta ou comprida que tenha, C uma espécie- de monumento do nosso oficio, - cada revista re– gistrando um deterinfuado perio, do da nossa hlstória llterárl11, - e quen,. desdenha de flmcionar :nas listas oficiais do seu período ·para fins de história ? Quem foi da turma do Boletim de Ariel ? E das Novidades Lite– rárlas ? E. da Revista do Brasil ? E de Leitura ? E de Dom Cas• ir.urro ? Agora tem a turma de "Jornal das Letras•, que somos nós todos, ,- assim é bom que a prestigiemos e sejamos os pri- ,oura de modo a torná-los tão >rósperos e g1·andlosos. como 1a grande república norte– ,mericana·•. tar-se, com um gesto violento, ' Perpetrava propositadamen– dos braços amigos. Com rapi- te um en-o na apresentação dez que inspira susto, tira a fo problema . Procurava não espada . . "Go on, l'U ·follow list!..nguif suficientemente o thee ", diz ao espectro que se · mperialíl;mo político do lm– afasta -lentamente . · Hamlet 1eriRlismo econômico . Pensa– conUnua. imobilizado, a espa- tia jogar a poeira dourada dos da na mao; quando o espectro dólares americanos nos olhos já desapareceu, come a a mo- :los jornalistas -tupinambás. ver-se na mesma direção, de– vagar. parando por um instan– te, os olhos hirt<;>s, os cabelos em desordem, a respiração perturbada; enfim desaparece nos bastidores e na platéia repentam as palmas . no Rio de Janeiro, capitão de ·· sa: Mas estas contradições nas fragata da Marinha de Guer- concepções e dout~inas _de Tolst?1 não são acindentalS. Sao _expres• ra Norte-Americana, mister são das contradiéões da vida rus– Glenn Howell . ·sa-durante o. último terço do .;e– Esse cavalheiro - informa– nos o historiados militar pa– raense Marcos dos Santos - mostrava-se muito entusias– mado com o feito da tropa comandada pelo capiãto Assis de Vascncelos, feito que con– siderava - como ntnguem po– deria deixar de. considerar - de ~·ara. coragem. Que faria aquele entusias– mado (não acham que dema– siadamente entusiasmado ?) capitão norte-americano por a.quj, àauelas alturas ? Acaso ? Coincidência ? Outros fatos mostram que não era por acaso. que não se tratou de coincidência. cuio XIX . A aldeia patriarca1, mal liberta da escravidão, foi li– teralmente entregue à violência e à pilhagem do ·capital e da co• roa . A velha base da economia e da vida agrária, base que ~,: manteve, realmente, durante se– culos desmoronou com inespera• da ra'pidez. E as contradições no~ conceitos de Tolstoi devem ser consideradas, não do ponto de vista do movimento operário e do socialismo moderno (seme• lhante avaliação é naturalmente essencial, mas não é suficiente), e ·sim do ponto de vista do pro– t~to que se elevou da aldeia patriaocal contra o ataque do ca– pitalismo, coutra a rufna da~ massas e a expropriação de suas terras. . . Tolstoi refletiu o õdio acumulado, a aspiração madura para uma vida melhor, o desejo de abandonar o passado e, ao mesmo tempo, o es11lrlto contem– plativo, a inexperiência polltica e a frouxidão revolucionária das al– deias". · o conheceu pessoalmente, mas chorou ao ter notfcia de sua mor– te. Entretahto, dizla, nesta m':.s– ma ocasião que Dostoiewsky n<1() podia ser colocado "sobre um pe desta! como exemplo para a pos- ~ teridade". . o interessante é que havia, em oostoiewsky, uma visível contra– dição entre o homem e a obra . A mesma contradição. aliás, .:tue vamos encontrar em Balzac, como Engels salientou. Oostoie• wsky, apesar de seu reacionaris• mo escreveu uma obra profun• da~ente revolucionária, talvez contra a própria vontade, sempre ligada a de Tolstoi e de Gorki. Tolstoi e Qorki, por outro lado, se conheceram e se estimaram. Estimaram juntos e viram, cer– tamente, que tanto a obra de ur11 quanto a do outro refletiam os sentimentos do povo e tinham a mesma finalidade. Ambos se pu• nham, por motivos diversos, mas conscientemente, na vangqarda do pensamento revolucionário de sua época . As classi:s dominantes do Brasil no Rio Grande do Sul ~ que dirigiram a Revolução vitoriosa •em 30 . Diflcllmente se poderia Imagi– nar o que 'Tolstoi teria pensado se • viesse um dia a conhecer a cé- , meiros a lhe proclamar 08 méri– tos, .- porque, não se iludam, afll igos, ali está se registrando .um po).lco da nossa passagem por este mundo de escribas. E se nós não çuidarmós de nós próprios, -~ão se~ão os ·outros que irão cul• dar da · tente . . . 1 J No monólogo "O that this too, too solid flesh would melt . . . " intr.oduz Garrick al– gumas das pequenas equações (para servir-me da liguagE!m dos astrônomos} que caracte– ·rizam um individuo. As lágriê mas da dor e as da indignação dominam o ator. Do veTso "So exceUent a. King ... " per– d~-se oompletamente o fim; só Rómancistà:s A pemitração norte-ameri– cana no Brasil também se pretendeu fazer através de seus cientistas, aliás à manei– ·ra Inglesa, à boa maneira In– glesa. Em 18'15 surdiu-nos a "Comissão Geológica do Im– pério do Brasil" composta uni– camente · de cientistas norte– americanos, espécie do atual e famigerado "Instituto da Hi– léia Amazônicíl" <um . pouquJ– nhÔ menos mascarado). mas. Comissão que durou apenas dois anos . ooi~ .foi disol– vida em ' 1877. Pôr que ? O . C ientista norte~amet'icano As véspei;as da Revolucij.o de 30 o Rio Gnmde- do- Sul Branner. membro da entidade, recebeu um vultoso emt)résti– declarará em 19.16, aue ~ua mo da América do Norte. No dissolução se realizara por ri- · Rio Grande do Sul encontram– t1vos ignorados, porém, P 0 lf: se' os poderosos grupos finan– vavelm1:,nte de natur~za P . ceiros norte-americanos de tica . Nao é preciso dizer mais Armour e Swift nada. Acrescente-se apenas Tolstoi, de fato , refl~t~, em lebre carta escrita a Tchl!khof grande parte, as contracliçoes _da por um homem da admirãvel sa– Rússla de seu tempo; reflete ,•.so- gacidade e perspicâcla de Gorki bretudo, as idéiaa e os ~áb,toa que acabara de •conversar larga– que surgiram entre milho~s de mente com ele. camponeses em consequêi:ici~ da Teria Gorki realmente surpreen– revolução burguesa-agrária ::iue dido o que se passava no Intimo se vinha processa nd o. de Tolstoi ? Teria descoberto os É certo que Lenine sempre seus pensamentos mais se~retos 1 zombou do "tolstoismo"· julgan- Tolstoi diria que Gorki se er.– do-o incompatível com a ~deolo- ganara redondamente ao falar de gia e a ação dos bolcheviques. seu ateísmo. Todavia o • crislia– Entretanto, relembra nd o alguma& nismo• de Tolstoi é bem difere11- páginas da Guerra • Paz,. ª epo- te do cristianismo que, geral– ntia de um povo, que t~o bem mente, lhe atribuem. Imaginara retrata a Rússia do século XIX, um cristianismo sem misticismo, sobret.udo a tenaz e horólca Ee- sem pompa, sem ganância, ou sistêncla que opôs a Napoleao, melhor, um regresso à sua pure– teve Lenine, numa pale6tra parti• za' primitiva, o que não passava aue· é o próorio Branner · auem estr.aima o fato de Orvile Der– bi. aliás um dos ·membros da tal Comissão, depoi~ de ter sido ~eologo de São Paulo, • por dez anos, não haver pu– blicado quase nada sobre a geologia do 1?rande Esla~o bandeirante . Branner teria Inclusive perguntado. não sem (Conclusão da .1.• pág.) ~erto azedume, uma vez a Der- . ·· bv onde estavam os resulta- :Dane; de. infiltrante arte su- jain menos ~lgrúficativos do dos de seu trabalho e ele res– gestiva; · ·Katherine Mansfield que _os .sentimentos, tenham pondeu aotmtando oara a ~ esta ·contista - que conse- co_ntnbmdo para. d~r ao ro- . pr-óoria cabeça. E' digna de guiu ti:aduzir o ln?izivel, cap- mance de sua terra o ambl- registo ainda a seguinte in~l– tar o mau.d1vel, f1xa.r o 1µ,yl-. e11te .que ~ distingue, feito de nuação ,de Branner: - •~A atvel; Ro~a.mond ~hmann, de . compreensao. Intuitiva, de es- história das suas lutas para q1;1em se pode dizer que, fun- tranha solidariedade entre conservar O trabalho cient.ífi– dindo realidade e _poesia, pro- . pe~soas e. objetos, sensaçõ~ e · co, que lhe fôra confiado. fora .va o conceito de outra. ingle- · paisagens . . · dá política. e para torná-lo ,s~. esta poetisa, Ehsabeth f ' , t • é nov;dade" B!l,rreft, segundo o _qual "n_a.- .. . A art~ de construir cenas e e. ic,en ~- nao - · ture is su.P,ernatural "; Elisa~ ·· tipos com o lento acumular de O ~erto é aue orvillê Derb:v beth :ijowen, tão séria no pen- breves Indicações, de pormeno- se _snicidou inexolicavelmente sarnento oomo delicada na for- res quase imperceptlveis, tão no Hotel dos Estrangeiros no ma; Dorothy Richardson, há- do gosto dos at_uais romancis- Rio em 1915 ,· outro membro bH em captar. todas a.s •fugl- tas Ingleses - homens e mu- da c. o. r. B . : seu organi– dlas imoressões e emqções de lheres. -, a. aparente falta de zãdór. 0 riorte-Pmericano Car– que o.n ·t.a,-Q ~ ,,;ai; ciuotldia- plano das suas narrativas ca- los Frederico Hart morrer de n;i. prlchosas, entrando a todo desgosto, anos antes. em 1877. TOLta-::; estas escritoi;as, dl- m9mento por atalhos impre- exatamente ao ser dissolvida v~rsas de valor e de 'índole, vistos, tudo Isso tem alguma a famosa Comrssáo, conforme passuem um traço comum - · coisa de feminino. um jeito nos informa O mesmo Bran– a , feminilidade. Irmana-as, de conversa ao pé do lume, ner. Ambos. Hartt e Derl;lJ com a parcial exceção de Vir- com a xfcara de chá na mão, estiveram duas vezes. entre ginia Wpolf, que participou a ver, através das vidraças nós, percorrendo O vale ama– algumas vezes do seu louva- descidas, os panoramas irreais zõnico, estipendiados pt-lo co– dq androginismo, es~e instin- que o nevoeiro vai criando lá. ronel norte-ame-\' ica.no E. B . :· to profundo ·da realidade, es- fora; de conversa de quem Morgam de Aurora, Nova. se.. horror à abstração, que, tem tempo a perder, de con- Iorque ' CQ.rrigldos uela predominância versa de mulher. Esse quê de · · Anote a!nda o leitor aue em 1931, vitorioioa a chamada. Re– volucão de 30, r.ompareceu ao Brasih o sr. Oto •Niemaver. vice-diretor do Banco da .In– glaterra, como chefe de uma missll.o . · O "The London ';l'imes" da cular . com Mãximo Gorki, 0 en• d~ uma utopia reacionária . Inglater.ra apl' ess.ou- s~ então ~ejo de dizer: :1 · N 'emayer era ~ "Que bloco I Que homem rn- rio encontro de Gorki com Tols, ' a an_unc1ar que 1 tegrall um grande artista I Sal>e co.nvidado do governo brasl- 0 nue mais admir· 0 nele 1 A .voz toi ficaram uma fotografia hlsto- 1 t t ·• rlca e o depoimento eacrlto a " e!rO, que con ra 11.~a seus ~er- _ do. IJlUjique.. o. pensamento do que acima aludimos. Gorki sen• viços de conselheiro téC!J.ICO . mµjique. Verdadeiramente, nele tlu-se envaidecido da · humanida• Mas o Jornal norte-arner1c.ano • existe. um mujlquel" de em geral por ter visto um hO• "New-York Times" çlesmen- Quem não compreende eSlas me,n como Tolstoi. Discordou de t!u. lncontinentP ·"- notícia. de- palavras, jamal~ poderã i .com· seus pontos de vista. mas ficou clarando que Niema:ver .fora preender a obra de TolS t o · seu deslumbrado ·com sua com1ersa– enviado ao Brasil parâ sa.lva- aspecto •g_eral e suas caracteêrls_U,. ção. Mas de tudo Isso, o :nala ' d d I d cás part1cularee; sua ess neta. importante é que procurou desco- l?Uar a . os nteresses os suas Intenções, seu estilo, sua ga. brir, como psicólogo, através da Rottsch1ldes.. leria de tipos, suas paisagens, aparência, muitas vezes engana– suas perspectivas . Como em Sha- dora, o que existia guardado kespeare devemos ver em Tols• ocultamente 110 fuAdo daquele es• tol uma •força da nafüréza. 1;:ra pfrito genial. E a hipótese da Que significava túdo Isso? Era preciso que a cousa fo~– se muito clara, muito grossa, o choque multo grande, os in– teresses muito fortes ·para que ·um jornal norte-ámer!ca~ nô, ainda que da oposição. !\e atrevesi:.e a. veicular. nado. di– plomaticamente, uma notícia dessas! Anote ainda também o lei– tor que a. quando da Conces– são Ford, em 1927, o ,:repre– sentante consular da Ingla,– terra .em Belém foi o primei– ro · a pedir à Diretoria de Obras Públicas uma certidão autêntica do cont.rato, aue lhe foi lncontin enti forne<'lda.. · a ·voz da te,ra. ateísmo de Tolstoi é uma · hlpô- Nada mais justo do que assina- tese realmente ponderável. lar-se em Tolstoi o Idealista que Quando um ministro da Rússia dos elementos emociona.is , e a- feminino, numa literatura tão Em 1925 seria exatamente liados ao dom de sentir as rica e potente, permite supõr um Edwln Morgan que se ln- Desencadeou-se então a minúcias, de adivinhar o que que as romancistas exerceram teressaria junto ao governo ofensiva contra a Concessão . · pr.egou romanticamente uma dou• imperial aconselhou severas me– trina sedutora de amor, de re- . Jldas contra Tolstoi e sua obra, núncla e de perdão, na base da o Tzar .recusou-se a executá-las . crença em Deus, à semelhança Nicolau n chegou a perceber que de Gandhi. Mas hã qualquer COI• a ·. fraternal Ideologia de Tolstoi sa · de falso e mesmo de teatral era também um Instrumento do na •atitude" doutrinária de Tolll- qual se poderia utilizar em seu tol. Gorki, que pessoalmente o próprio proveito, pois amortecia, conheceu, fez a seguinte revela• no selo do povo, o ódio contra o ção numa carta a Tchekhov1 regime, e o desviava parà u,na "Sempre duvidei de que fosse 9titude platônica . Na realidade, um ateu, ainda que o sentisse a tendência tolstofsta foi multo Instintivamente, mas a_gora, que prejucllclal à ação revolucionária, eu o ouvi falar em Crtsto e qu~ na Rússia de 1905. Tolstoi, aliás, vi os seus olhos - por demais foi mais o •retratista• de uma Inteligentes para um homem pro- época do que prõpriamente o seu fundamente crente - estou segu- •intérprete". Guerra e Paz, Ana ro de que é, com efeito, um ateu, . Karenlne, Ressurreição e Sona mas um ateu convicto• . ta de Kreutzer, suas .obras prin- não se diz, de conferir valor de fato alguma influência, Bernardes pela concessão a às coisas mlnimas, represen- contribuindo para o abranda- Ford : t(m algumas das constantes · mento, o tom a um tempo da natureza feminina.. mais leve e mais penetrante, Ima~mo que essas ingles- a mistura de quotidianismo e sas. 11 ¼antes de historias onde drama, a poetização da vida haja uma ponta. de misté- diária., que estão entre as rio, ·onde a palavra sinuosa maiores e mais ear,cteristlcas dei-xe mãrgem a dúvidas e ln~ .qualidades da atuá! · ficção na terpteta,ções, onde <is fatos· se- Inglaterra.. . Em julho de 1924. quando rebentou a que nós chamamos R'evoltlção de 24, em Belém, encontrava-se hospedadó no ~méfclo. 11 Indústria e . a· la– ·qi:ànde Hotêl .o·• 1id'ldo naval- t. iemba.lxada norte:.amerlcana E o senadqr Sousa Castro, que não requerera certidão nenhuma do contrato, e, por presunção, lhe desconhecia os termos, atirou-se ·furiosamente contra o mesmo, declarando desconhecê-lo, mas o ; ane.ll– se.ndo nos seus prin_cipais pon– tos . Há, de certo. uma afinidade ln- clpais, valem mais pelo que des• telectual, bastante significativa, orevem do · que pelas teses que entre Tolstoi e. Gorki. Ambos se 9presentam. Els um ponto de dispuseram, em seu tempo, a IU• contacto entre Tolstõl e Zola. tar contra a ordem vigente, co1o• ranto em Zola como em Tolstol, cando-se fielmente a serviço das ~ poeta é m~lnr elo que o pensa· aspirações revolucionárias das jor. . grandes massas da cidade e do Sonhador de certo . Mas Tolstoi campo . ! de uma grandeza ·extraordinâ- Já Dostojewsky deve ser colo- ria quan.do põe o seu gênio nãQ r ,,i., num luga_r diferente do de a serviço das class s rlominanta.( .,..~ - ,'. 0 ' ~ i<- G'>rki Tndivldual- e.· cún, da humanidade. ·
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